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A luita partidária atrasa o início de umha soluçom para A Límia

por
granja em ginzo (co­le­tivo amanhecer)

No iní­cio de fe­ve­reiro pas­sado, María Sagrario Pérez Castellanos, Diretora-Geral da Qualidade Ambiental (Conselharia do Meio Ambiente), emi­tiu umha re­so­lu­çom so­bre a ex­pi­ra­çom do ex­pe­di­ente de pro­ces­sa­mento am­bi­en­tal para a ex­pan­som de umha ex­plo­ra­çom suína em Trasmiras, na co­marca ou­ren­sana da Límia.

A pe­cuá­ria de Celso Gómez Valencia, que ini­ciou o pro­cesso em março do ano pas­sado, de­sis­tiu de ex­pan­dir umha ex­plo­ra­çom de 1980 ca­be­ças para 5940 ca­be­ças. Ou seja, tri­pli­car o nú­mero de ani­mais. Simplesmente, nom for­ne­cera a do­cu­men­ta­çom su­ple­men­tar que a Direçom-Geral da Qualidade lhe so­li­ci­tara em ou­tu­bro. Após três me­ses, a Junta con­cor­dou em “ar­qui­var o processo”.

Celso Gómez nom é um agri­cul­tor qual­quer na Límia. Em 2013, um ar­tigo elo­gi­oso na Voz de Galicia con­si­de­rava a fa­mí­lia um “pa­ra­digma da Límia”. No texto, o fun­da­dor da Curuxeira, umha das pri­mei­ras ma­cro-ex­plo­ra­çons da co­marca, con­si­de­rou que “a Límia con­ti­nue um bom ne­gó­cio gra­ças à Coren. Graças a ela, só se tem de pre­o­cu­par com pro­du­zir por­cos”, por­que do resto, con­ti­nu­ava o ar­tigo, da ge­né­tica, da in­ves­ti­ga­çom… é a Coren que trata.

Mas, a Coren já nom pode mais li­dar com tudo. A re­nún­cia à am­pli­a­çom é algo novo na Límia. As ex­pan­sons fô­rom a porta que a agroin­dús­tria en­con­trou para a ex­pan­som das ma­cro-ex­plo­ra­çons nos úl­ti­mos anos di­ante da pres­som do mo­vi­mento am­bi­en­ta­lista por meio da opi­niom pú­blica. Solicitávam-se li­cen­ças para abrir pe­que­nas gran­jas e, logo de­pois, para as am­pliar. Mas essa porta fe­chou de re­pente em no­vem­bro passado.

Em no­vem­bro, o Tribunal Superior de Justiça da Galiza (TSXG) anu­lou a ava­li­a­çom do im­pacto am­bi­en­tal da am­pli­a­çom de umha granja aví­cola no lu­gar de Santa Marinha de Congostro. O TSXG con­ce­deu a nu­li­dade plena do pro­ce­di­mento ad­mi­nis­tra­tivo por ter vi­o­lado os di­rei­tos de in­for­ma­çom e par­ti­ci­pa­çom dos mo­ra­do­res afe­ta­dos (a nova ex­plo­ra­çom fica a me­nos de 50 me­tros da casa dos de­nun­ci­an­tes e os odo­res som constantes).

Em no­vem­bro, o TSXG anu­lou a ava­li­a­çom do im­pacto am­bi­en­tal da am­pli­a­çom de umha granja aví­cola no lu­gar de Santa Marinha de Congostro, por te­rem-se vi­o­lado os di­rei­tos de in­for­ma­çom e par­ti­ci­pa­çom dos mo­ra­do­res afetados

A quinta é pro­pri­e­dade de Camilo Fernández Freire, ve­re­a­dor do PP na au­tar­quia de Rairiz de Veiga, atra­vés da em­presa Cavirsa Freire que tra­ba­lha com a Coren. Com a ex­pan­som, a granja pas­sou de umha cri­a­çom de 22.932 fran­gos para 47.970. A Junta anun­ciou que iria re­cor­rer da de­ci­som do TSXG junto do Tribunal Supremo. A se­gunda ins­ta­la­çom en­trou em pro­du­çom após o pas­sado ve­rao e já leva vá­rias cri­a­çons. Umha dú­zia de ven­ti­la­do­res con­ti­nuam a es­pa­lhar de­tri­tos e odo­res para a pro­pri­e­dade dos de­nun­ci­an­tes e a al­gumhas cen­te­nas de me­tros do rio Límia, na zona ZEPA, zona de pro­te­çom de aves e Rede Natura.

O ne­gó­cio da Coren nom está no mer­cado de car­nes, seja suína ou de frango; o ne­gó­cio está na pro­du­çom. Ou seja, nos in­su­mos: na ra­çom, nos me­di­ca­men­tos, nos ani­mais. É um grande for­ne­ce­dor”, re­sume um sin­di­ca­lista que há anos acom­pa­nha com pre­o­cu­pa­çom a evo­lu­çom da pe­cuá­ria na comarca.

A re­cente greve dos trans­por­tes co­lo­cou o ne­gó­cio em risco. A Coren apres­sou-se a apos­tar num en­ten­di­mento com os trans­por­ta­do­res para man­ter os seus ca­mi­ons em cir­cu­la­çom. Houvo ser­vi­ços mí­ni­mos, como ad­ver­tiam os car­ta­zes co­lo­ca­dos nos ca­mi­ons, para que as ra­çons con­ti­nu­as­sem a ali­men­tar os ani­mais e que che­gas­sem aos ma­ta­dou­ros a tempo. Coren apoiou o pro­testo dos trans­por­ta­do­res e de­pois a do sec­tor pri­má­rio na Límia com umha tra­to­rada ma­ciça em Ginzo na úl­tima sexta-feira de março.

E en­quanto o sec­tor se mo­bi­li­zava, a Administraçom fi­cava pa­ra­li­sada. O pro­blema sub­ja­cente, a po­lui­çom por des­car­gas das águas do Limia, per­ma­nece. As gran­jas con­ti­nuam a pro­du­zir re­sí­duos em quan­ti­da­des que as ter­ras da co­marca nom po­dem mais as­su­mir. As ba­cias es­tám es­go­ta­das. E os jur­ros (e ou­tros re­sí­duos) som ex­por­ta­dos para os mu­ni­cí­pios vi­zi­nhos. Já existe po­lui­çom no vale das Salas e vi­zi­nhos das en­cos­tas do Larouco de­nun­ciam des­car­gas no­tur­nas nas par­ce­las das redondezas.

As gran­jas con­ti­nuam a pro­du­zir re­sí­duos em quan­ti­da­des que as ter­ras da co­marca nom po­dem mais as­su­mir. As ba­cias es­tám es­go­ta­das e os jur­ros e ou­tros re­sí­duos som ex­por­ta­dos para os mu­ni­cí­pios vizinhos

Mas a Administraçom está pa­rada. Em março de 2021, a Mesa da Límia, que reúne pro­du­to­res, ad­mi­nis­tra­çom, sin­di­ca­tos, téc­ni­cos e gru­pos am­bi­en­ta­lis­tas, emi­tiu um do­cu­mento de aná­lise em que re­co­nhe­ceu o pro­blema (da po­lui­çom) e su­ge­riu so­lu­çons. No 2019, me­ses an­tes da pan­de­mia, a Confederaçom Hidrográfica Minho-Sil (CHMS) so­li­ci­tara da Dirección General del Agua (Ministerio de Transición Ecológica) a de­cla­ra­çom de águas afe­ta­das para o en­coro das Conchas, na co­marca da Baixa-Límia.

Enquanto em am­bos os es­pa­ços ha­bi­li­tado nas Conchas con­ti­nuá­rom a per­mi­tir ba­nhos du­rante todo o mês de agosto de 2021, ape­sar do aviso tí­mido da Conselharia da Saúde que mal se con­cre­ti­zou num car­taz em Porto Quintela (Bande) e ne­nhum em Mugueimes (Moinhos), a CHMS aguar­dava a de­ci­som de Madrid. E nesse ponto continua.

Apenas al­gumhas se­ma­nas atrás, em 7 de abril de 2022, o Conselho da Água da CHMS in­for­mou fa­vo­ra­vel­mente so­bre o pro­jeto de plano hi­dro­ló­gico da ba­cia hi­dro­grá­fica para o pe­ríodo 2022–27. Representantes de gru­pos am­bi­en­ta­lis­tas vo­tá­rom con­tra o plano, que mi­ni­miza o im­pacto da po­lui­çom por ni­trato e fós­foro nas águas sub­ter­râ­neas e su­per­fi­ci­ais da Límia.

As mes­mas ad­mi­nis­tra­çons que le­vá­rom dez anos para re­co­nhe­cer o pro­blema (as pri­mei­ras evi­dên­cias ci­en­tí­fi­cas da ori­gem da po­lui­çom da água re­mon­tam a 2011) agora es­tám a atra­sar a im­ple­men­ta­çom de so­lu­çons. Tanto que foi a Comissom Europeia que de­sen­ca­deou a crise ao de­nun­ciar o Reino de Espanha por nom ter de­cla­rado áreas vul­ne­rá­veis à po­lui­çom das águas. E em ja­neiro, o go­verno cen­tral tivo que re­di­gir um real de­creto so­bre pro­te­çom da água, que é o pri­meiro passo para a de­cla­ra­çom de vul­ne­ra­bi­li­dade de co­mar­cas como A Límia.

Desde ja­neiro, com o real de­creto na mesa, a dis­puta pas­sou para a arena po­lí­tica. A CHMS, de­pen­dente do Ministério, di ter pe­dido a de­cla­ra­çom das águas afe­ta­das tam­bém para A Límia. E ainda aguarda, como no caso das Conchas, que o Governo de­cida. Na Junta, a Administraçom que tem com­pe­tên­cia para avan­çar com a de­cla­ra­çom de zona vul­ne­rá­vel, di que nada pode fa­zer até que o Governo cen­tral atue.

granja em ginzo. (co­le­tivo amanhecer)

Entretanto, com base nessa aná­lise da si­tu­a­çom da Mesa da Limia, a Conselharia do Meio Rural en­co­men­dou a ela­bo­ra­çom de um plano es­tra­té­gico para a co­marca. Foi ela­bo­rado pola Fundaçom Juana de Vega e polo Grupo de Desenvolvimento Rural Límia-Arnoia. O plano foi en­tre­gue no fi­nal de 2021 e en­con­tra-se numha ga­veta, con­forme de­nun­ciou o de­pu­tado do BNG Xosé Luís Rivas.

O plano in­clui a cons­tru­çom de umha nova es­ta­çom de tra­ta­mento de re­sí­duos em Sarreaus, muito pró­xima da aban­do­nada pola Coren no iní­cio do sé­culo. O pro­jeto da es­ta­çom foi apro­vado em to­dos os pro­ce­di­men­tos de ava­li­a­çom am­bi­en­tal em ja­neiro. Falta o anún­cio oficial.

Se a co­marca for de­cla­rada zona vul­ne­rá­vel de­vido à po­lui­çom, as prá­ti­cas agrí­co­las e pe­cuá­rias irám so­frer mu­dan­ças sig­ni­fi­ca­ti­vas e os con­tro­les se­rám in­ten­si­fi­ca­dos. Há medo do que possa acon­te­cer, mas esta co­marca já se adap­tou a ou­tras re­gu­la­men­ta­çons”, ga­rante o sindicalista.

A pri­meira me­dida (está no plano es­tra­té­gico) será es­ta­be­le­cer umha mo­ra­tó­ria na cons­tru­çom e ex­pan­som de ex­plo­ra­çons pe­cuá­rias. A mo­ra­tó­ria já co­me­çou a ser apli­cada de facto: seja por de­mis­som dos agri­cul­to­res ou por de­ci­som ju­di­cial. A se­guinte, a es­ta­çom de tra­ta­mento. As Administraçons bus­cam o mo­mento po­lí­tico mais opor­tuno para seus in­te­res­ses partidários.

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