O primeiro que deveríamos fazer se quigermos ser capazes de ter certa claridom mental, no meio da tremenda quantidade de dados, e ademais podê-lo fazer sem que os nojentos cheiros de pós-verdade e cansaço da imprensa fabricada em Madrid, é, sem dúvida, dar umha olhada para a realidade da economia produtiva de Catalunha e o seu posicionamento na economia inter-regional e mundial.
De um ponto de vista estrutural, Catalunha conta com um tecido empresarial muito peculiar baseado nas PEMES, muitas delas campeás em exportaçom e inovaçom, com umha presença moderada de grande empresa (com elevados índices de produtividade) e um sector público provavelmente demasiado reduzido.
Com apenas estes dados vê-se claro: as PEMES suponhem o 70 por cento de ocupaçom e o 35 por cento das exportaçons catalás. Ao mesmo tempo, é umha economia cada vez mais aberta ao mundo: com apenas o 16% da populaçom do Estado realiza o 25,5 % de exportaçons, que suponhem perto de 70 mil milhons de euros anuais.
De umha perspetiva de sectores económicos, a economia catalá baseia-se em grande medida na indústria, na exportaçom e no turismo e serviços. Também é importante destacar sectores estratégicos, intensivos em capital humano como atividades profissionais, científicas e técnicas, que em 2014 ocupavam a 200.000 pessoas.
Portanto vemos que umha grande parte da economia catalá tem umha estrutura notavelmente descentralizada e muito aberta aos mercados internacionais, cada vez mais desconetada com os modelos de desenvolvimento INE e pouco dependente do mercado espanhol.
Cada vez é maior a consciência do cancro económico que suponhem as grandes empresas vinculadas ao poder financeiro, o dinheiro público repartido no BOE e os contratos negociados no palco do Bernabeu
Nos sectores empresariais mas também nas classes meias e trabalhadoras está-se a ter umha consciência cada vez maior do cancro económico que suponhem as grandes empresas vinculadas ao poder financeiro, o dinheiro público repartido no BOE e os contratos negociados no palco do estádio que leva o nome do fascista Bernabeu. O sistema nomeado Aznarado que centrifugou todos os sectores económicos foi desenvolvido e aplaudido por outros dirigentes do PSOE e PP, que gozou também de ilustres colaboraçons pontuais de membros de IU, PNV e CIU. As portas giratórias que situam, por dar três exemplos, Felipe González no conselho de Gas Natural, a Aznar no Conselho de Endesa… mas também Roca, Salgado, Piqué; Zaplana, Guindos, Rato, Imaz e dúzias e dúzias de nomes mais. Numha escala menor, o Aznarado e a pequena metástase criada ao redor das caixas catalás e o Banco Sabadell acabam-se encontrando e entrelaçando a finais de 2000.
A veracidade do centro, a turbo-economia e a violência da crise financeira posterior provocou umha baixa-mar que deixou descobertas todas as misérias de umha gestom megalómana profundamente classista e corrupta.
Finalmente após pagar até a última gota dos excessos da classe político-financeira, a de Madrid e a de Barcelona, agora é muito transversal a perceçom da economia catalá, a cidadania e as empresas som cautivos de um entramado financeiro de captaçom mafiosa de dinheiro público e de sobrecustos irracionais e serviços por baixo de estândares europeus em todos os sectores regulados polo Estado.
Do custo e a qualidade do café num comboio do AVE, até a taxa que paga umha aeronave por aterrar no Prat. O imposto do solo, os abusos na fatura elétrica, telefónica, as autoestradas e o nom investimento em autovias, a desastrosa situaçom do cercanias de Barcelona, as preferentes, as operaçons de estafa massiva com Bankia ou Banco Popular. Os enormes custos em termos de malbaratamento de recursos e ineficiências estruturais som agora umha obviedade para a grande maioria da sociedade em Catalunha.
Por isso, do tecido produtivo real, da grande empresa exportadora, das PEMES, dos autónomos, até as cooperativistas, o mundo sindical, agrário e o da investigaçom, em definitiva das pessoas que acordam cedo de manhá e criam ocupaçom, suportam pressom fiscal, que fazem exportaçons e geram riqueza; a fugida das empresas e a queda do regime do 78 é visto como umha grande libertaçom, como umha grande oportunidade.
Podemos fazer um símil com a consigna ‘abaixo as muralhas’, que a cidadania de Barcelona, derrotada mas cheia de vida e de ganas de abrir-se ao mundo e desenvolver-se, fijo seu quando tirárom as muralhas borbónicas que a fechavam e encadeavam em 1854.
Claro que existem incerteza e nervos, claro que venhem nuvens de tempestade mas a confiança das pessoas nelas mesmas, acompanhada dos resultados macroeconómicos, dos índices como o investimento estrangeiro, o crescimento das exportaçons, o resurgimento do mundo agrícola e cooperativista mas sobretudo, a memória e a consciência do que é e representa o modelo económico impulsado por Madrid com a conivência dos sectores da elite empresarial unionista (Godó, Gay de Montellá, Rosell, Brofau…) catalá, empurra-nos para à frente: Adiante com a República!