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Illa Bufarda: “Existiu um passado na Galiza que nom é o que pensamos”

por
illa bu­farda

Sabela Iglesias e Adriana Villanueva codirigem ‘Negro Púrpura’, um documentário etnográfico que explica a história do caruncho, um fungo que continha o centeio e que serviu para conetar Galiza com o mundo nos anos 50 e para potenciar a indústria farmacêutica internacional. Levedado desde o 2016 quando umha amiga lhes confessa que a súa avó traficava com LSD, ‘Negro Púrpura’ explica umha história que permanecia ocultas às novas geraçons e que as cineastas resgatárom do esquecimento.

O filme está fun­ci­o­nando mui bem fora das sa­las de ci­nema ga­le­gas. Pensastes que a his­tó­ria po­dia-se en­ten­der bem fora do nosso imaginário?

Sabela: Há mui­tos mo­men­tos nas pro­je­çons que com o pú­blico ga­lego en­con­tras essa cum­pli­ci­dade com ex­pres­sons que só se en­ten­dem se és de aqui, mas fora tam­bém há mo­men­tos de risos…

Adriana: O do­cu­men­tá­rio tem muita iden­ti­dade ga­lega, isso é evi­dente, mas para nós foi umha sur­presa que fosse umha dis­tri­bui­dora ma­dri­lena que apos­tasse no pro­jeto e en­cai­xasse den­tro da sua li­nha au­di­o­vi­sual. Tínhamos medo de que nom en­ten­des­sem todo, mas en­ten­dé­rom e mesmo fo­ram elas quem nos fa­lá­rom da pos­si­bi­li­dade de ven­der o filme em mer­ca­dos es­tran­gei­ros. Penso que é bo­nito ver que desde ou­tros sí­tios po­dem ver fil­mes fei­tos aqui coma nós ve­mos de Chile ou dumha al­deia de Finlândia… Cada lu­gar tem a sua iden­ti­dade e está ge­nial que os fil­mes nos le­vem a es­ses lu­ga­res, nom sem­pre ao lu­gar co­mum ianque.

Negro Púrpura’ fala tam­bém do pa­pel que jo­gou Galiza na es­fera internacional.

Adriana: Exato, essa é a re­fle­xom que fi­ge­mos: pen­sa­mos que Galiza sem­pre está à mar­gem de todo e nom tivo im­por­tân­cia na his­tó­ria mun­dial mas pensa que desde Dacom, umha al­deia pe­que­ni­nha do Carvallinho mar­ca­vam-se os pre­ços junto do den­tom junto com o Japom. Existe um pas­sado que nom é o que pen­sa­mos. Essa per­cep­çom de que vi­ve­mos sú­per in­co­mu­ni­ca­das nom é tal… Nos anos 50 no Carvallinho sa­biam in­glês e ti­nham um te­le­fone com o que con­ta­ta­vam com todo o mundo!

Vamos ao co­meço de todo, como des­co­bris­tes esta história?

Adriana: Num al­morço com umha amiga nossa que é das Pontes conta-nos que a sua avó tra­fi­cava com LSD. Como po­des ima­gi­nar esse ti­tu­lar nom foi in­di­fe­rente para nós… ela de­pois ma­ti­zou: “nom era LSD mesmo, se­nom um fungo do que de­pois se sin­te­ti­zou LSD”.

Sabela: Esse dia pu­gemo-nos a bus­car nas re­des e de­mos com um ar­tigo dum pro­fes­sor da Universidade de Santiago que fa­lava de mui­tas cou­sas que nom sa­bía­mos… mas quando co­me­ças a per­gun­tar re­sulta que todo o mundo da ge­ra­çom das nos­sas avós conhecia!

E com este ti­tu­lar mon­ta­des um filme!

Adriana: Em 2016 re­di­gi­mos um pro­jeto para op­tar a vá­rias aju­das e co­me­ça­mos a cam­pa­nha de mi­cro-me­ce­nato, o ba­ru­lho que se fijo mos meios ser­viu como pro­cesso de do­cu­men­ta­çom aberto por­que muita gente da nossa idade co­me­çou a per­gun­tar aos avós polo cor­ne­lho. Sentimo-nos or­gu­lho­sas de par­ti­ci­par em re­a­ti­var este diá­logo intergeneracional.

Enquanto apro­fun­da­des na his­tó­ria, que é o que nom vos deixa soltá-la?

Sabela: Foi um en­gan­che contínuo,sobretodo nos pri­mei­ros me­ses. Desde a vin­cu­la­çom do ca­run­cho com o LSD e o nom sa­ber nada. Por que nom sa­bía­mos nada disso?

E por que nom sa­bía­mos nada?

Adriana: Penso que é umha his­to­ria coma tan­tas ou­tras que essa ge­ra­çom nom lhe deu im­por­tân­cia… Passárom por três guer­ras e o ca­run­cho é umha cousa mais que se re­co­lhia e que num mo­mento lhes deu mui­tos di­nhei­ros. Mas isso leva-nos a pen­sar: quan­tas his­tó­rias mais ha­verá que nom sabemos?

Sabela: Mas a res­pon­sa­bi­li­dade tam­bém é nossa de nom per­gun­tar, te­mos que ter cu­ri­o­si­dade pola nossa pró­pria historia.

Volvendo ao ca­run­cho, que su­pujo para esta geraçom?

Sabela: Supujo um re­curso eco­nó­mico mais que aju­dava a umha pre­cá­ria eco­no­mia do­més­tica, mas nom ti­nham muita cons­ci­ên­cia de para o que ser­via… Alguns pen­sa­vam que era ve­neno e ou­tros con­fun­diam-no com o vol­frâ­mio que ser­via para os ca­nhons de guerra.

E an­tes da che­gada das far­ma­cêu­ti­cas des­co­bri­des que era uti­li­zado po­las parteiras.

Sabela: Sim, em ‘Negro Púrpura’ ten­ta­mos pôr no cen­tro toda essa parte de sa­be­do­ria po­pu­lar das mu­lhe­res. Constatamos gra­ta­mente que as mu­lhe­res ti­nham es­ses co­nhe­ci­men­tos de gi­ne­co­lo­gia e da saúde… e pô-lo em va­lor serve tam­bém para en­ten­der que a ci­ên­cia va­leu-se des­ses conhecimentos.

Falade-me da banda so­nora...

Adriana: a banda so­nora está feita por Paulo Pascual, mo­du­la­dor de Ondas, the­re­mista de Vigo. É a pri­meira peli do Estado com­posta in­te­gra­menre com um theremin.

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