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Iniciativa Xabarín’, o galego necessita um pulo mediático

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A Mesa pola Normalizaçom Linguística recolhe assinaturas para umha proposiçom nom de lei por iniciativa popular para a difusom de programaçom infantil e juvenil em galego. Ao tempo, profissionais do sector lembram a importância do galego chegar às redes sociais.

Para os mi­lhe­ni­als, so­bre­todo, ser do “clube da ga­lega” era um hino e um mo­tivo ab­so­luto de or­gu­lho. Quase que nin­guém nas­cido nos anos 80 nom se­ria ca­paz de can­ta­ru­jar al­gumhas das nu­me­ro­sas can­çons que en­chiam o ho­rá­rio in­fan­til da TVG. E, para a mai­o­ria, os ja­po­ne­ses fa­la­vam ga­lego até que al­guém di­gesse o con­trá­rio. A ra­zom? O Xabarín Clube, mais do que um pro­grama, um ver­da­deiro fe­nó­meno de mas­sas que nom ape­nas trouxo gran­des sé­ries para ne­nas e ra­pa­ri­gas nos anos 80 e 90, se­nom que ade­mais nor­ma­li­zou a pre­sença te­le­vi­siva do ga­lego de­pois de anos par­ti­cu­lar­mente oculto du­rante a di­ta­dura fran­quista. Agora, a Mesa pola Normalizaçom Linguística está a lui­tar para que o que sig­ni­fi­cou este pro­grama, apre­sen­tado por um fa­la­deiro ja­va­rim, re­torne à TVG.

A ini­ci­a­tiva da Mesa Pola Normalizaçom Lingüística

O ga­lego se­gue a per­der fa­lan­tes cada ano. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, “O uso do ga­lego é de­si­gual de­pen­dendo da idade da po­vo­a­çom”. No ano 2018, por exem­plo, “48,48% das pes­soas de 65 ou mais anos” fa­lava “ha­bi­tu­al­mente só em ga­lego”, en­quanto que “en­tre os ra­pa­zes e as ra­pa­ri­gas de 5 a 14 anos, 14,27% ha­bi­tu­al­mente sem­pre fa­lava em ga­lego, 11,85% mais em ga­lego do que cas­te­lhano e 73,88% res­tante uti­li­zava sem­pre o cas­te­lhano ou mais cas­te­lhano do que galego”. 

Perante esta re­a­li­dade, e tendo umha canle pú­blica que, se­gundo re­co­lhe no Estado es­pa­nhol o ar­tigo 4º da lei ge­ral 7/2010 do 31 de março da co­mu­ni­ca­çom au­di­o­vi­sual, deve con­tri­buir “à pro­mo­çom da in­dús­tria cul­tu­ral”, es­pe­ci­al­mente “à de cri­a­çoms au­di­o­vi­su­ais li­ga­das às dis­tin­tas lín­guas e cul­tu­ras exis­ten­tes no Estado”, a Mesa pola Normalizaçom Linguística, pro­pujo-se de­nun­ciar a si­tu­a­çom. Deste modo, nas­ceu “Iniciativa Xabarín”, umha pro­po­si­çom nom de lei (PNL) por ini­ci­a­tiva po­pu­lar para a di­fu­som de pro­gra­ma­çom in­fan­til e ju­ve­nil em galego.

Aqui do que se trata é que o par­la­mento re­co­nheça a PNL por ini­ci­a­tiva po­pu­lar para se po­si­ci­o­nar e que se to­mem me­di­das em re­la­çom à pro­gra­ma­çom in­fan­til e ju­ve­nil em ga­lego”, ex­plica Marcos Maceira, pre­si­dente da Mesa pola Normalizaçom Linguística. “Nom só no que tem que ver com umha Canle Xabarín na TVG, tam­bém atra­vés da op­çom de le­gen­da­gem ou do­bra­gem de pro­gra­mas de ou­tras can­les ou apli­ca­çons. Porque tec­ni­ca­mente é pos­sí­vel”, con­ti­nua.  “Agora mesmo já te­mos mais de 15000 as­si­na­tu­ras que te­mos que apre­sen­tar no dia 5 de abril”.

Aqui do que se trata é que o par­la­mento re­co­nheça a PNL por ini­ci­a­tiva po­pu­lar para se po­si­ci­o­nar e que se to­mem me­di­das em re­la­çom à pro­gra­ma­çom in­fan­til e ju­ve­nil em ga­lego”, ex­plica Marcos Maceira

Na atu­a­li­dade, a pre­sença do ga­lego no âm­bito da te­le­vi­som “é ane­dó­tica”. “Nós te­mos um es­tudo feito do ano 2018 onde cal­cu­la­mos a per­cen­ta­gem que ha­via de ga­lego na TDT em re­la­çom ao es­pa­nhol e no con­junto das lín­guas, e con­cluí­mos que só o 4,6% da pro­gra­ma­çom se­ma­nal está em ga­lego, caindo ao 2,7% du­rante o fim de se­mana”, as­se­gura Maceira. “Na atu­a­li­dade”, de­nun­cia a Mesa, “a lín­gua ga­lega é a única ofi­cial no Estado es­pa­nhol que nom conta com umha canle de emis­som con­ti­nu­ada de pro­gra­ma­çom in­fan­til e ju­ve­nil”. Isto im­plica que “as cri­an­ças ga­le­gas som as úni­cas do Estado es­pa­nhol que nom po­dem go­zar dos me­lho­res con­teú­dos em ga­lego” e ade­mais, a App do Xabarín “está sem atu­a­li­zar desde 2018 e já nom é pos­sí­vel des­car­regá-la em dis­po­si­ti­vos Android”. 

Ademais de pe­dir a CRTVG que “emita to­dos os con­teú­dos com op­çom do­brada ao ga­lego” e tam­bém na sua App, a Mesa busca que a Junta de Galiza “che­gue a acor­dos com ou­tras ad­mi­nis­tra­çoms e em­pre­sas —TVE, Movistar, Netflix, HBO, etc.— com o fim de ga­ran­tir a op­çom do­brada e le­gen­dada ao ga­lego em to­das as pla­ta­for­mas di­gi­tais de te­le­vi­som”. “O go­verno tem que che­gar a um acordo com a TVG para com­par­tir do­bra­gens, fa­vo­re­cer o le­gen­dade nas pla­ta­for­mas…”, acres­centa Maceira. “Os go­ver­nos basco e ca­ta­lám te­nhem um acordo com Movistar+ para le­gen­dado e do­bra­gem dos fil­mes e sé­ries. O que exi­gi­mos na TVG é em com­pro­misso do go­verno ga­lego com isto, que se nos ga­ranta como ga­le­gos que poi­da­mos ver con­teú­dos na nossa lín­gua, já que tam­bém o te­mos que pa­gar. E ade­mais esse é o la­bor da TVG como canle pú­blica desde a sua fundaçom”.

O que exi­gi­mos na TVG é com­pro­misso do go­verno ga­lego com isto, que se nos ga­ranta como ga­le­gos que poi­da­mos ver con­teú­dos na nossa lín­gua, já que tam­bém os te­mos que pagar”

Ademais, Marcos Maceira men­ci­ona a im­por­tân­cia de se re­a­li­za­rem açons para umha re­ce­çom mú­tua en­tre as can­les pú­bli­cas de Galiza e Portugal. “Foi algo que se de­ba­teu no Congresso e saiu adi­ante. Ademais de que está con­tem­plado na Carta Europeia de Línguas Regionais ou Minoritárias”. Para Maceira, e ló­gico que se “se com­par­tem es­pa­ços lin­guís­ti­cos, poi­dam ter re­ci­pro­ci­dade nas emissons”. 

A im­por­tân­cia de ser umha lín­gua transmídia

Nós co­lhe­mos a ima­gem do Xabarín por­que todo o mundo en­tende o que re­pre­senta, sa­bem a que nos re­fe­ri­mos e apro­vei­ta­mos a me­mó­ria que tem o pes­soal de um mo­mento da his­tó­ria onde nesse as­peto a TVG foi re­fe­ren­cial em con­teúdo au­di­o­vi­sual in­fan­til em ga­lego”, con­ti­nua ex­pli­cando o pre­si­dente da Mesa. “Por isso é que a es­co­lhe­mos. Mas isso nom quer di­zer que vaiam ser con­teú­dos num ho­rá­rio con­creto, nem numha canle con­creta. Simplesmente que isso foi pi­o­neiro no seu mo­mento, nos anos 90”, acrescenta.

Porém, tanto Maceira como ou­tros ex­per­tos en­ten­dem que as au­di­ên­cias de hoje em dia som di­fe­ren­tes, e o ga­lego tem que se adap­tar a esta nova re­a­li­dade. “Claro, para a TVG é um gram repto por­que é um tipo de au­di­ên­cia que cos­tuma re­ce­ber con­teú­dos por dis­tin­tos ecráns à vez”, ex­plica Beatriz Feijóo, ex­perta em con­sumo in­fan­til e pro­fes­sora da Universidade Internacional de La Rioja (UNIR). “É o que tec­ni­ca­mente se de­no­mina —e se­guindo o termo de ‘lí­quido’ que usava Bauman—, au­di­ên­cia lí­quida.  O que sig­ni­fica isto? Que a abor­da­gem tra­di­ci­o­nal da au­di­ên­cia fiel num ecrám re­ma­tou. Agora a au­di­ên­cia é lí­quida e há que manté-la nom atra­vés de um meio, mas atra­vés de um con­teúdo. Portanto, a es­tra­té­gia muda”, ex­plica Feijóo.

A ra­pa­zi­ada ga­lega na atu­a­li­dade pode es­tar a ver te­le­vi­som, com o te­le­mó­vel na mao, ao tempo que está a co­men­tar o que vê por Twitter e joga no com­pu­ta­dor. “Por essa ra­zom, umha pro­du­çom de es­tilo li­near para umha canle é bas­tante di­fí­cil, por­que ob­vi­a­mente agora so­mos au­di­ên­cia so­cial e es­ta­mos nas re­des”, con­ti­nua Feijóo. “Por essa ra­zóm, esse con­teúdo, in­de­pen­den­te­mente do que seja, tem que che­gar por dis­tin­tos ecráns para po­der en­vol­ver-te. Isso é o que em ter­mi­no­lo­gia cha­ma­mos Narrativas Transmídia”.

Para a TVG é um gram repto por­que é um tipo de au­di­ên­cia que cos­tuma re­ce­ber con­teú­dos por dis­tin­tos ecráns à vez”, ex­plica Beatriz Feijóo, ex­perta em con­sumo in­fan­til e pro­fes­sora da UNIR

Feijóo tem claro qual é logo a chave para fi­de­li­zar ás cri­an­ças e ado­les­cen­tes do nosso país: as re­des so­ci­ais. “A ra­pa­zada nom vê te­le­vi­som. E, ao tempo, há umha co­no­ta­çom da canle pú­blica, po­de­mos di­zer, como algo de bo­o­mers, non? Agora ver a tele é de bo­o­mers —e des­cul­pando o uso deste termo para re­fe­rir-nos a ge­ra­çons mais ve­lhas—“, ex­plica. “Por essa ra­zom, se tu nom ofe­re­ces umha es­tru­tura e nom ana­li­sas onde está o teu pú­blico ob­je­tivo, o teu tar­get —que ade­mais é um tar­get que é fiel mas ao que lhe tés que ofe­re­cer algo bom por­que é muito exi­gente—, pois é di­fí­cil que con­si­gui­res o que que­res. Feijóo re­corda que “por muito que in­fra­va­lo­re­mos Instagram, mui­tas pes­soas che­gam às se­ries atra­vés de re­des so­ci­ais como esta”.

A pe­sar da ima­gem que tem en­tre as ge­ra­çons mais no­vas a TVG, as ex­per­tas re­cor­dam que ainda nom tudo está per­dido para a te­le­vi­som pú­blica nem para o ga­lego, e a res­posta pode ser umha mis­tura de bons con­teú­dos na te­le­vi­som e nas pla­ta­for­mas de vi­su­a­li­za­çom, junto com um uso mais ativo nas re­des so­ci­ais por parte das pes­soas for­ne­ce­do­ras desse con­teúdo. “A ques­tom, re­pito, nom som os te­mas, se­nom como se apre­sen­tem”. Feijóo as­se­gura que há pes­soas, como a jor­na­lista Esther Estévez, que es­tám a ter um su­cesso re­le­vante nas re­des mais uti­li­za­das pola Geraçom Z como é TikTok. “O pro­grama de Esther Estévez, o Dígocho eu, apro­veita as par­ti­cu­la­ri­da­des que ache­gam as re­des so­ci­ais para che­gar a to­das as par­tes”, di Feijóo. “Que quero di­zer com isto? Que nom fai umha píl­dora como ca­rac­te­rís­tica para Youtube, se­nom que em TikTok tés que im­pli­car as pes­soas com rep­tos. E isso é o que fam esta pro­fis­si­o­nal e a sua equipa. Cousas como “Di tra­ba­lin­guas que usem che-te”, e as­sim é que a au­di­ên­cia se implica. 

Obviamente Feijóo en­tende que esta “abor­da­gem de nar­ra­ti­vas re­quer um maior in­ves­ti­mento e umha maior gui­o­ni­za­çom, e é umha ques­tom que está ao al­cance de pro­du­çons mais ela­bo­ra­das e que te­nham umha es­tra­té­gia de so­cial me­dia”, mas é algo que a longo prazo pode ser mui bom de fa­zer. “Há vá­rios exem­plos disto”, con­ti­nua. “Vem-me à ca­beça a sé­rie da te­le­vi­som pú­blica no­ru­ega, Skam, que era umha se­rie na te­le­vi­som, clás­sica e li­near, mas que ti­nha umha es­tra­té­gia de en­ri­que­ci­mento de con­teú­dos atra­vés das re­des so­ci­ais. Por exem­plo, as per­so­na­gens ti­nham o seu pró­prio per­fil em re­des so­ci­ais, e ha­via pí­lu­las de emis­som en­tre ca­pí­tu­los nas re­des. Isto fijo com que muita gente se enganchas‑e”, ex­plica Feijóo. “Outro bom exem­plo no Estado es­pa­nhol foi a edi­çom do 2017 de Operaçom Triunfo, que saia em TVE, mas que sa­cava moi­tí­si­mos con­teú­dos em re­des en­tre ga­las”. Féijoo tem claro que foi um grande in­ves­ti­mento por parte das te­le­vi­sons es­ta­tais “mas que a longo prazo compensou”.

A ques­tom é como dis­tri­buir a nar­ra­tiva nas di­fe­ren­tes pla­ta­for­mas e como atrair e man­ter es­tas no­vas au­di­ên­cias mais no­vas”, con­clui Feijóo. “A gente nova, in­sisto, é muito exi­gente, e nom só no ní­vel te­má­tico, se­nom tam­bém no es­tru­tu­ral dos con­teú­dos que ofe­re­ças. Por isso a chave é ter claro que po­des fa­zer qual­quer cousa mas sendo trans­mí­dia. E tendo pre­sente que a Geraçom Z nom é só con­su­mi­dora se­nom tam­bém pro­du­tora dos con­teú­dos. Eles que­rem po­der mo­di­fi­car e fa­zer mash up com o que ofe­re­ças. Por isso o que há que mu­dar é o chip, mas penso que te­mos que ser rá­pi­das, que já va­mos com demora”. 

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