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A castanha explorada

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O cas­ta­nheiro está a co­brar pro­ta­go­nismo nos úl­ti­mos anos no sec­tor flo­res­tal ga­lego, com pro­du­çons anu­ais que te­nhem su­pe­rado as 20.000 to­ne­la­das. Mesmo a Junta pla­neja, no ras­cu­nho do Plano Florestal, a plan­ta­çom de 25.000 no­vos hec­ta­res desta es­pé­cie. O sec­tor da cas­ta­nha, que se en­con­tra num auge em parte pro­pi­ci­ado po­los da­nos pro­vo­ca­dos pola aves­pi­nha do cas­ta­nheiro na Itália, está a ser visto tam­bém como opor­tu­ni­dade por parte do grande capital.

O fruito do cas­ta­nheiro, a cas­ta­nha, é bem co­nhe­cido no nosso país e tra­di­ci­o­nal­mente tem sido sus­tento de mui­tas fa­mí­lias do ru­ral. Nos úl­ti­mos anos, um auge na sua pro­du­çom vem de as­si­na­lar o cas­ta­nheiro como um pos­sí­vel mo­tor eco­nó­mico para o ru­ral. Assim, atu­al­mente a cas­ta­nha ga­lega conta com umha Indicaçom Geográfica Protegida (IGP) e re­cen­te­mente a Junta vem de criar a Mesa da Castanha para abrir um diá­logo com o sector.
Nos pla­nos da Junta está a ex­pan­som desta es­pé­cie nos mon­tes ga­le­gos, tal como se de­duz do ras­cu­nho do novo Plano Florestal e das li­nhas de aju­das que pro­move a ad­mi­nis­tra­çom ga­lega para a plan­ta­çom de no­vos cas­ta­nhei­ros para fruito. Mas es­tas po­lí­ti­cas en­con­trá­rom-se com crí­ti­cas no pró­prio sec­tor flo­res­tal. Diego Sánchez, res­pon­sá­vel de Montes polo Sindicato Labrego Galego (SLG), sa­li­enta que desta or­ga­ni­za­çom “con­si­de­ra­mos que ade­mais do fo­mento da plan­ta­çom de cas­ta­nhei­ros, se­ria mui im­por­tante que se apos­tasse pola re­cu­pe­ra­çom dos sou­tos aban­do­na­dos, que já es­tám im­plan­ta­dos, mai­o­ri­ta­ri­a­mente em zo­nas idó­neas para esse cul­tivo, e que po­dem en­trar em pro­du­çom muito an­tes do que as no­vas plantaçons”.

Explotaciones Gallegas SL, empresa envolvida na ré-abertura da Mina de Touro, recebeu dinheiro para o cultivo de castanha

Subvençons para cas­ta­nhei­ros novos
Em ju­nho de 2016 pu­bli­ca­vam-se no DOG as ba­ses para as aju­das à plan­ta­çom de no­vos cas­ta­nhei­ros para esse ano, que me­lho­rava al­gumhas das con­di­çons que vi­nham im­pe­dindo a par­ti­ci­pa­çom de pe­que­nos pro­pri­e­tá­rios. Porém, dos dous 2,6 mi­lhons de eu­ros or­ça­men­ta­dos para es­tas aju­das ape­nas se re­ma­tá­rom con­ce­dendo 789.000 eu­ros, e das 400 so­li­ci­tu­des apre­sen­ta­das acei­tá­rom-se 140, se­gundo tem in­for­mado a me­dia empresarial.
Algumhas vo­zes te­nhem qua­li­fi­cado de “ir­real” a pla­ni­fi­ca­çom da Junta para es­tas aju­das. Segundo umha in­for­ma­çom do di­gi­tal campogalego.com, o en­ge­nheiro Diego Quintas ex­pu­nha numhas jor­na­das in­for­ma­ti­vas so­bre o cas­ta­nheiro que “nom há planta de va­ri­e­da­des au­tóc­to­nes para fa­zer as plan­ta­çons com­pro­me­ti­das nas aju­das da Junta”.

A principal beneficiária das ajudas para a plantaçom de castanheiros foi a condesa de Castel Blanco

Pola sua banda, Diego Sánchez do SLG, ex­pom que es­tas aju­das re­ma­tam dando pri­o­ri­dade às gran­des su­per­fí­cies. “Há um cri­té­rio em que se pon­tua por su­per­fí­cie so­li­ci­tada, o qual vai em de­tri­mento de pe­que­nas par­ce­las”, ex­plica Sánchez. “Por ou­tra banda”, acres­centa Sánchez, “a or­dem de aju­das li­mita o uso de va­ri­e­da­des às que es­tám con­tem­pla­das na IGP, com o qual se perde umha grande parte da diversidade”.
A prin­ci­pal be­ne­fi­ciá­ria da con­vo­ca­tó­ria 2016–2017 des­tas aju­das à plan­ta­çom de cas­ta­nhei­ros foi a con­dessa de Castel Blanco, Ilduara Espinosa Borrego, pro­pri­e­tá­ria do Paço de Cascaxide no con­ce­lho de Silheda, quem re­ce­beu um to­tal de 66.714 eu­ros. Também vá­rias co­mu­ni­da­des de mon­tes vi­zi­nhais re­ce­be­ram aju­das, sa­li­en­tando a de Paróquia do Rio Caldo no Xurés com umha ajuda de 27.918 eu­ros. Entre as em­pre­sas que se le­vá­rom umha maior quan­tia en­con­tra-se Explotaciones Gallegas SL, umha das em­pre­sas que es­tám a pro­mo­ver a ré-aber­tura da mina de Touro – O Pino, a qual vê-se be­ne­fi­ci­ada com 15.716 euros.

Quem se in­te­ressa na castanha?
Apesar de que o ano pas­sado foi um mal ano de­vido à seca e às ge­a­das, há in­te­res­ses que es­tám a pou­sar o seu olhar no mer­cado ga­lego da cas­ta­nha. Assim, a grande co­o­pe­ra­tiva ali­men­tí­cia Coren está a con­ver­ter-se num dos gran­des com­pra­do­res deste pro­duto. A Coren tem afir­mado que para este 2018 pre­tende fa­zer-se com 4.500 to­ne­la­das de cas­ta­nha ga­lega para ali­men­tar os por­cos da sua li­nha Selecta. Para 2017 já ad­qui­rira umhas 3.000 to­ne­la­das à Alibós, a prin­ci­pal em­presa de trans­for­ma­çom de cas­ta­nha, umhas ci­fras que o co­lo­cam numha po­si­çom privilegiada.

Coren é um dos principais consumidores no mercado galego da castanha

Ademais, se­gundo as in­for­ma­çons que te­nhem sido pu­bli­ca­das na im­prensa eco­nó­mica, tam­bém so­ci­e­da­des vin­cu­la­das com o mag­nate Amancio Ortega te­nhem mos­trado o seu in­te­resse pola plan­ta­çom de cas­ta­nhei­ros. O ex-pre­si­dente da Inditex in­je­tou em 2016 uns 1,2 mi­lhons de eu­ros na so­ci­e­dade Sobrado Forestal 2014, que se en­con­tra par­ti­ci­pada polo seu braço de in­ves­ti­mento Pontegadea, com a in­ten­çom de pôr em an­da­mento umha plan­ta­çom de cas­ta­nhei­ros au­tóc­to­nes. Segundo a im­prensa eco­nó­mica, para esta ope­ra­çom a Sobrado Forestal 2014 mer­cou 100 hec­ta­res em Sobrado dos Monges.

Amancio Ortega adquiriu 100 hectares em Sobrado dos Monges para a plantaçom de castanheiros

 

A praga da avespinha
Umha das ame­a­ças que pom em risco a pro­du­çom de cas­ta­nha é a che­gada ao nosso país da aves­pi­nha do cas­ta­nheiro (Dryocosmus ku­riphi­lus), de ori­gem asiá­tico e a qual já cau­sou es­tra­gos na pro­du­çom de cas­ta­nha na Itália. O prin­ci­pal mé­todo em­pre­gado para lui­tar con­tra este in­seto é a li­be­ra­çom de um ou­tro in­secto que o pa­ra­sita, o Torymus si­nen­sis. Para li­be­rar o Torymus houve que aguar­dar pola au­to­ri­za­çom do Ministério de Medio Ambiente, o qual ape­nas per­mi­tia sol­tas ex­pe­ri­men­tais ao tra­tar-se tam­bém de umha es­pé­cie fo­râ­nea que po­de­ria in­ter­fe­rir no de­sen­vol­vi­mento de es­pé­cies autóctones.
Diego Sánchez, do SLG, qua­li­fica de “in­su­fi­ci­ente” a solta de Torymus que a Junta re­a­li­zou em 2017. Ademais, Sánchez de­nun­cia tam­bém que nom existe in­for­ma­çom nos dis­tri­tos flo­res­tais so­bre qual é o plano de luita con­tra a aves­pi­nha nem de qual é o pro­to­colo a se­guir quando se re­co­nhece a pre­sença de esta en­fer­mi­dade. A aves­pi­nha do cas­ta­nheiro leva já uns qua­tro anos no nosso país.
A cas­ta­nha do sé­culo XXI di­fe­ren­cia-se muito da­quela que con­tava com uns apro­vei­ta­men­tos tra­di­ci­o­nais. A pla­ni­fi­ca­çom da ad­mi­nis­tra­çom de este re­curso passa por aban­do­nar os sou­tos ve­lhos e criar um mer­cado onde gran­des in­ves­ti­do­res po­dam posicionar-se.

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