
Os Comités de Defesa da República, conhecidos popularmente polas suas siglas (CDR), nascérom de maneira espontânea nos bairros e vilas de toda Catalunha para garantir o Referêndum. A sua força auto-organizativa demonstrárom-na na passada greve geral do 8 de novembro em protesto pola detençom do Govern. Os CDR coordenárom-se entre eles para fechar as principais artérias de Catalunha. O Principat ficou incomunicado por estradas e autoestradas desde as 6 da manhá até a meia-noite. Agora no meio da incerteza de cara ao 21‑D som a ferramenta de autogestom popular para fazer frente aos embates do Estado.
Com o artigo 155 da Constituiçom despregado em Catalunha, parte do Govern encarcerado e a aceitaçom da cita eleitoral do 21‑D imposta por Rajoy por todos os partidos e organizaçons políticas, os CDR som a ferramenta vertebradora da mobilizaçom popular que traspassa mesmo a fronteira do Principat e atinge diversas vilas e cidades do País Valencià e as Illes.
Os CDR visibilizárom-se na capital catalá o dia 20 de setembro com motivo da ocupaçom do Departamento de Economia pela Guarda-Civil e o assédio à sé da CUP por parte da Polícia Espanhola e as primeiras detençons de altos cargos vinculados à preparaçom do Referêndum.
Daquela, a gente começava a simpatizar com um nome que lhe lembrava aos Comités em Defesa da Revoluçom cubana ou evocava os ‘Comités revolucionàris de barriada’ nados em 1936 na clandestinidade para fazer frente ao golpe de estado fascista.
Em Barcelona deixárom clara a sua determinaçom após horas de mobilizaçom. Isto só era a semente.
Arredor do referêndum
Daquela conhecidos como Comités de Defesa do Referêndum, os CDR fôrom chaves à hora de garantir que a populaçom pudesse votar em liberdade na cita do dia 1 de outubro
Na fim de semana do Referêndum (29 e 30 de setembro) com a ameaça do feche das escolas através do uso da força policial por parte do Estado espanhol, os CDR, daquela conhecidos como Comités de Defesa do Referêndum, fôrom chaves para garantirem a celebraçom do mesmo. Assim, num contexto de violência estatal fôrom capazes de, com grandes doses de imaginaçom e com a resistência pacífica como tática, garantir que mais dum 40 por cento da populaçom puidesse votar em liberdade.
Ninguém melhor do que as vizinhas conhece a idiossincrasia das suas vilas e bairros. Os colégios ficárom abertos toda a fim de semana com turnos de pessoas dentro. “Organizamos jornadas de jogos e festas populares e dormimos em sacos e colchons dentro para que o dia 1 de Outubro todo o mundo puidesse votar e a solidariedade do bairro desbordou-nos. Acordávamos com o almorço que traziam os bares”, conta E. R. do CDR de Gràcia, em Barcelona.
Nalgumhas vilas do rural os tratores frenárom o acesso das carrinhas da guarda-civil, noutras bastou deitar as árvores no meio da estrada para impedir a sua entrada, outras muitas preferírom deixar entrar as forças policiais e esconder as urnas em nichos do cemitério enquanto nos colégios celebravam campeonatos de cartas. Nas cidades e vilas maiores foi possível a organizaçom de resistência pacífica.
Vizinhas de muitas vilas figérom das praças o lugar das assembleias e decidírom juntas como tecer umha estratégia para defenderem as urnas o 1 de outubro mas também como oferecer umha resposta unitária à possível repressom dos corpos policiais. Era a extensom e o nascimento formal dos CDR ultrapassando já as grandes capitais e as cidades catalás.
Da defesa do referêndum à defesa da República
“Fomos conscientes de que diante da repressom do estado tínhamos que estar juntas”
As pessoas que integram os CDR partem de experiências militantes muito diversas (desde a ANC até as CUP) e muitas nom tenhem nenhum tipo de filiaçom política, mas coincidem em que o 20 de setembro, dia em que a Guarda-Civil entrou na Conselleria de Economia, foi quando se dêrom conta “da necessidade de artelhar umha resposta cidadá para fazer frente ao que o Estado estava a preparar. Fomos conscientes de que diante da repressom do estado tínhamos que estar juntas”. Assegura N. S. membro dum CDR do Baix Llobregat (comarca limítrofe com Barcelona).
As praças de vilas e bairros convertírom-se desde entom em lugar de assembleias dos CDR, em espaços de trabalho: as faixas e colagens fam-se ali, e nos lugares escolhidos para concentrar-se em sinal de rejeiçom contra a presença policial, contra as detençons ou contra a aplicaçom do artigo 155. Também espaços de talheres de resistência pacífica. “Nom se podia desperdiçar todo o vivido arredor do 1 de Outubro: a solidariedade, a capacidade de resposta e auto-organizaçom popular”, explica E. R.
Coordenaçom e reptos
O 14 de Outubro umha assembleia nacional em Sabadell servia para coordenar também em chave de país todos os CDR. Participárom 91 assembleias de todo o território.
Assim em paralelo às açons repressivas do Estado surgiu a resposta popular. Primeiro na greve do 3 de outubro contra cargas policiais, mas também com a última greve de 8 de novembro onde a açom política pivotou nos CDR por meio dos cortes da rede viária e ferroviária do Principat. Os CDR demostrárom que ainda que a sua força radica numha estrutura municipal também som quem de coordenar-se entre eles para parar um país inteiro com pouco mais de dous milhares de pessoas.
Na assembleia de Sabadell marcárom reptos futuros: remarcar umha rede de apoios nas localidades onde nom existem CDR, incluir pessoas migradas e pessoas que nom provenhem de coletivos sociais mas por cima de todo, trabalhar no processo constituinte.