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Miragens

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O pro­fes­sor da UVigo Fernando Ramallo co­or­dena A lin­gua en 2050 (Catroventos, 2021), li­vro em que 25 pes­soas (19 ho­mens e 6 mu­lhe­res) apre­sen­tam as suas pre­vi­sons e de­se­jos para o ga­lego nas pró­xi­mas três dé­ca­das. Com des­ta­que para a par­ti­ci­pa­çom pro­ce­dente da RAG e das três uni­ver­si­da­des ga­le­gas (por junto até 60% do to­tal), o vo­lume tam­bém aco­lhe agen­tes com li­ga­çom aos cam­pos po­lí­tico e cul­tu­ral ou pro­fis­si­o­nais e ati­vis­tas da dita nor­ma­li­za­çom lingüís­tica, no que su­pom um pai­nel re­la­ti­va­mente di­verso, em que é pos­sí­vel iden­ti­fi­car as po­si­çons sus­ten­ta­das desde o po­der po­lí­tico au­to­nó­mico, as ins­ti­tui­çons cul­tu­rais de maior cen­tra­li­dade na Galiza atual, o na­ci­o­na­lismo e o reintegracionismo.

É pe­ri­fé­rico no vo­lume o oti­mismo (pre­sente e para o fu­turo) ex­pres­sado polo an­te­rior e polo atual Secretario Xeral de Política Lingüística. Destaca neste sen­tido a in­ter­ven­çom de quem ocu­pou essa res­pon­sa­bi­li­dade na al­tura da apro­va­çom do de­creto 79/2010 “para o plu­ri­lingüismo no en­sino” atu­al­mente vi­go­rante, Anxo Lorenzo, que afirma a su­fi­ci­ên­cia do atual sta­tus le­gal do ga­lego, elude tanto o pro­cesso de in­ter­fe­rên­cia e subs­ti­tui­çom lin­guís­tica como a uni­dade lin­guís­tica ga­lego-por­tu­guesa e mi­ni­miza a res­pon­sa­bi­li­dade da ad­mi­nis­tra­çom pú­blica na pla­ni­fi­ca­çom do fu­turo do idioma.

Fora es­tes, os res­tan­tes con­tri­bu­tos des­ta­cam de ma­neira quase unâ­nime a ne­ces­si­dade de mu­dança na le­gis­la­çom e nas po­lí­ti­cas pú­bli­cas (re­fe­ri­das es­tas ape­nas ao âm­bito au­to­nó­mico, sem ocor­rên­cias re­la­ti­vas ao mu­ni­ci­pal ou pro­vin­cial) ou até no atual sta­tus po­lí­tico da Galiza como con­di­çom para a re­cu­pe­ra­çom e ex­ten­som de usos do ga­lego, des­ta­cando tam­bém a im­por­tân­cia es­tra­té­gica do en­sino, a ne­ces­si­dade de in­cor­po­ra­çom de ne­o­fa­lan­tes, a re­cu­pe­ra­çom da trans­mis­som in­ter­ge­ra­ci­o­nal ou a adap­ta­çom ao campo das no­vas tecnologias.

Quiçá o ca­rac­ter pros­pe­tivo do vo­lume ex­pli­que a au­sên­cia de au­to­a­ná­lise, es­pe­ci­al­mente sa­li­en­tá­vel na­que­las per­soas com res­pon­sa­bi­li­da­des na ins­ti­tu­ci­o­na­li­dade po­lí­tico-cul­tu­ral au­to­nó­mica, e que a abor­da­gem da si­tu­a­çom atual apa­reça no­me­a­da­mente em de­poi­men­tos de na­ci­o­na­lis­tas e rein­te­gra­ci­o­nis­tas. Som tam­bém es­tas as úni­cas po­si­çons em que sur­gem no dis­curso ca­te­go­rias como su­bal­ter­ni­dade ou in­ter­fe­rên­cia, au­sen­tes nos tex­tos dos agen­tes que ocu­pam as ins­ti­tui­çons po­lí­tico-cul­tu­rais da au­to­no­mia, os quais tam­pouco con­tem­plam qual­quer mu­dança na pla­ni­fi­ca­çom do cor­pus e afir­mam a di­fe­rença en­tre ga­lego e por­tu­guês, à vez que pre­vêm uma maior pre­sença deste úl­timo (jun­ta­mente com ga­lego, cas­te­lhano e in­glês) na Galiza “mul­ti­lín­gue” do futuro.

O vo­lume, en­fim, po­derá con­tri­buir tanto para va­lo­ri­zar a uti­li­dade nor­ma­li­za­dora das ideias e po­si­çons so­bre a lín­gua atu­al­mente cen­trais como a even­tual ne­ces­si­dade e con­for­ma­çom dumha al­ter­na­tiva; esta úl­tima, se ca­lhar, re­fe­ren­ci­ada tanto na cons­tru­çom dumha nova ins­ti­tu­ci­o­na­li­dade po­lí­tico-cul­tu­ral (que co­lo­que no cen­tro a res­ti­tui­çom lin­guís­tica e a su­pe­ra­çom da su­bal­ter­ni­dade) como na so­ci­a­li­za­çom dumha ideia de lín­gua as­sente na tra­di­çom ga­le­guista an­te­rior à ro­tura pro­du­zida no iní­cio da au­to­no­mia política.

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