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O caso de Angrois é produto da corrupçom”

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A co­ne­xom en­tre a Galiza e Madrid atra­vés de com­boios de alta ve­lo­ci­dade leva mais de umha dé­cada sendo umha fer­ra­menta po­lí­tica. Os su­ces­si­vos go­ver­nos da Junta em ali­ança com a Moncloa fô­rom pondo em ser­viço tra­mos par­ci­ais re­cor­tando aos pou­cos a du­ra­çom da viagem.

Em 2005, a Administraçom es­pa­nhola ad­ju­di­cou ao con­sór­cio Talgo-Bombardier a cons­tru­çom de 26 com­boios de Alta Velocidade (Ave) por 370 mi­lhons de eu­ros. Nesse mo­mento, o di­re­tor de Bombardier Espanha era Álvaro Rengifo, tam­bém co­nhe­cido por ser con­se­lheiro in­de­pen­dente de Bankia e ter tra­ba­lhado para o Ministério de Economia e Fazenda como di­re­tor ge­ral de Política Comercial e Investimentos Exteriores, sub­di­re­tor ge­ral de Fomento Financeiro e sub­di­re­tor ge­ral de Política Comercial com Ibero-América.

Entre os com­boios que cons­truiu Talgo-Bombardier fi­gura o hí­brido Alvia S730. Ainda que o com­boio, en­tre di­e­sel e elé­trico, foi re­a­li­zado ex pro­fesso para a li­nha do AVE re­sul­tou ser in­com­pa­tí­vel como o ERTMS, o sis­tema de fre­na­gem au­to­má­tica ho­mo­lo­gado em Europa para os com­boios de alta ve­lo­ci­dade. Ao nom de­te­tar bem o com­boio, o ERTMS freava‑o con­ti­nu­a­mente, o que in­cre­men­tava o tempo da vi­a­gem. Como o ob­je­tivo era justo acur­tar a du­ra­çom do tra­jeto, or­dena-se des­co­ne­tar o ERTMS nos úl­ti­mos 8 qui­ló­me­tros da via an­tes de en­trar na es­ta­çom de Compostela e fun­ci­o­nar com o an­tigo sis­tema ASFA ‑Anuncio de Sinais e Frenagem Automática- que evita que um com­boio re­basse um si­nal em vermelho.

“O sinal que tenhem os maquinistas para começar a frear antes da chegada à estaçom de comboios de Compostela é umha piscina à altura do Hórreo”

O 24 de ju­lho de 2013 to­dos os si­nais es­ta­vam em verde quando às 20.41 ho­ras o com­boio pro­ce­dente de Madrid-Chamartín des­car­ri­lou na curva da Grandeira, si­tu­ada a 3 qui­ló­me­tros da es­ta­çom de Compostela. Das 218 pas­sa­gei­ras, 81 fa­le­cê­rom a causa do aci­dente e 144 fi­cá­rom com fe­ri­das, al­gumhas ir­re­ver­sí­veis. O sis­tema ASFA de nada serviu.

A res­pon­sa­bi­li­dade co­me­çou-se a cen­trar no ma­qui­nista do com­boio ao con­si­de­rar que se dis­traiu e nom puido frear a tempo. “O si­nal que te­nhem os ma­qui­nis­tas para co­me­çar a frear an­tes da che­gada à es­ta­çom de com­boios de Compostela é umha pis­cina à al­tura do Hórreo”, ex­plica a vo­zeira do BNG em Bruxelas, Ana Miranda, que o 7 de ju­lho pre­sen­tou na Comissom Europeia umha de­nún­cia con­tra Espanha por in­fra­çom do di­reito co­mu­ni­tá­rio em ma­té­ria de se­gu­ri­dade fer­ro­viá­ria ao nom ava­liar os ris­cos exis­ten­tes na li­nha. Miranda sen­ten­cia con­ven­cida, “este é um caso de cor­rup­çom e tirania”.

Corrupçom

A in­com­pa­ti­bi­li­dade en­tre o com­boio e a li­nha no ERTMS nom freou a data de inau­gu­ra­çom da li­nha se­nom todo o con­trá­rio. José Blanco de­ci­diu adi­an­tar seis me­ses a es­treia e re­a­li­zar a inau­gu­ra­çom em de­zem­bro de 2011 já com as elei­çons ge­rais per­di­das e como mi­nis­tro de Fomento em fun­çons. A des­co­ne­xom do ERTMS su­ce­de­ria pouco de­pois com Ana Pastor (PP) como ti­tu­lar do mi­nis­té­rio. “Entre 2011 e 2013 trans­mi­tí­rom-se 275 in­ci­dên­cias e ainda as­sim o ERTMS con­ti­nuou des­co­ne­tado”, in­siste a na­ci­o­na­lista Ana Miranda, “nesse com­boio po­de­ría­mos ter ido qual­quer umha de nós”.

Andrés Cortabitarte, ex-res­pon­sá­vel de se­gu­rança de Adif, às por­tas dos jul­ga­dos de Fontinhas, em Compostela

A cor­rup­çom nom só é me­ter quar­tos no peto se­nom tam­bém é es­que­cer a tua fun­çom pú­blica e mo­ver-te por in­te­res­ses pes­so­ais”, anota a na­ci­o­na­lista que ad­verte como os res­pon­sá­veis po­lí­ti­cos do aci­dente fô­rom “pre­mi­a­dos”. O ex-mi­nis­tro de Fomento José Blanco é hoje eu­ro­de­pu­tado; Rafael Catalá, mi­nis­tro de Justiça após dei­xar o seu posto de se­cre­tá­rio de Estado de Fomento, um oco que pas­sou a ocu­par Julio Gómez-Pomar, ex-pre­si­dente de Renfe. A com­pa­nhia fer­ro­viá­ria está atu­al­mente pre­si­dida por Pablo Vázquez, ex-pre­si­dente de Ineco. Pola sua parte, Andrés Cortabitarte, o alto cargo de Adif in­ves­ti­gado neste caso por 81 de­li­tos de ho­mi­cí­dio im­pru­dente e 144 de le­sons, foi des­lo­cado pola em­presa numha sub­di­re­çom de nova cri­a­çom cha­mada Gestom Logística de Aprovisionamento baixo o guarda-chu­vas de Isabel Pardo de Vera, nú­mero dous do Adif.

O do Alvia em Compostela nom é o único aci­dente re­la­ci­o­nado com Andrés Cortabitarte. O ex-res­pon­sá­vel de Seguridade de Adif foi pe­rito no caso do Metro de Valencia que des­car­ri­lou numha curva ma­tando 43 pes­soas em 2006. No seu in­forme, Cortabitarte acha­cou a tra­ge­dia ao ex­cesso de ve­lo­ci­dade e apon­tou como único res­pon­sá­vel o ma­qui­nista fa­le­cido no si­nis­tro. A Generalitat Valenciana pa­gou 231.717 eu­ros a Cortabitarte por essa in­ves­ti­ga­çom se­gundo fil­trá­rom vá­rios meios de co­mu­ni­ca­çom. Com a im­pu­ta­çom de Cortabitarte no caso Angrois, a Fiscalía Provincial de Valencia pe­diu a im­pug­na­çom dos in­for­mes pe­ri­ci­ais so­bre os que se ba­seia toda a in­ves­ti­ga­çom do aci­dente do metro.

Tirania

É re­al­mente in­qui­e­tante que a mar­cha do juiz Aláez se pro­du­zisse justo quando im­pu­tou al­tos car­gos do Adif e que a mar­cha do Fiscal Antonio Roma se pro­duza ime­di­a­ta­mente de­pois de que este nom re­cor­resse à im­pu­ta­çom de Cortabitarte”, re­lata num ar­tigo a ví­tima do aci­dente do Alvia em Compostela Teresa Gómez Limón. As mu­dan­ças do ti­tu­lar do jul­gado de Instruçom nú­mero 3 de Santiago, que con­duz o caso, e do fis­cal mar­cam o pro­cesso ju­di­cial que atu­al­mente di­rige Andrés Lago Louro en­quanto a fi­gura de Ministério Fiscal corre a cargo de umha equipa que co­or­dena o fis­cal chefe. “O Fiscal Roma era um ven­dido que só se po­si­ci­o­nou com o Estado”, aponta Ana Miranda, “ele sem­pre foi o ERTMS deste caso”.

Miranda quer que o juiz ins­tru­tor pida a com­pa­re­cên­cia da Agencia Ferroviaria Europea ‑ERA- logo de que o or­ga­nismo emi­tisse um in­forme em que con­si­dera que a in­ves­ti­ga­çom que le­vou a cabo a CIAF em Espanha nom foi in­de­pen­dente e que só se cen­trou na res­pon­sa­bi­li­dade do ma­qui­nista sem ava­liar as­pe­tos como o tra­çado da via ou a des­co­ne­xom do ERTMS. O úl­timo mo­vi­mento ju­di­cial vai nesse ca­mi­nho já que o juiz ins­tru­tor, por vez pri­meira, pe­diu que a Angencia Ferroviaria Europeia (ERA) se pro­nun­ci­asse so­bre se era obri­ga­tó­rio umha ava­li­a­çom in­te­gral do risco na curva de Angrois.

O de Angrois é o aci­dente mais grave da UE nos úl­ti­mos 25 anos e o único res­paldo neste caso foi Bruxelas”, re­lata Miranda. O 7 de ju­lho foi a data na que se fixo o in­forme da ERA e por isso, nesta data sim­bó­lica, Ana Miranda pre­sen­tou um pro­ce­di­mento de in­fra­çom con­tra Espanha por nom ava­liar os ris­cos na curva da Grandeira. “A co­mi­sá­ria do Transporte eu­ro­peia, Violeta Bulc, dixo que ia es­tar atenta ao caso, que nom pa­rás­se­mos e nom, nom imos pa­rar”, sus­tém Miranda com um sorriso.

“hoje em dia segue a haver incidências, ainda nom temos garantias de que essa linha seja segura”

Na Galiza con­ti­nua sem se abrir umha co­mi­som par­la­men­tá­ria que de­pure res­pon­sa­bi­li­da­des po­lí­ti­cas do aci­dente ao ob­ter sem­pre os vo­tos em con­tra do PP e do PSOE. A Executiva so­ci­a­lista es­pa­nhola com­pro­me­teu-se a de­ci­dir an­tes deste 24 de ju­lho se, a par­tir de agora, vai apoiar ou nom a posta em mar­cha des­tas co­mis­sons no Parlamento ga­lego e no Congresso dos Deputados em Madrid.

Hoje em dia o sis­tema ERTMS fun­ci­ona nes­ses 8 qui­ló­me­tros pré­vios à es­ta­çom de Compostela se­gundo o Ministério. Para Ana Miranda as pa­la­vras de Fomento nom va­lem como ga­ran­tia de se­gu­rança. “Necessitamos de umha in­ves­ti­ga­çom ri­go­rosa por­que esta é umha ques­tom de Estado, por­que foi um aci­dente muito grave e por­que está em jogo que nom haja mais no fu­turo”. Ademais, a vo­zeira do BNG em Bruxelas aponta que “hoje em dia se­gue a ha­ver in­ci­dên­cias, nós ainda nom te­mos ga­ran­tias de que essa li­nha seja segura”.

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