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Noemi Vazquez: “Figemos da aldeia um centro da cultura galega”

por
mi­guel auria

Oceanoe: Travessia polo mar das Antelas’ é o projeto que, desde A Arca da Noe impulsa Noemi Vázquez, junto a uma equipa que deu um passo adiante em tempos difíceis para a cultura. O resultado, um livro-cd que combina literatura e música, com um relato que passa polo imaginário ‘mar’ das Antelas e as vozes de mais de 50 músicas de reconhecido prestígio no panorama musical galego e peninsular. A campanha, já disponível em ‘Verkami’, chama agora polas marinheiras para “vogar”.

Por que o for­mato de li­vro-cd e com que ob­je­tivo nasce esta grande empresa?

Durante a pan­de­mia, ao ter­mos que tra­ba­lhar num for­mato mais pe­queno, deu tempo para re­fle­tir so­bre como le­var a cabo um pro­jeto que com­pi­lasse co­la­bo­ra­ções de ar­tis­tas, que já nos ti­nham aju­dado com os seus di­fe­ren­tes ti­pos de mú­sica, du­rante es­tes sete anos de tra­ves­sia, a de­fi­nir a alma ar­tís­tica da Arca. Assim fi­cará o es­pí­rito em forma de matéria.

A Límia e a la­goa da Antela são as ‘con­di­tio sine qua non’ de ‘Oceanoe: Travessia polo mar das Antelas’. Até que ponto jo­gam a mú­sica e a arte um pa­pel fun­da­men­tal na hora de vi­si­bi­li­zar este pa­tri­mó­nio e por que é vi­tal a exis­tên­cia de lu­ga­res coma ‘A arca’?

É uma nova ma­neira de fa­zer vi­sí­vel o pa­tri­mó­nio da nossa co­marca, já que atra­vés da gra­va­ção dos vi­de­o­cli­pes nos lo­cais es­co­lhi­dos dão-se a co­nhe­cer es­pa­ços que só as de cá co­nhe­ce­mos, e nem sem­pre; e, atra­vés do Caderno de Bitácora da vi­a­gem da Arca polo mar das Antelas, es­tas lo­ca­li­za­ções pas­sam a ser pro­ta­go­nis­tas duma na­ve­ga­ção mí­tica pola Límia.

A Arca é um es­paço de en­con­tro en­tre ge­ra­ções di­ver­sas; pes­soas de cá e de lá que ex­plo­ram ideias, ar­tis­tas e es­pe­ta­do­ras, que se ca­lhar pas­sem a se­rem ar­tis­tas; pro­du­to­ras e com­pra­do­ras, que tam­bém, se ca­lhar pas­sem a de­sen­vol­ve­rem um pro­jeto pró­prio. Afinal de con­tas, é um es­paço de con­ví­vio de pes­soas, ideias, pro­je­tos e vi­das. Há que vir para sentir.

Música, gas­tro­no­mia de pro­xi­mi­dade, arte, li­te­ra­tura, au­di­o­vi­sual… e todo sem sair de uma al­deia de 800 ha­bi­tan­tes. Como va­lo­ras os sete anos de ati­vi­dade da Arca?

Cá es­ta­mos! A va­lo­ra­ção fi­nal é po­si­tiva: per­mi­tiu-nos de­sen­vol­ver a nossa ân­sia de fa­zer da al­deia um cen­tro do mundo cul­tu­ral ga­lego. Também não va­mos di­zer que não exige muito es­forço e que eco­no­mi­ca­mente, por mo­men­tos, con­some mais do que dá. É uma ques­tão de es­co­lha: se a pes­soa que está a ge­rir o lo­cal gosta tanto do que faz que pre­fere con­ti­nuar para frente com o pro­jeto, ape­sar dos sa­cri­fí­cios que lhe su­põe ou, pas­sado um tempo, fica de­si­lu­dida com a quan­ti­dade imensa de tra­ba­lho e a falta de se­gu­rança eco­nó­mica. No meu caso, fica claro qual é a op­ção eleita.

Qual o fu­turo do pro­jeto e quais as ne­ces­si­da­des para con­ti­nuar adi­ante nes­tes tem­pos difíceis?

A na­ve­gar! Depois das vol­tas deste ano ob­ser­va­mos que os con­cer­tos po­dem fun­ci­o­nar de ou­tro jeito, com re­ser­vas pré­vias que ga­ran­tam um pú­blico e um di­nheiro fixo. Desde ju­nho de 2020 es­ta­mos a or­ga­ni­zar re­fei­ções-con­certo ou re­fei­ções-con­tos com grande su­cesso, com o qual a Arca não so­freu tanto como tí­nha­mos pre­visto no iní­cio do es­tado de emer­gên­cia. Outra es­tra­té­gia, le­vada a cabo nos me­ses de ja­neiro e fe­ve­reiro, foi a de ser­vir co­mida para le­var. Nessa al­tura foi quando re­pa­ra­mos na rede de pes­soas que apoia a Arca, fun­da­men­tal para a ma­nu­ten­ção da nave. Durante os pi­o­res me­ses fo­ram es­tas pes­soas a tri­pu­la­ção que man­teve o rumo da nau e não nos dei­xou afun­dar. A pan­de­mia aju­dou-nos a com­pre­en­der como ge­rir me­lhor o lo­cal, as ati­vi­da­des e as nos­sas vi­das. Se toda a malta que nos aju­dou nos pi­o­res mo­men­tos, con­ti­nua a apoiar, o fu­turo do pro­jeto está assegurado.

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