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Eucaliptos que medram sobre terras agrárias

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À es­pera de que a Junta da Galiza pu­bli­que um de­creto que li­mite a ex­pan­som do eu­ca­lipto, do qual já pu­bli­cou um ras­cu­nho, as­so­ci­a­çons de pro­du­to­res flo­res­tais es­tám a or­ga­ni­zar umha opo­si­çom pe­rante a pos­si­bi­li­dade de que essa nova norma im­peda a nova plan­ta­çom de eu­ca­lip­tais nos seus ter­re­nos. Concelhos como o de Castroverde som um dos fo­cos deste tipo de opo­si­çom. 

Pedro Alonso, in­te­grante da re­cém-cri­ada Assembleia Galega con­tra a Eucaliptizaçom, in­dica que essa proi­bi­çom para a plan­ta­çom de eu­ca­lipto em vá­rios con­ce­lhos da pro­vín­cia de Lugo que apa­re­cia no ras­cu­nho do de­creto cor­res­pon­dem-se com umha proi­bi­çom aos con­ce­lhos que nom con­tam com pla­nos de mon­tes in­te­gra­dos no Plano Florestal. Assim, Alonso acres­centa que após um ma­peio re­a­li­zado por en­ge­nhei­ros re­sul­tou que ta­les con­ce­lhos in­se­rem-se numha banda que vai dos Ancares até sul-oeste da pro­vín­cia de Lugo. “Esta é umha zona em que houve umha ex­pan­som do Eucaliptus ni­tens”, sa­li­enta Alonso. 

nos últimos 20 anos deu-se um fenómeno de abandono de terras agrárias, em concreto de pradarias dedicadas a exploraçons leiteiras, o que deu lugar a plantaçons de eucaliptos

O ati­vista da Assembleia con­tra a Eucaliptizaçom acres­centa que “nes­sas zo­nas nos úl­ti­mos 20 anos deu-se um fe­nó­meno de aban­dono de ter­ras agrá­rias, em con­creto de pra­da­rias de­di­ca­das a ex­plo­ra­çons lei­tei­ras, o que deu lu­gar a plan­ta­çons de eu­ca­lip­tos. Ademais, nes­tas zo­nas há um con­junto de pro­pri­e­tá­rios com su­per­fí­cie de eu­ca­lip­tos maior do que a meia no resto de ter­ri­tó­rios ga­le­gos. Se es­tas plan­ta­çons te­nhem um ren­di­mento de 8.000 eu­ros por hec­tare cada 10 anos, es­tes pro­pri­e­tá­rios te­rám uns ren­di­men­tos mais al­tos pois con­tam com su­per­fí­cies de eu­ca­lipto de en­tre 10 e 15 hec­ta­res”. 

 

A ex­pan­som do ‘E. nitens’
A es­pé­cie que até o de agora foi a pre­fe­rida na in­dús­tria pas­teira e que se pro­pa­gou es­pe­ci­al­mente pola costa atlân­tica e pola Marinha foi o Eucaliptus glo­bu­lus, umha es­pé­cie flo­res­tal ori­gi­ná­ria da Tasmânia. Porém, nos úl­ti­mos anos está a se es­ten­der po­las co­mar­cas do in­te­rior o Eucaliptus ni­tens, es­pé­cie pro­ce­dente da Austrália e cuja pre­sença nos mon­tes ga­le­gos co­me­çou na dé­cada de 80 de­vido ao in­te­resse das in­dús­trias de pasta de pa­pel. Porém, foi a par­tir dos co­me­ços deste sé­culo XXI quando a pro­pa­ga­çom desta nova es­pé­cie polo ter­ri­tó­rio ga­lego se fijo mais no­tó­ria.  

para produzir o que produz umha tonelada de E. globulus necessitam-se duas toneladas de E. nitens. Ademais, os processos extrativos som diferentes e pode implicar a utilizaçom de novos produtos químicos dos quais desconhecemos o seu impacto

A ex­pan­som do E. ni­tens tem a ver com a sua re­sis­tên­cia à ge­ada, o que per­mite o seu cres­ci­mento nas co­mar­cas do in­te­rior, e a um in­seto que está a cau­sar da­nos nas plan­ta­çons de E. glo­bu­lus, es­pe­ci­al­mente em zo­nas que su­pe­ram os 200 ou 300 me­tros de al­tura. Tal in­seto, que se con­si­dera a prin­ci­pal praga do eu­ca­lipto na atu­a­li­dade, é o Gonipterus scu­tel­la­tus.

Ainda que as as­so­ci­a­çons de pro­du­to­res de ma­deira e a in­dús­tria pas­teira vem nesta nova es­pé­cie de eu­ca­lipto o fu­turo da ex­plo­ra­çom, há ci­fras que po­nhem em causa a sus­ten­ta­bi­li­dade e o ren­di­mento eco­nó­mico do E. ni­tens. Da Assembleia con­tra Eucaliptizaçom aler­tam de que a pro­du­çom por me­tro cú­bico de ma­neira é me­nor no E. ni­tens do que no E. glo­bu­lus e que a ra­tio lignina/celulosa é maior no E. ni­tens. Assim, Pedro Alonso in­dica que “se cal­cula que para pro­du­zir o que pro­duz umha to­ne­lada de E. glo­bu­lus ne­ces­si­tam-se duas to­ne­la­das de E. ni­tens. Ademais, os pro­ces­sos ex­tra­ti­vos som di­fe­ren­tes e isto pode im­pli­car a uti­li­za­çom de no­vos pro­du­tos quí­mi­cos dos quais des­co­nhe­ce­mos o seu im­pacto nas var­re­du­ras”. 

 

Circuito da madeira
O eu­ca­lipto é umha es­pé­cie cu­jas quen­das de corte cos­tu­mam ser cada 10 ou 12 anos. Há as­so­ci­a­çons de gran­des pro­du­to­res como a Promagal, que ne­go­ciam acor­dos de pre­ços com en­ti­da­des como Norfor, a fi­lial flo­res­tal da ENCE. “Nestes ca­sos cos­tuma-se ven­der por 35 eu­ros a to­ne­lada, mas pode che­gar aos 40 eu­ros”, aponta Alonso. No caso de pe­que­nos pro­du­to­res, a venda da ma­deira cor­tada de eu­ca­lipto fai-se atra­vés de in­ter­me­diá­rios que de­pois lha ven­dem a Norfor. Neste casso os pre­ços aos que ven­dem os pe­que­nos pro­pri­e­tá­rios som mais bai­xos. Estas ci­fras cor­res­pon­dem-se com a pro­du­çom do E. glo­bu­lus, os pre­ços de E. ni­tens po­de­riam ser mais bai­xos.

há uns 248.169 hectares de eucaliptais puros, mas se a esta cifra se lhe somam os hectares de eucaliptais mistos, com outras espécies arbóreas, ascendem a 433.915

 

PLAN FLORESTAL 1992–2032: Um plano feito para nom cumprir-se
O Plano Florestal da Galiza (PFG), do ano 1992, é um do­cu­mento bá­sico que pre­ten­dia es­ta­be­le­cer um mo­delo flo­res­tal a longo prazo. Porém, desde os pri­mei­ros mo­men­tos da sua vi­gên­cia a ad­mi­nis­tra­çom ga­lega pouco fijo polo seu de­sen­vol­vi­mento. O PFG mar­cava umha meta em que o re­parto de es­pé­cies ar­bó­reas pola su­per­fí­cie ga­lega se­ria de 219.000 hec­ta­res de cas­ti­nheiro, uns 334.000 hec­ta­res de Pinus pi­nas­ter e uns 245.000 hec­ta­res de eu­ca­lipto. O am­bi­en­ta­lismo leva tempo de­nun­ci­ando o evi­dente in­cum­pri­mento des­tas ci­fras ba­se­ando-se na re­a­li­dade que ex­po­nhem as ci­fras dos Inventários Florestais Nacionais (IFN) que re­a­liza o go­verno es­pa­nhol. No IFN4, pu­bli­cado em 2010, os hec­ta­res de Pinus pi­nas­ter eram 217.281 e os de sou­tos e vi­du­ei­ras uns 46.455. Neste mesmo in­ven­tá­rio en­con­tram-se uns 248.169 hec­ta­res de eu­ca­lip­tais pu­ros, mas se a esta ci­fra se lhe so­mam os hec­ta­res de eu­ca­lip­tais mis­tos, com ou­tras es­pé­cies ar­bó­reas, as­cen­dem a 433.915.

Eucalipto e lume som duas palavras que definem a realidade do panorama florestal galego

A eu­ca­lip­ti­za­çom da Galiza, pro­mo­vida polo go­verno au­to­nó­mico desde os anos 80, foi umha das ca­ra­te­rís­ti­cas da po­lí­tica flo­res­tal no nosso país. Outro dos pi­a­res desta po­lí­tica flo­res­tal, que nom pode en­ten­der-se des­vin­cu­lada da plan­ta­çom de umha es­pé­cie pi­ró­fita como é o eu­ca­lipto, é a luita con­tra o lume. Assim, anu­al­mente os or­ça­men­tos da Conselharia de Meio Rural de­di­cam ar­re­dor de 100 mi­lhons de eu­ros para o pro­grama de pre­ven­çom e luita con­tra os in­cên­dios. Estas ci­fras con­tra­di­zem o pró­prio PFG 1992–2032. Segundo um re­la­tó­rio do Conselho de Contas so­bre o pe­ríodo 2008–2012, um 60% do di­nheiro pú­blico para po­lí­ti­cas flo­res­tais era des­ti­nado à luita con­tra o lume, en­quanto o plano flo­res­tal con­tem­plava o gasto em pre­ven­çom de in­cên­dios no 13,20% do to­tal do gasto em po­lí­ti­cas florestais.

Eucalipto e lume som duas pa­la­vras que de­fi­nem a re­a­li­dade do pa­no­rama flo­res­tal ga­lego. Atualmente, a Junta está a tra­ba­lhar na re­vi­som do PFG mas por parte do am­bi­en­ta­lismo nom se aguarda que haja mu­dança de rumo nas po­lí­ti­cas flo­res­tais. Tampouco se aguarda que se lhe re­cla­mem às in­dús­trias pas­tei­ras que mer­cam a ma­deira de eu­ca­lipto, como a ENCE, que as­su­mam al­gum dos cus­tos eco­ló­gi­cos e eco­nó­mi­cos que a plan­ta­çom desta es­pé­cie pro­voca no nosso país. 

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