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Arriva, o comboio privado entre a Corunha e o Porto

por
jens sch­lu­e­ter

A filial de Deutsche Bahn propom a primeira linha privada internacional da península desde o começo da liberalizaçom do sector na Europa.

Arriva, em­presa fi­lial da alemá Deustche Bahn, so­li­ci­tou em maio de 2018 a au­to­ri­za­çom para ope­rar um com­boio de pas­sa­gei­ros en­tre A Corunha e o Porto. A pe­ti­çom foi apre­sen­tada ante a Comisión Nacional de los Mercados y la Competencia. Caso seja apro­vada, será a pri­meira li­nha in­ter­na­ci­o­nal pri­vada da península.

Arriva quer com­pe­tir com o ser­viço pú­blico, ge­rido en­tre Renfe e Comboios de Portugal, ofer­tando qua­tro vi­a­gens diá­rias de com­boio e co­ne­tando di­re­ta­mente o Porto com a Corunha. A oferta pú­blica conta com duas vi­a­gens diá­rias en­tre Vigo e o Porto, para che­gar até a Corunha há que fa­zer um trans­bordo. A fu­tura li­nha te­ria pa­ra­gens em Santiago de Compostela, Ponte-Vedra, Vigo/Guixar, Valença e Nine, e o tempo to­tal da vi­a­gem se­ria de duas ho­ras e qua­renta e seis mi­nu­tos (a co­ne­xom pú­blica atual en­tre Vigo e Porto tem umha du­ra­çom de duas ho­ras e um quarto).

A empresa beneficiaria-se da modernizaçom da Linha do Minho

A em­presa alemá be­ne­fi­ci­a­ria-se, para além do mais, das me­lho­rias que o go­verno luso quer le­var a cabo nas vias. O go­verno de António Costa mo­der­ni­zará a Linha do Minho, com a ele­tri­fi­ca­çom do tramo en­tre Nine e Valença. O in­ves­ti­mento to­tal será de 83 mi­lhons de eu­ros. O se­cre­tá­rio de Estado das Infraestruturas de Portugal, Guilherme d’Oliveira, cal­cula que em 2019 as no­vas li­nhas já es­ta­rám em fun­ci­o­na­mento. Ficaria por ele­tri­fi­car, já em ter­ri­tó­rio ga­lego, o tramo en­tre Guilharei e Tui. As obras fo­ram adi­a­das no seu mo­mento à es­pera de que as lu­sas es­ti­ves­sem re­ma­ta­das, mas o se­cre­tá­rio de Estado de Infraestruturas es­pa­nhol, Julio Gómez-Pumar, as­se­gu­rou que se le­va­riam a cabo. Umha vez con­cluí­das as obras, a vi­a­gem en­tre Vigo e o Porto du­ra­ria umha hora e meia.

A li­be­ra­li­za­çom dos com­boios europeus
A pos­si­bi­li­dade de que em­pre­sas pri­va­das ofe­re­çam co­ne­xons por com­boio obe­dece ao ter­ceiro pa­quete fer­ro­viá­rio posto em mar­cha pola Comissom Europeia, que per­mite a li­be­ra­li­za­çom do trân­sito in­ter­na­ci­o­nal de vi­a­gei­ros desde o ano 2010. A par­tir de 2020, prevê-se a to­tal li­be­ra­li­za­çom do se­tor. O Conselho de Ministros es­pa­nhol apro­vou a sua apli­ca­çom em 2005. O ad­mi­nis­tra­dor das es­tru­tu­ras fer­ro­viá­rias es­ta­tais é desde en­tom a Adif, à qual Renfe, e qual­quer ou­tra em­presa pri­vada que queira ope­rar no Estado Espanhol, deve pa­gar umha taxa.

A liberalizaçom total dos comboios está prevista para 2020

A aber­tura dos mer­ca­dos nom chega li­vre de po­lé­mi­cas. O exem­plo do Reino Unido cita-se a miúdo. Empresas ho­lan­de­sas, ale­más e fran­ce­sas som atu­al­mente as prin­ci­pais be­ne­fi­ciá­rias da sua li­be­ra­li­za­çom. Arriva é umha das prin­ci­pais ope­ra­do­ras no país, em cujo mer­cado en­trou no ano 2000. No ano 2017 as suas fi­li­ais su­bí­rom o preço dos seus bi­lhe­tes em 4,7%. O jor­nal bri­tâ­nico The Guardian ex­pli­cava como a pri­va­ti­za­çom no Reino Unido cri­ara um sis­tema em que umhas pou­cas ope­ra­do­ras ofe­re­ciam um ser­viço lento, caro e com com­boios an­ti­qua­dos. Um sis­tema em que os ser­vi­ços em hora de ponta som os mais ca­ros, pois as em­pre­sas que fi­cá­rom com es­tes ho­rá­rios po­dem de­ci­dir os preços.

As co­ne­xons fer­ro­viá­rias atuais
Atualmente, Renfe e Comboios de Portugal pres­tam con­jun­ta­mente o ser­viço que une Vigo com Porto atra­vés de dous tra­je­tos diá­rios nos de­no­mi­na­dos com­boios Celta. O pri­meiro deixa Vigo às nove para che­gar à ci­dade por­tu­guesa às dez e vinte; o se­gundo sai às oito da tarde e chega às nove e me­dia lu­sas. O preço do bi­lhete sim­ples é de quase 15 eu­ros, e de 12 se com­prar­mos tam­bém o de volta. Da beira por­tu­guesa os com­boios che­gam a Vigo às onze e meia e às dez e meia da noite.

Arriva quer competir com o serviço público ofertando quatro viagens diárias

A co­ne­xom pe­ri­gou em dis­tin­tas oca­si­ons. Em 2005 quase de­sa­pa­rece. Em 2010 o exe­cu­tivo luso in­cluía umha por­ta­gem na au­to­es­trada A‑28 que unia Porto e Caminha, até en­tom gra­tuita. Analistas con­sul­ta­dos na al­tura por Novas da Galiza ex­pli­cá­rom que a açom po­dia ser en­ten­dida como unha me­dida que ti­nha o go­verno por­tu­guês de pres­si­o­nar o Estado es­pa­nhol, que le­vava anos adi­ando a co­ne­xom fer­ro­viá­ria de alta ve­lo­ci­dade (TAV) no eixo Atlântico. O da­quela mi­nis­tro de Transportes, José (Pepinho) Branco, ale­gou di­fi­cul­da­des para re­a­li­zar os in­for­mes de im­pacto am­bi­en­tal pré­vios à ade­qua­çom das vias. O seu ho­mó­logo por­tu­guês, o se­cre­tá­rio de Estado dos Transportes de Portugal Carlos Correia da Fonseca, de­ci­diu dei­xar numha ga­beta as obras até que a si­tu­a­çom na parte ga­lega fosse acla­rada. No mo­mento, pen­sou-se que os re­tro­ces­sos se de­ve­ram ao medo ao ae­ro­porto Sá Carneiro, mais com­pe­ti­tivo e com mais vi­a­gei­ros do que os galegos.

Em 2011, o go­verno luso pen­sou de novo no fe­che das li­nhas, de­ci­som adi­ada até o ano 2013, o mesmo ano em que es­tava pre­visto o fun­ci­o­na­mento do TAV. Um pacto en­tre as câ­ma­ras lu­sas e ga­le­gas que con­for­mam o Eixo Atlântico con­se­guiu que se man­ti­vesse, eli­mi­nando as pa­ra­gens in­ter­mé­dias. Volvérom acres­cen­tar três ape­nas um ano de­pois: Valença, Viana e Braga-Nine. As mu­dan­ças con­se­guí­rom que dos 30.000 pas­sa­gei­ros em 2013 se che­gasse aos 56.700 em 2014. As ci­fras con­ti­nuam a au­men­tar, atin­gindo os 91.600 em 2017, de­mons­trando a im­por­tân­cia desta co­ne­xom. Isto re­la­ci­ona-se pa­ra­le­la­mente com um au­mento do tu­rismo no Porto, cu­jos ha­bi­tan­tes le­vam anos la­men­tando a tu­ris­ti­fi­ca­çom da sua cidade.

O carro con­ti­nua a ser, nom obs­tante, a op­çom mai­o­ri­tá­ria para fa­zer este tra­jeto. O Guia Michelin ad­verte-nos de que, se que­re­mos che­gar ao Porto em carro desde A Corunha pola rota mais rá­pida, de­ve­mos en­fren­tar vá­rias por­ta­gens. Cruzar a Galiza pola AP‑9 tem um custo de 18,10€. Em Portugal te­ría­mos que pa­gar os 7,35€ es­ta­be­le­ci­dos polo go­verno luso no ano 2010, so­mando umha des­pesa apro­xi­mada em com­bus­tí­vel, dei­xa­ría­mos 100€ do peto en­tre ida e volta. Tardaríamos pouco mais de três ho­ras em cada tra­jeto. Se no com­pa­ra­dor de pre­ços deste guia pres­si­o­na­mos na op­çom mais eco­nó­mica, ve­mos como o tempo da vi­a­gem em carro au­menta. A vi­a­geira que queira evi­tar o pa­ga­mento a am­bos es­ta­dos tem que de­mo­rar nas es­tra­das quase seis ho­ras e meia. Os cus­tos da vi­a­gem li­mi­tam-se ao com­bus­tí­vel, em torno de 50€ ida e volta. Metade de preço, o do­bro de tempo.

Arriva e a Deustche Bahn

Arriva é umha em­presa fi­lial da Deustche Bahn, umha so­ci­e­dade anó­nima cujo aci­o­nista mai­o­ri­tá­rio é a República Federal Alemá. É a maior com­pa­nhia de com­boios na Alemanha e umha das mai­o­res a ní­vel eu­ro­peu. Arriva en­trou no mer­cado es­ta­tal es­pa­nhol a me­a­dos da dé­cada de 90. Com a aqui­si­çom de Autocares Vázquez em 2017, con­ver­teu-se numha das em­pre­sas com maior nú­mero de au­to­car­ros e li­nhas na Galiza, só su­pe­rada por Monbús. Em 2016, já com­prara tam­bém Santiaguesa Metropolitana e Autos Carballo.
Em Portugal, Arriva é lí­der em trans­porte. No país conta com umha frota de 3.420 au­to­car­ros, 18 com­boios e 126 elé­tri­cos. Em 2006, en­trou no mer­cado fer­ro­viá­rio atra­vés da em­presa Barraqueiro, en­tom, o único ope­ra­dor pri­vado da fer­ro­via em Portugal.

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