Falar com o rural para prever os incêndios

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Batefogo é umha experiência com a populaçom do rural galego através da educaçom medioambiental

adri­ana p. villanueva

Na luita con­tra o lume há umha per­gunta que se re­pete e que se­me­lha de com­plexa res­posta: quem prende lume ao monte? Ainda que dos meios de co­mu­ni­ca­çom con­ven­ci­o­nais e mesmo da ad­mi­nis­tra­çom nom dei­xam de pôr no foco na fi­gura das pes­soas in­cen­diá­rias, há ini­ci­a­ti­vas ci­da­dás que es­tám a tra­ba­lhar atra­vés dumha ótica mais es­tru­tu­ral, en­ten­dendo que umha causa im­por­tante dos lu­mes que ano trás ano as­so­lam o país é o aban­dono do rural.

Sobretodo na pro­vín­cia de Ponte Vedra es­tám a agro­mar co­mu­ni­da­des de mon­tes e pro­je­tos que pro­cu­ram um apro­vei­ta­mento ra­ci­o­nal do monte e que op­tam pola plan­ta­çom de ár­vo­res au­tóc­to­nes, ten­tando pôr as­sim couto à eu­ca­lip­ti­za­çom do monte ga­lego. Porém, o pro­jeto Batefogo, im­pul­si­o­nado por edu­ca­do­ras am­bi­en­tais ache­gou-se a umha das zo­nas quen­tes no mapa dos lu­mes do país, a Maceda de Trives, para ana­li­sar e tra­ba­lhar com a po­pu­la­çom do ru­ral a pre­ven­çom dos lumes.

Umha das pe­ças do pro­jeto Batefogo foi o edu­ca­dor am­bi­en­tal Miguel Pardellas, quem ex­plica que “a ideia nas­ceu em 2014, de pes­soas que tra­ba­lham no ám­bito da edu­ca­çom so­cial e am­bi­en­tal que de­ci­di­ram pres­tar aten­çom à pre­ven­çom de in­cên­dios”. Esta equipa re­a­li­zara a aná­lise de que “nunca se abor­dara o pro­ble­mas dos lu­mes desde umha pers­pe­tiva so­cial. Os in­cên­dios som um pro­blema so­cial com umha re­per­cu­som am­bi­en­tal, polo que se pre­ci­sam fer­ra­men­tas so­ci­ais para o en­fren­tar”, ex­plica Pardellas.

O pro­jeto Batefogo es­tru­tu­ra­ria-se em qua­tro ei­xos: o es­tudo do ter­ri­tó­rio, a edu­ca­çom am­bi­en­tal, a par­ti­ci­pa­çom e a co­mu­ni­ca­çom. “O tra­ba­lho é com a gente, trata-se de um pro­jeto de di­na­mi­za­çom da co­mu­ni­dade”, in­dica Pardellas, “pu­de­mos ver que na ori­gem dos lu­mes há umhas cau­sas es­tru­tu­rais e ou­tras cir­cuns­tan­ci­ais, e nes­tas som úteis os re­cur­sos das co­mu­ni­da­des para re­sol­ver o pro­blema dos lumes”.

A ex­pe­ri­ên­cia de Maceda

Entre as conclusons da experiência de Maceda estám a necessidade de ré-estruturar os montes vizinhais e criar gabinetes de mediaçom entre administraçom e vizinhança


O pro­jeto Batefogo con­tou com umha prova-pi­loto no con­ce­lho de Maceda de Trives no ano de 2016. O go­verno mu­ni­ci­pal desta lo­ca­li­dade ti­nha in­te­resse em tra­ba­lhar na pre­ven­çom de in­cên­dios de umha pers­pe­tiva so­cial, mas a fa­lha de re­cur­sos eco­nó­mi­cos im­pe­diu a con­ti­nui­dade do pro­jeto. A equipa do Batefogo con­ti­nua atu­al­mente a pro­cu­rar con­tac­tos por di­ver­sas lo­ca­li­da­des e co­mu­ni­da­des de mon­tes e tem ad­ver­tido um cres­cente in­te­resse nas fer­ra­men­tas da edu­ca­çom mei­o­am­bi­en­tal, mesmo por parte de agen­tes florestais.

Ainda que a ex­pe­ri­ên­cia de Maceda de Trives se viu trun­cada pola falta de di­nheiro pú­blico, o tra­ba­lho feito por Batefogo nesta lo­ca­li­dade foi útil para ti­rar con­clu­sons so­bre a si­tu­a­çom do ru­ral nas zo­nas mais afe­ta­das po­los in­cên­dios. Pardellas acha que du­rante esta ex­pe­ri­ên­cia “con­fir­ma­mos a ne­ces­si­dade das fer­ra­men­tas que for­nece a edu­ca­çom am­bi­en­tal, mas é di­fí­cil de­sen­volvê-las sem o apoio da ad­mi­nis­tra­çom autonómica”.

adri­ana p. villanueva

Em Maceda, as in­te­gran­tes do pro­jeto Batefogo en­con­trá­rom um po­ten­cial para tra­ba­lhar a pe­quena es­cala e para a cri­a­çom de co­mu­ni­dade, pois umha das pro­ble­má­ti­cas de­te­ta­das é que os mon­tes vi­zi­nhais em mao co­mum se en­con­tram de­sar­ti­cu­la­dos. Outro dos pro­ble­mas en­con­tra­dos no tra­ba­lho com a vi­zi­nhança desta lo­ca­li­dade é umha falta de diá­logo en­tre a po­pu­la­çom e a ad­mi­nis­tra­çom. Segundo in­dica Pardellas, parte da vi­zi­nhança des­co­nhece qual é a le­gis­la­çom am­bi­en­tal cor­res­pon­dente ‑Maceda de Trives está in­te­grada na Rede Natura‑, um facto que pro­voca con­fli­tos com a ad­mi­nis­tra­çom e no qual pode es­tar a ori­gem de al­guns incêndios.

Quais se­riam os se­guin­tes pas­sos a se­guir se o pro­jeto Batefogo con­ti­nua-se? Pardellas in­dica que ha­ve­ria que exe­cu­tar as pro­pos­tas que du­rante este pro­cesso se con­sen­su­a­li­za­ram com as vi­zi­nhas. Entre as ini­ci­a­ti­vas de tra­ba­lho que re­sul­tá­rom desta ex­pe­ri­ên­cia en­con­tra­riam-se, por um lado, abrir umha ofi­cina de me­di­a­çom en­tre as ha­bi­tan­tes do ru­ral e a ad­mi­nis­tra­çom au­to­nó­mica; e por ou­tro, re­a­ti­var os mon­tes vi­zi­nhais em mao co­mum, apos­tando na de­mo­cra­ti­za­çom e fe­mi­ni­za­çom des­tas es­tru­tu­ras. Porém, Miguel Pardellas ad­mite que isto tra­ta­ria-se de um pro­cesso lento.

Este edu­ca­dor am­bi­en­tal fai tam­bém algo de au­to­crí­tica so­bre o pro­cesso do Batefogo em Maceda de Trives e sa­li­enta que “nom fô­rom es­co­lhi­dos os me­lho­res tem­pos, pois os en­con­tros re­a­li­za­ram-se em pri­ma­vera e te­riam que ter sido em épo­cas do ano com umha me­nor carga de tra­ba­lho no ru­ral. Conseguiu-se im­pli­car so­bre todo a gente das co­mu­ni­da­des de mon­tes e de as­so­ci­a­çons cul­tu­rais da vila”.

A pre­ven­çom desde a Junta
Neste ano a con­se­lha­ria de Meio Rural de­sen­vol­veu umha cam­pa­nha de pre­ven­çom de in­cên­dios com o nome de ‘Eu son cor­ta­lu­mes’. Com esta cam­pa­nha o de­par­ta­mento di­ri­gido por Ángeles Vázquez pre­ten­dia cons­ci­en­ci­a­li­zar a po­pu­la­çom com o res­peito ao meio am­bi­ente e a evi­tar con­du­tas de risco nas épo­cas de maior pe­rigo de in­cên­dios. Porém, tal cam­pa­nha, onde as re­des so­ci­ais e a Internet ti­nham um peso fun­da­men­tal, di­rige-se prin­ci­pal­mente a um pú­blico ur­bano e nom se achega às pro­ble­má­ti­cas das ha­bi­tan­tes dos lu­ga­res onde cada ano o lume ar­rasa cen­tos de hec­ta­res de monte.

Para Miguel Pardellas esse ache­ga­mento ao ru­ral é fun­da­men­tal para tra­ba­lhar na pre­ven­çom de in­cên­dios de umha pers­pe­tiva so­cial. Desta po­si­çom po­dem-se tam­bém ana­li­sar as ati­vi­da­des de pre­ven­çom li­ga­das à edu­ca­çom am­bi­en­tal que a ad­mi­nis­tra­çom au­to­nó­mica de­sen­volve e re­co­lhe no Pladiga. Assim, em 2015 e 2016 a Junta re­a­li­zou algo mais de 260 pa­les­tras em cen­tros edu­ca­ti­vos cada um des­tes anos, mas Pardellas cri­tica esta forma de agir: “ainda que se em­pre­gue a gente moça como ve­to­res, há tam­bém que se di­ri­gir à gente maior e à po­pu­la­çom que ha­bita no ru­ral. Quando se vam fa­zer es­tas ati­vi­da­des re­a­li­zam-se de jeito pu­ra­mente in­for­ma­tivo, nom che­gam a es­ta­be­le­cer um diá­logo”. Da pers­pe­tiva deste edu­ca­dor am­bi­en­tal, na ges­tom de es­pa­ços pro­te­gi­dos ‑como os in­te­gra­dos a Rede Natura- a me­lhor op­çom é ofe­re­cer al­ter­na­ti­vas às ha­bi­tan­tes para a sua conservaçom.