Periódico galego de informaçom crítica

Em cada esquina umha livraria…

por
charo lo­pes

Há um tempo con­tava-anos, al­guém do se­tor do li­vro, o ab­surdo de umha si­tu­a­çom vi­vida numha li­vra­ria. Umha cli­enta acu­dia a re­co­lher um li­vro com­prado atra­vés da pla­ta­forma mais co­nhe­cida de venta on­line e, umha vez aberta a caixa, o tam es­pe­rado ob­jeto  apre­sen­tava umha tara. Cara es­tu­pe­facta e halo de de­sen­canto. A nossa tes­te­mu­nha in­vo­lun­tá­ria co­men­tou-lhe: “Se o com­pras­ses di­re­ta­mente nesta li­vra­ria já te­riam com­pro­vado as con­di­çons do mesmo, ou de nom ser as­sim da li­vra­ria sai­rias com um ou­tro exem­plar em boas condiçons”.

Umha das ame­a­ças di­re­tas ao co­mer­cio de pro­xi­mi­dade é a venda atra­vés das gran­des pla­ta­for­mas on­line. O gi­gante co­me­çou ven­dendo li­vros apro­vei­tando o “pres­tí­gio” his­tó­rico as­so­ci­ado a este pro­duto. Poderia ter co­me­çado ven­dendo qual­quer ou­tra cousa. Mas es­co­lhé­rom os li­vros. A pro­pó­sito, essa Corporaçom Única, com o mo­no­pó­lio e con­trole da eco­no­mia e das vi­das das pes­soas,  que lía­mos  nos li­vros de dis­to­pias fu­tu­ris­tas, já está, como quem di, en­tre nós, e nom fa­ze­mos mais do que alimentá-lo.

Podemos en­ten­der a co­mo­di­dade de dar um cli­que e re­ce­ber as cou­sas na porta da casa e tam­bém a com­pe­ti­ti­vi­dade dos pre­ços pola de­sa­pa­ri­çom de in­ter­me­di­a­çons e a pre­ca­ri­za­çom dos pro­ces­sos. Para além disso, para o caso dos li­vros, ro­çando a ile­ga­li­dade já que o seu preço é fixo,  e só se po­dem ter des­con­tos em con­ta­das ex­ce­çons, algo que o pro­te­geu da com­pe­tên­cia agres­siva até o de agora.

Porém, esta co­mo­di­dade es­conde um sis­tema per­ni­ci­oso que des­trói a ca­deia do li­vro e afeta a to­dos os elos, as li­vra­rias en­tre eles. As li­vra­rias som es­pa­ços em que, ade­mais da venda de  li­vros, acon­te­cem mui­tas ou­tras cou­sas, dam-se en­con­tros en­tre lei­to­ras, há apre­sen­ta­çons, obra­doi­ros, con­ver­sas pro­fun­das so­bre os li­vros e so­bre as vi­das. Há des­co­ber­tas li­te­rá­rias, mesmo te­ra­péu­ti­cas mui­tas das ve­zes. Amazon pro­voca que es­tes es­pa­ços desapareçam. 

Ademais pre­ca­riza todo o que toca, por exem­plo as pes­soas que fam os re­par­tos, e o se­tor in­teiro, por contágio. 

O pe­queno co­mér­cio tem to­das as li­mi­ta­çons ima­gi­na­das para man­ter o equi­li­bro no jogo da com­pe­tên­cia cri­ada, di­ri­gida e li­de­rada pola cor­po­ra­çom do sor­riso de cartom

A vida nos bair­ros vê-se tam­bém afe­tada polo efeito ne­ga­tivo das com­pras atra­vés das gran­des pla­ta­for­mas com a con­se­guinte de­sa­pa­ri­çom do co­mer­cio de pro­xi­mi­dade. Um ecos­sis­tema de co­mér­cios  va­ri­ado dá ser­viço a um am­plo per­fil de po­pu­la­çom. O pe­queno co­mer­cio tem to­das as li­mi­ta­çons ima­gi­na­das para man­ter o equi­li­bro no jogo da com­pe­tên­cia cri­ada, di­ri­gida e li­de­rada pola cor­po­ra­çom do sor­riso de car­tom. Isto foi bem vi­sí­vel du­rante o con­fi­na­mento, o con­traste en­tre os bair­ros onde se­guia a ha­ver vida e as pes­soas ti­nham perto os sub­mi­nis­tros bá­si­cos, e os bair­ros (chame-se-lhe zona tu­ris­ti­fi­cada, na nossa ci­dade) onde todo es­tava fe­chado. Fica aqui a ideia de fa­cer pla­ta­for­mas ci­da­dás em fa­vor de um mo­delo al­ter­na­tivo das nos­sas vi­las e cidades.

Consumir no pe­queno co­mer­cio su­pom umha elei­çom cons­ci­ente. É umha de­ci­som que exige um com­pro­misso com a pró­pria co­mu­ni­dade, com a sus­ten­ta­bi­li­dade. Escolher onde se con­some e tam­bém o que se con­some é um ato po­lí­tico com muito po­der de in­fluên­cia no meio em que se vive. Queremos um mo­delo de ci­dade e de co­mér­cio onde con­vi­vam lo­jas tra­di­ci­o­nais e atu­ais, que se­jam úteis, que te­nham qua­li­dade, que te­nham ca­li­dez, que em­pre­guem as pes­soas com con­tra­tos dig­nos e que op­tem por um con­sumo res­pon­sá­vel e nom de­pre­da­dor do planeta.

Mon Vilar Figueirido e Patricia Porto Paderne som livreiras da lila de lilith, em Compostela.

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