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A administraçom nom é capaz de abordar os problemas ambientais que enfrentamos”

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Fernando Bandín, do pa­dro­ado da fun­da­çom Fragas do Mandeo | aa­rón l. rivas

A fundaçom Fragas do Mandeo leva desde 2010 trabalhando na custódia e apadrinhamento do território para garantir a sua conservaçom e defender a sua biodiversidade. Num total, esta entidade custódia uns 259.048 m² em diferentes projetos e com diferentes acordos com as proprietárias dos terrenos. Da mao de Fernando Bandín, que forma parte do padroado da fundaçom, achegamo-nos à comarca das Marinhas corunhesas para conhecer alguns dos projetos que estám a desenvolver.

Fragas do Mandeo foi criada pola Sociedade Galega de História Natural, o grupo naturalista Hábitat e a associaçom O Rabo do Galo.

Fragas do Mandeo foi cri­ada em 2010 por três en­ti­da­des: a Sociedade Galega de História Natural, o grupo na­tu­ra­lista Hábitat e a as­so­ci­a­çom O Rabo do Galo. O seu tra­ba­lho fun­da­menta-se na cus­tó­dia do ter­ri­tó­rio, umha fi­gura que re­co­lhe a lei es­ta­tal de Património Natural e da Biodiversidade. Segundo esta le­gis­la­çom, a cus­tó­dia re­a­liza-se “me­di­ante acor­dos en­tre en­ti­da­des de cus­tó­dia e pro­pri­e­tá­rios de fin­cas pri­va­das ou pú­bli­cas que te­nham por ob­je­tivo prin­ci­pal a con­ser­va­çom do pa­tri­mó­nio na­tu­ral e a bi­o­di­ver­si­dade”. Na prá­tica, es­tes acor­dos te­nhem di­fe­ren­tes ti­po­lo­gias: com­pra-ven­das, do­a­çons, le­ga­dos tes­ta­men­tá­rios, ces­sons ou arrendamentos.

Depois de mui­tos anos de tra­ba­lho, per­ce­be­mos que po­des fa­zer boas pro­pos­tas mas nom che vam fa­zer caso e as de­nún­cias custa bas­tante que vaiam adi­ante”, ex­póm Fernando Bandín. Assim, as en­ti­da­des que con­for­ma­ram Fragas do Mandeo apos­tá­rom na cus­tó­dia como umha fer­ra­menta para a ati­va­çom po­pu­lar na de­fesa dos mon­tes. “A ci­da­da­nia tem que se im­pli­car di­re­ta­mente na con­ser­va­çom, pois a ad­mi­nis­tra­çom nom é ca­paz de abor­dar os gra­ves pro­ble­mas am­bi­en­tais com os que nos en­fren­ta­mos: eu­ca­lip­ti­za­çom, plas­ti­fi­ca­çom, in­va­so­ras, perda de bi­o­di­ver­si­dade ou mu­dança do clima”, expom.

Umha das po­ças da Pedreira do Quatorze | aa­rón l. rivas

A pe­dreira do Quatorze
Em Figueiras, no con­ce­lho de Coirós, en­con­tra-se a pe­dreira do Quatorze, to­pó­nimo que in­dica a data em que se ce­le­brava a feira. Aqui es­teve lo­cada umha can­teira de gra­nito da que já ape­nas fi­cam um par de pré­dios e o longo ta­lude em cuja pe­dra con­ti­nuam a me­drar os eu­ca­lip­tos. Nestas par­ce­las, pro­pri­e­dade do con­ce­lho de Coirós e de um to­tal de cinco hec­ta­res, os eu­ca­lip­tos me­drá­rom es­pon­ta­ne­a­mente, tendo que re­a­li­zar o con­ce­lho umha corta. Em 2016, Fragas do Mandeo chega a um acordo com o con­ce­lho polo que con­se­gue o uso e ges­tom por cin­quenta anos des­tes cinco hec­ta­res para a cri­a­çom de umha mi­cro-re­serva de anfíbios.

Após o aban­dono da pe­dreira, o es­paço co­me­çou a re­ge­ne­rar-se es­pon­ta­ne­a­mente al­ber­gando an­fí­bios. Segundo in­dica Bandín, ex­per­tos do Grupo de Investigaçom em Biologia Evolutiva da Universidade da Corunha en­con­trá­rom nes­tas po­ças onze es­pé­cies de an­fí­bios. Durante os pri­mei­ros cem dias ti­vé­rom lu­gar jor­na­das de vo­lun­ta­ri­ado que trans­for­ma­ram o lu­gar: ro­çou-se o mato, re­co­lhê­rom-se dez me­tros qua­dra­dos de lixo, eli­mi­ná­rom-se es­pé­cies in­va­so­ras e re­no­vá­rom-se e criá­rom-se poças.

Os tra­ba­lhos nesta zona en­con­tram-se na fase de man­ter as con­di­çons para o fun­ci­o­na­mento da re­serva. Fragas do Mandeo está pen­dente da re­so­lu­çom de umha sub­ven­çom da Agader para re­a­li­zar as obras mais com­ple­xas: a corta dos eu­ca­lip­tos no ta­lude, a co­lo­ca­çom de can­ce­las e va­la­dos, a re­ti­rada de ura­li­tas e a re­forma dos ve­lhos pré­dios para re­fu­giar aves no­tur­nas e morcegos.

Os Velhos

"A custódia do território implica diretamente a cidadania na conservaçom do património natural e a biodiversidade"

No lu­gar dos Velhos, tam­bém em Coirós mas já perto de Aranga, en­con­tra-se ou­tros dos lu­ga­res que cus­tó­dia Fragas do Mandeo. Trata-se de umha par­cela de 14.500 m², com­prada em 2014 e onde se de­sen­vol­veu um tra­ba­lho de de­seu­ca­lip­ti­za­çom. É umha par­cela com umha forte pen­dente, que por um lado linda com a A6 e por ou­tro com o rio Mandeo. Bandín ex­plica que há in­te­resse em atuar para re­du­zir os ris­cos de in­cên­dios nesta par­cela, a qual é tam­bém atra­ves­sada por umha li­nha elé­trica. A lim­peza da franja pola que passa a li­nha cor­res­pon­de­ria-lhe à Red Eléctrica de España, po­rém, o mato cresce sem con­trolo nessa franja.

Trás a eli­mi­na­çom de eu­ca­lip­tos, plan­tá­rom-se cas­ta­nhei­ros mi­cror­ri­za­dos com es­pé­cies co­mes­tí­veis. “O cas­ta­nheiro”, ex­plica Bandín, “con­tri­bui para pro­te­ger o lu­gar dos in­cên­dios, pois dá muita som­bra e im­pede que o mato me­dre des­con­tro­lado ao seu re­dor”. Nesta par­cela, ao eli­mi­nar os eu­ca­lip­tos apa­re­cê­rom pe­que­nos car­va­lhos que fô­rom ro­de­a­dos com re­des pro­te­to­ras para guardá-los do corço.

Este ter­reno en­con­tra-se ro­de­ado de pe­que­nas ten­ças plan­ta­das com eu­ca­lipto. A fun­da­çom con­se­guiu di­rei­tos so­bre a pro­pri­e­dade de al­gumhas de­las, mas umha o dono nom a quer ven­der e ou­tra é de pro­pri­e­dade des­co­nhe­cida. Bandín as­si­nala al­gumhas li­mi­ta­çons que im­póm a le­gis­la­çom: “nós só po­de­mos sa­ber quem som as pes­soas pro­pri­e­tá­rias das par­ce­las li­mí­tro­fes com umha par­cela que seja pro­pri­e­dade nossa. Nom po­de­mos ir ao ca­das­tro e pe­dir os da­dos de pro­pri­e­dade de umha zona que nos in­te­resse pro­te­ger ou re­ge­ne­rar, pois som da­dos protegidos”.

A Espenuca
Através de um ou­tro con­vé­nio com o con­ce­lho de Coirós por cin­quenta anos, Fragas do Mandeo cus­tó­dia nove hec­ta­res do monte da Espenuca, que conta na sua ci­meira com umha ve­lha er­mida e um cé­le­bre mi­ra­doiro. Assim, desde 2015, a fun­da­çom está a tra­ba­lhar na de­seu­ca­lip­ti­za­çom das par­ce­las cus­to­di­a­das, man­tendo a raia os re­bro­tes ou os eu­ca­lip­tos nas­ci­dos por se­mente e plan­tando va­ri­e­da­des ar­bó­reas autóctones.

Como é que se fi­nan­cia todo isto? Fernando Bandín ex­plica que, ao ser umha fun­da­çom, te­nhem que pro­cu­rar re­cur­sos pró­prios, fun­da­men­tal­mente do­a­çons. “Estas do­a­çons, até os 150 eu­ros, de­du­zem na de­cla­ra­çom da Renda num 75%”, as­si­nala Bandín, e acres­centa que nom exis­tem sub­ven­çons es­pe­cí­fi­cas para a cus­tó­dia do ter­ri­tó­rio. “Podemos aco­lher-nos a al­gumha sub­ven­çom da Agader para obras con­cre­tas”, in­dica Bandín, “mas sim re­ce­be­mos as sub­ven­çons que a de­pu­ta­çom da Corunha en­trega a as­so­ci­a­çons sem ânimo de lucro”.

 

Eucalipto cor­tado em Os Velhos | aa­rón l. rivas

Deseucaliptizaçom e eliminaçom de invasoras

Quando em Fragas do Mandeo co­me­ça­vam a in­for­mar-se so­bre os mé­to­dos para ar­ran­car o eu­ca­lipto ape­nas en­con­tra­vam mé­to­dos que im­pli­cam o em­prego de her­bi­ci­das ou de má­qui­nas pe­sa­das. O em­prego des­tas má­qui­nas tem tam­bém cus­tes para a bi­o­di­ver­si­dade, “pois se o que fás é re­mo­ver a terra para er­guer as ce­pas das quais re­brota o eu­ca­lipto, po­des eli­mi­nar es­pé­cies au­tóc­to­nes que tam­bém re­bro­tam por cepa, como o cas­ta­nheiro, o car­va­lho ou o vi­do­eiro”, in­dica Fernando Bandín.

Nas par­ce­las que se es­tám a cus­to­diar guar­dam-se al­guns eu­ca­lip­tos ar­ran­ca­dos com os quais ex­pli­cam como se deve pro­ce­der para a sua eli­mi­na­çom me­câ­nica. Com um des­tes exem­pla­res na mao, Bandín ex­plica que es­tas ár­vo­res “te­nhem so­ter­rado umha es­pé­cie de tu­bér­culo onde guarda os nu­tri­en­tes. Nos exem­pla­res mais pe­que­nos po­dem-se er­guer os tu­bér­cu­los e ex­trai-los, mas nos ca­sos dos exem­pla­res mais ro­bus­tos é pre­ciso cor­tar polo pé, e ir fa­zendo cor­tes que des­cas­ca­rem a ár­vore e che­guem ao me­ris­tema ‑te­cido ve­ge­tal pro­du­tor de no­vas cé­lu­las- do tu­bér­culo”. Para es­tas ope­ra­çons em­prega-se o ma­chado Pulaski. Esta fer­ra­menta, de mango longo, tem por um lado um pe­queno sa­cho com o que ar­ran­car as ce­pas mais no­vas e polo ou­tro um fio cor­tante com o que pro­vo­car cor­tes nas es­pé­cies volumosas.

E as acácias?
“Mais pro­ble­má­ti­cas som as es­pé­cies que re­bro­tam de chu­pons que nas­cem das raí­zes”, ex­pom Bandín. Este é o caso das ro­bi­nias e das acá­cias, para os que Bandín acha, re­sig­nado, que “nom queda mais re­mé­dio que os pro­du­tos quí­mi­cos. Há umha pos­si­bi­li­dade de eli­mi­na­çom que se­ria por co­ber­tura. Consistiria em des­pre­gar um plás­tico preto du­rante muito tempo na zona em que quei­ras tra­ba­lhar, mas tam­bém conta com in­con­ve­ni­en­tes: pode ra­char e es­ta­ria im­pe­dindo o cres­ci­mento de qual­quer ou­tra es­pé­cie”. Assim, Bandín ex­pom que para a eli­mi­na­çom des­tas es­pé­cies cos­tu­mam em­pre­gar-se pro­du­tos sis­té­mi­cos que des­con­tro­lam as suas hor­mo­nas de cres­ci­mento, tendo que se­rem apli­ca­dos “com um pin­cel no me­ris­tema nos quinze se­gun­dos ime­di­a­tos após o corte”.

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