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Oîma:“A música instrumental nom tem letra, mas fala”

por
so­nia garcía

Antía Ameixeiras (vi­o­lino), Olalla Liñares (cla­ri­nete) e Martiño Senande (acor­deom) som Oîma. Um en­con­tro de ami­gas e de mú­si­cas de dis­tin­tos lu­ga­res que hoje gira por sa­las e tor­rei­ros da Galiza com o seu pri­meiro disco: Ala!

Qual é o cruze de ca­mi­nhos dum ex-in­te­grante dumha banda tri­buto aos Beatles, umha cla­ri­ne­tista da Banda de Negreira e umha vi­o­li­nista de con­ser­va­tó­rio?
Os ca­mi­nhos cru­zam-se em mui­tos pon­tos e de mui­tas for­mas, mas ba­si­ca­mente Oîma nasce da ami­zade e da von­tade de criar, numha idea co­mum de en­ten­der e go­zar da música.

Como é criar e com­por num mundo de des­ti­nos fí­si­cos e tem­pos rá­pi­dos que dis­tan­ciam?
Às ve­ces, de brin­ca­deira, re­fe­rimo-nos à evo­lu­çom do grupo como umha re­la­çom de pa­re­lha. Há eta­pas. No co­meço de­di­ca­mos-lhe muito tempo, tí­nha­mos muito en­tu­si­asmo por criar e ex­pe­ri­men­tar. E, so­bre­todo, tí­nha­mos fa­ci­li­dade para coin­ci­dir em tempo e es­paço. Depois as cir­cuns­tân­cias vi­tais fi­gé­rom-nos adap­tar-nos a ou­tras di­nâ­mi­cas, mas a roda se­guiu a gi­rar sem­pre. Tivemos épo­cas de cen­trar-nos mais nos con­cer­tos ou no disco, que foi un pro­cesso longo por­que que­ría­mos mimá-lo bem. Também é certo que houvo pon­tos onde sen­ti­mos que a cousa es­tava pa­rada, mas sou­be­mos cui­dar-nos e re­a­vi­var-nos, que é umha parte im­por­tante numha re­la­çom de grupo. Agora es­ta­mos num mo­mento de muito amor (haha). E acha­mos que vem umha época bas­tante criativa.

Jogades com a mis­tura, de onde pe­ga­des os in­gre­di­en­tes de ‘Ala!’?
O nosso prin­ci­pal in­gre­di­ente é a mú­sica po­pu­lar ga­lega. Mas para além do re­per­tó­rio (que tam­bém), o que ten­ta­mos é re­pro­du­zir os me­ca­nis­mos de cri­a­çom que eram uti­li­za­dos nesta mú­sica. Colher umha peça tra­di­ci­o­nal e mo­di­ficá-la até con­se­guir ou­tra so­no­ri­dade, me­lo­días ou rit­mos dou­tras tra­di­çons e mis­turá-las com as nos­sas ou com­por pe­ças no­vas. Som cou­sas que se fi­gé­rom ao longo da his­tó­ria, acre­di­ta­mos em que as­sim é como che­gou a mú­sica tra­di­ci­o­nal até os nos­sos días e acha­mos que é umha forma de lhe dar­mos con­ti­nui­dade. É bom que apa­re­çam jo­tas ou mui­nhei­ras no­vas para bai­lar e in­tro­du­zir so­no­ri­da­des dou­tras tra­di­çons tam­bém o ve­mos po­si­tivo. A nós par­ti­cu­lar­mente chama-nos a aten­çom a mú­sica do leste da Europa, e por isso ten­ta­mos ex­plo­rar os pon­tos co­muns que en­con­tra­mos com a nossa música.

É bom que apa­re­çam jo­tas ou mui­nhei­ras no­vas para bai­lar e in­tro­du­zir so­no­ri­da­des dou­tras tra­di­çons tam­bém o ve­mos po­si­tivo. A nós par­ti­cu­lar­mente chama-nos a aten­çom a mú­sica do leste da Europa, e por isso ten­ta­mos ex­plo­rar os pon­tos co­muns que en­con­tra­mos com a nossa música. 

Apostades no pano de fundo em que nin­guém re­para: a mú­sica ins­tru­men­tal (que mui­tas aínda pen­sam que é para os ele­va­do­res) e as in­ter­je­çons. Por que ra­zom? Tivestes a ten­ta­çom de in­tro­du­zir­des vo­zes?
As in­ter­je­çons, a pe­sar de nom te­rem um sig­ni­fi­cado con­creto, con­si­guem co­mu­ni­car dum modo muito efi­ci­ente. Parece que nom dim nada, mas nom so­mos quem de man­ter umha con­ver­sa­çom sem elas. O mesmo acon­tece com a mú­sica ins­tru­men­tal: nom tem le­tra, mas fala, trans­mite. De al­gum modo o que que­re­mos é pôr o foco aí, no que nou­tros ca­sos fica em se­gundo plano por­que há umha voz e umha le­tra que cap­tam mais a nossa aten­çom. E claro que é ten­ta­dor in­tro­du­zir voz, temo-lo feito em al­gum di­reto e fô­rom ex­pe­ri­ên­cias bo­ni­tas. Mas Oîma é um grupo instrumental.

Ala!’…o disco está, mas agora que?
Agora há que criá-lo, dei­xar que me­dre. Que se es­cuite, até nos elevadores.

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