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Decidimos gerar um espaço próprio para combater ataques patriarcais às mais novas”

por
Cecilia, Yaiza e Luca do co­le­tivo fe­mi­nista A Curuxa | ena barbazán

Meio cento de mulheres de entre 18 e 25 anos organizam-se através do coletivo Curuxa Feminista para combater os ataques patriarcais que sofrem como estudantes. A agrupaçom nasceu em Vigo, mas em menos de um ano expandiu os seus núcleos para a Corunha, Pontevedra e Compostela, cidade da qual participam as ativistas feministas Cecilia Ramil, Luca Dapena e Yaiza Otero.

Como e quando nasce Curuxa Feminista?
Cecilia Ramil: Curuxa nas­ceu há dous anos em Vigo e neste curso aca­dé­mico criou-se tam­bém em Compostela, na Corunha e em Ponte Vedra. A ne­ces­si­dade que tí­nha­mos de criar este co­le­tivo é a mesma. Precisávamos de um es­paço em que to­parmo-nos se­gu­ras, có­mo­das e es­cui­ta­das. Em Compostela co­me­ça­mos a fa­lar al­gumhas mo­ças que es­tá­va­mos em ou­tros es­pa­ços fe­mi­nis­tas e es­tu­dan­tis onde as di­nâ­mi­cas nom eram todo o fe­mi­nis­tas que de­ve­riam ser. Vimos que as com­pa­nhei­ras de Vigo vi­ve­ram este mesmo pro­cesso e de­ci­di­mos te­cer rede com elas.

Por que é im­por­tante um es­paço como Curuxa?
Luca Dapena: Em Curuxa to­pa­mos um lu­gar onde fa­lar to­das em ho­ri­zon­tal, sem que nen­gumha es­teja por acima da ou­tra. Se que­res par­ti­ci­par no mo­vi­mento fe­mi­nista, es­tar com mo­ças da tua idade e com as que com­par­tes pre­o­cu­pa­çons é fun­da­men­tal. Estamos co­nec­ta­das com lu­ga­res da Galiza e isso per­mite abrir o ho­ri­zonte. Também so­mos au­tó­no­mas, nom de­pen­de­mos de nin­guém, e isso fai-nos sen­tir livres.
Yaiza Otero: Nas as­sem­bleias to­das so­mos es­cui­ta­das. Nom é um es­paço onde te sin­tas coi­bida se­nom que to­das as opi­ni­ons som ou­vi­das e, quan­tas mais par­ti­ci­pe­mos, me­lhor. Tratamos de evi­tar que al­gumha se sinta des­lo­cada, por isso nom há umha di­re­tora de Curuxa.

Como se or­ga­niza essa horizontalidade?
C. R.: Cada um dos nú­cleos de Curuxa fun­ci­ona de forma in­de­pen­dente, au­to­ge­rem-se, mas man­te­mos a co­mu­ni­ca­çom en­tre nós. Isto per­mite que, por exem­plo, em cada lu­gar se poda tra­ba­lhar no que ape­teça e ge­rir-se em base a quan­ti­dade de mo­ças que haja.

Mantendes jun­tas nacionais?
L. D.: Com o ga­lho da ­mo­bi­li­za­çom do mo­vi­mento fe­mi­nista do 4 de março, e como Curuxa nas­ceu em Vigo, jun­tamo-nos todo esse fim de se­mana. Dedicamo-nos a co­nhe­cer-nos bem to­das, a de­ba­ter so­bre a pró­pria Curuxa e as nos­sas pre­o­cu­pa­çons. Acabamos fa­lando de raça, de classe… Também fi­ge­mos umha jor­nada de cui­da­dos para fa­zer honra ao que é Curuxa, um es­paço se­guro onde to­pas ca­ras que te es­cui­tam e nom te jul­gam. Sinceramo-nos. A jor­nada de cui­da­dos tam­bém foi re­ve­la­dora e acu­dir to­das jun­tas à mo­bi­li­za­çom… (sor­rim as três) foi umha passada!

"Estar com moças da tua idade e com as que compartes preocupaçons é fundamental. Ademais, estamos conectadas com outros lugares da Galiza e somos autónomas"

Como de im­por­tante é a or­ga­ni­za­çom das mu­lhe­res, es­pe­ci­al­mente as novas?
Y. O.: Espaços as­sim som mui ne­ces­sá­rios para sen­tir-te com­pre­en­dida. Vês que nom és a única que pensa que isto está mal. Na luita es­tu­dan­til mui­tas ve­zes guar­dam-se as vi­o­lên­cias es­pe­cí­fi­cas con­tra as mu­lhe­res para um se­gundo plano, mas aqui nom existe isso.
C. R.: A re­a­li­dade es­tu­dan­til e a idade, en­tre 18 e vinte e pou­cos anos, di­fe­rença-nos. Isto é mui im­por­tante por­que agora o fe­mi­nismo está che­gando a pes­soas mui no­vas. Em co­le­ti­vos fe­mi­nis­tas em que as mu­lhe­res som mais ve­lhas, os nos­sos pro­ble­mas nom se cor­res­pon­diam com a re­a­li­dade do co­le­tivo. Quando ía­mos às mo­bi­li­za­çons vía­mos a gente maior, e as da nossa idade, onde es­tám? É mui im­por­tante que ge­re­mos os nos­sos pró­prios es­pa­ços se­gu­ros para com­ba­ter desde eles os ata­ques que nos de­dica o pa­tri­ar­cado. Os nos­sos pro­ble­mas como mu­lhe­res som dis­tin­tos, ainda que es­te­jam mar­ca­dos polo mesmo ma­chismo. Também as di­nâ­mi­cas de tra­ba­lho po­dem ser di­fe­ren­tes. No fe­mi­nismo po­de­mos es­tar todas.
L. D.: É me­lhor es­tar or­ga­ni­zada que na casa re­fan­fu­nhando por­que nom tés o teu es­paço! Éramos mui­tas as en­fa­da­das na casa e, agora que nos or­ga­ni­za­mos, Curuxa é um es­paço se­guro atra­vés do que mu­dar as coisas.

A des­mo­bi­li­za­çom da mo­ci­dade é umha re­a­li­dade. Como fai Curuxa para che­gar às moças?
Y. O.: Onde re­fan­fu­nham as pes­soas? Nas re­des so­ci­ais! Aí mo­bi­li­za­mos muito. A gente co­meça a ver que há um co­le­tivo e que anun­cia cam­pa­nhas. Por exem­plo, ti­vé­rom muito êxito os ca­len­dá­rios e raiz disso mui­tas mu­lhe­res sou­bé­rom de nós. Ver tra­ba­lho de­trás anima muito.
L. D.: Temos que che­gar a mo­ças coma nós que es­tu­dam ci­clos de Formaçom Profissional, Universidade… E fá-lo por Instagram, Twitter… por onde é mais do­ado ani­mar a mocidade.
Y. O.: Nom é o mesmo que umha com­pa­nheira de au­las che diga soma-te ao co­le­tivo que ver no Instagram o que es­ta­mos a fazer.
C. R.: Quando che­guei a Compostela pas­sava-me que nom sa­bia onde ir.
L. D.: Até que re­al­mente sa­bes bem quem som os co­le­ti­vos, nom sa­bes onde ir.
C. R.: Nom só há umha forma de tra­ba­lhar. O nosso mé­todo nom é único, mas é do que gos­ta­mos. Nom que­re­mos com­pe­tir com nin­guém nem va­mos des­co­brir a pól­vora, se­nom que é mais ou­tro mé­todo de tra­ba­lhar e quem gos­tar, bem-vinda será.

Que pa­pel con­si­de­ra­des que man­te­des den­tro do mo­vi­mento feminista?
C. R.: Cara ao 8 de março par­ti­ci­pa­mos das dis­tin­tas as­sem­bleias que se con­vo­cá­rom tanto no es­paço de Galegas 8M ‑en­con­tros dos fe­mi­nis­mos a ní­vel na­ci­o­nal- como no es­tu­dan­til. Algumhas cou­sas fa­zemo-las pola nossa conta e ou­tras, das que gos­ta­mos, em coletivo.
L. D.: Nom tés que ir com o es­tan­darte de Curuxa por ali onde vaias! Podes par­ti­ci­par de qual­quer ou­tro espaço.

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Por que é tam im­por­tante a or­ga­ni­za­çom fe­mi­nista no âm­bito estudantil?
C. R.: As mu­lhe­res so­mos mai­o­ria na USC, mas nom se fala de nós se­nom de­les. O ma­chismo en­tre o pro­fes­so­rado é quan­ti­oso e como aluna es­tás numha po­si­çom de in­fe­ri­o­ri­dade de po­der, polo rol do pro­fes­so­rado e por­que ao fi­nal som quem te vam ava­liar. Nas car­rei­ras téc­ni­cas só som ho­mens, por exem­plo, as que es­tu­dam en­ge­nha­ria in­for­má­tica es­tám mui soas.
L. D.: Um dos pro­je­tos em mar­cha é o Campus do Medo. Numhas das pri­mei­ras as­sem­bleias fi­ge­mos umha chuva de ideias e mui­tas co­men­tá­va­mos que vol­tar a casa era umha odis­seia polo que lan­ça­mos esta cam­pa­nha do Campus que abri­mos e agora é de to­das. As re­si­dên­cias em Compostela, umha no Burgo e ou­tra na Condessa, es­tám mui afas­ta­das do nú­cleo ur­bano polo que se con­ver­tem em caldo de cul­tivo para acos­sa­do­res e vi­o­la­do­res. Mas tam­bém há ma­chismo nas au­las, nas ma­té­rias que es­tu­da­mos… Se nom vi­ves este ma­chismo, se nom o sen­tes, nom tés esse afám por lui­tar con­tra ele. Queremos ser nós as que ata­quem es­ses problemas.
Y. O.: E que te to­mem a sé­rio, que já é di­fí­cil sendo mu­lhe­res e mo­ças. Por ve­zes se­me­lha que tés que vi­ver 60 anos para po­der-te queixar!
L. D.: E sa­ber que tés de­trás um exér­cito de mo­ças que vam ir a morte con­tigo, que va­mos apoiar-te e ir com toda a nossa força!

"Somos muitas as que nom nos sentimos seguras nos Campus, mas o bom é que também somos muitas as que queremos fazer algo para que isso mude"

Como é o tra­ba­lho que es­ta­des a re­a­li­zar no Campus do Medo?
L. D.: Tivemos um en­con­tro com o al­calde de Compostela, Martinho Noriega, junto com as con­ce­lhei­ras Marta Lois e Xan Duro. Pareceu-nos um passo adi­ante ser­mos es­cui­ta­das para que fa­gam o que lhes com­pete como é co­lo­car lu­zes de rua. Também pu­ge­mos bu­zons nas fa­cul­da­des para que as com­pa­nhei­ras fa­gam ver as suas pre­o­cu­pa­çons e te­re­mos quanto me­nos umha aula de autodefesa.

Tivo boa aco­lhida nas moças?
C. R.: Desgraçadamente, sim. Na pri­meira jun­tança es­go­ta­mos as ca­dei­ras que ha­via na Casa do Matadoiro, onde nos reu­ni­mos, e mui­tas ti­ve­mos que sen­tar no cham. Digo des­gra­ça­da­mente por­que so­mos mui­tas as que nom nos sen­ti­mos se­gu­ras nos Campus, mas o bom é que tam­bém so­mos mui­tas as que que­re­mos fa­zer algo para que isso mude.
O pro­jeto Campus do Medo é de to­das. Entom, agora, que­re­mos fa­zer tra­ba­lho den­tro do pró­prio co­le­tivo com jor­na­das de de­ba­tes e cui­da­dos. Vimos de ter muita ati­vi­dade e que­re­mos re­bai­xar esse ní­vel de lou­cura para ver-nos e topar-nos.
Y. O.: Nestes dias, com o 8 de março, via mais as com­pa­nhei­ras de Curuxa que as com­pa­nhei­ras de piso! Temos muita di­ver­si­dade no co­le­tivo, es­tu­dan­tes de ma­te­má­ti­cas, me­di­cina, do ci­clo de fotografia…
L. D.: Assim de fi­lo­lo­gia in­glesa po­de­mos sa­ber como es­tám as de me­di­cina. Vês que os pro­ble­mas es­tám em to­dos la­dos. O pa­tri­ar­cado nom deixa a nen­gumha tran­quila e, ante isso, está Curuxa.

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