
Nas costas galegas estám a se desenvolver atuaçons que despossuem a populaçom do acesso aos recursos naturais e entrega estes para as grandes transnacionais. Tal iniciativa nom poderia efetivar-se sem o apoio das administraçons a diversas escalas ‑autonómica, estatal e supraestatal‑, nas quais os lóbis das transnacionais trabalham a diário por ver cumpridas as suas necessidades e onde o fenómeno das ‘portas giratórias’ (pessoas da administraçom que passam a trabalhar em grandes empresas ou vice-versa) é umha realidade palpável.
Se umha indústria se viu beneficiada pola administraçom galega, especialmente desde a chegada de Alberto Núñez Feijó à presidência da Junta, é a da aquicultura. Após a legalizaçom de diversas irregularidades urbanísticas com as que as empresas aquícolas operavam, a Junta declarava a aquicultura como interesse público de primeira orde, abrindo a porta à instalaçom de plantas aquícolas em zonas protegidas ambientalmente. Porém, a forte mobilizaçom que no ano passado rechaçou o anteprojeto de Lei de Aquicultura da Junta desvendou a ampla oposiçom popular a todos estes projetos.
O que será do mar? O último relatório da organizaçom das Naçons Unidas para a Alimentaçom e a Agricultura (FAO) sobre o estado global da pesca e da aquicultura assinalava que por vez primeira, em 2014, a produçom aquícola superava a produçom extrativa de peixe para consumo humano. As perspetivas da FAO falam mesmo de “umha nova etapa” a partir de 2021, para quando prevê que a produçom aquícola supere na sua totalidade à extrativa a nível global. Umhas perspetivas que de se cumprirem converterám Galiza numha exportadora de rodavalho, a espécie maioritariamente cultivada nas piscifatorias implantadas nas nossas costas.
Atualmente nas vilas marinheiras está-se a dar um conflito entre quem defende a necessidade de proteger o entramado socioeconómico tradicional do mar, com todos os postos de trabalho que gera em diferentes setores, e a entrada de transnacionais e projetos empresariais na costa que levam cara a umha privatizaçom dos recursos e espaços, sejam piscifatorias ou complexos hoteleiros nos faros da Costa da Morte. Nas luitas de hoje está a semente do futuro do nosso país e, tanto na terra como no mar, urgem iniciativas que permitam a gestom dos recursos por parte da populaçom e construam a Galiza livre de exploraçom do amanhá.