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O relato do quarto poder

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Como em tudo con­flito po­lí­tico, o re­lato de­sen­vol­vido po­los meios de co­mu­ni­ca­çom é a chave para en­ten­der a re­a­li­dade. No caso ca­ta­lám tam­bém foi as­sim e a sua in­sis­tên­cia no ponto de vista, fai ga­nhar ou per­der apoios de tudo o que está a acon­te­cer es­tes dias. Assim, en­quanto os meios es­pa­nhóis fa­la­vam de le­ga­li­dade, os meios ca­ta­láns fa­la­vam de le­gi­ti­mi­dade. Como parte nom im­pli­cada no con­flito di­re­ta­mente, po­de­mos con­si­de­rar que os meios es­tran­gei­ros te­nhem um pa­pel mais ob­je­tivo e ar­bi­trá­rio. Só faz falta olhar umhas quan­tas ca­pas in­ter­na­ci­o­nais para sa­ber o que acon­te­ceu re­al­mente nas ruas de Catalunha o dia 1 de Outubro.

As ca­pas do 2 de Outubro fa­la­vam por si pró­prias. Enquanto os meios ca­ta­láns e in­ter­na­ci­o­nais mos­tra­vam as ima­gens das bru­tais car­gas po­li­ci­ais, a mai­o­ria de meios es­pa­nhóis mi­ni­mi­za­vam os re­sul­ta­dos e uni­ca­mente re­pro­du­ziam ima­gens “pouco” vi­o­len­tas de en­fren­ta­men­tos en­tre po­lí­cias e ci­da­da­nia. Nos dias se­guin­tes a grande mai­o­ria da im­prensa es­pa­nhola foi clara na sua es­tra­té­gia, fa­zer en­ten­der que a res­pon­sa­bi­li­dade de tudo o que se pas­sara no 1‑O e nas jor­na­das pos­te­ri­o­res foi do go­verno da Generalitat por ter con­vo­cado o re­fe­rên­dum. Inclusive al­guns meios que ne­gá­rom que exis­tisse tal re­fe­rên­dum, dias des­pois pe­diam “mao dura” con­tra tal efeméride.

Mas isso só foi a ponta do ice­ber­gue. Os meios, o quarto po­der, som bons sa­be­do­res de que a cons­tru­çom do re­lato é vi­tal para ga­nhar parte de umha guerra e é bá­sico para isto ter umha opi­niom pú­blica fa­vo­rá­vel a fu­tu­ras atu­a­çons que de­sem­bo­quem em vul­ne­ra­çons de di­rei­tos fun­da­men­tais e re­pres­som con­tra um povo que de­ci­diu ques­ti­o­nar aber­ta­mente os prin­cí­pios em que se as­senta o “es­tado de di­reito espanhol”.

E en­tom che­gou o ata­que di­reto e quase una­nime da im­prensa es­pa­nhola, con­tra tudo. Contra as mais de 800 fe­ri­das pro­vo­ca­das po­las car­re­gas po­li­ci­ais, por ter-se in­ven­tado e in­clu­sive che­gando a ques­ti­o­nar como umha es­tra­té­gia con­junta para “da­nar o es­tado” (caso tí­pico, como quando de­nun­ci­a­vam a pes­soas tor­tu­ra­das por apre­sen­ta­rem de­nún­cias fal­sas). Contra as su­pos­tas ar­ma­di­lhas do re­fe­rên­dum, in­fil­trando-se nas es­co­las para ver se po­diam vo­tar mais de umha vez. Aqui cum­pre di­zer, que o pro­grama te­le­má­tico para va­li­dar o censo, foi boi­co­te­ado em mui­tas es­co­las desde pri­meira hora da ma­nhá, até com cor­tes de em­pre­sas da wifi. De to­dos mo­dos, o re­conto in­tro­du­zia-se num pro­grama que de­te­tava se umha pes­soa vo­tara mais do que umha vez, cousa que o go­verno tam­bém ex­pli­cou. Também houvo de­nún­cias de que nal­gumhas vi­las hou­vera mais vo­tan­tes que po­pu­la­çom. Caso certo, mas que es­quece que o censo era uni­ver­sal, é di­zer, po­dia-se vo­tar em qual­quer sí­tio, cousa que se fijo para que to­das as pes­soas pu­des­sem vo­tar, des­pois dos ata­ques aos colégios.

O tratamento jornalístico responde a umha estratégia de âmbito estatal que legitima e dá carta-branca ao governo para fazer o que quiger, inclusive saltando as suas próprias leis

Podemos fa­lar tam­bém da cam­pa­nha con­tra o pa­pel dos Mossos no 1‑O e sua su­posta per­mis­si­vi­dade com o re­fe­rên­dum, quando cum­pre lem­brar que a po­lí­cia au­to­nó­mica fe­chou mais de 130 co­lé­gios elei­to­rais, bas­tan­tes mais dos que a po­lí­cia es­pa­nhola. Ou dos su­pos­tos vi­o­len­tos “as­sé­dios” fronte aos ho­téis onde eram alo­ja­dos a Guarda Civil e a Polícia Nacional. Também com par­tes de ver­dade, mas sem vi­o­lên­cia ne­nhumha e para de­nun­ciá-los por ma­lhar na gente quando iam votar.

Finalmente to­cou-lhe ao tema es­trela, ao que sem­pre se re­corre e que tan­tos ré­di­tos elei­to­rais pode dar no Estado es­pa­nhol: a cam­pa­nha con­tra o sis­tema edu­ca­tivo ca­ta­lám e a imer­som lingüís­tica. Mas em Catalunha este re­curso nom serve mais do que para es­per­tar a so­li­da­ri­e­dade da mai­o­ria da so­ci­e­dade, in­clu­sive de am­plos se­to­res do PSC.

Tudo isso, e com ho­no­rá­veis exe­çoms den­tro da im­prensa es­pa­nhola, serve para fa­zer um jor­na­lismo de guerra, que pro­cura sim­ples­mente ati­var a opi­niom pu­blica es­ta­tal con­tra o in­de­pen­den­tismo catalám.

Mas nom só, o jor­na­lismo de guerra, sem ne­nhum tipo de con­traste (prin­cí­pio ele­men­tal do jor­na­lismo), com tes­te­mu­nhas fal­sas, in­ven­çom de tra­mas, meias verdades…pom-se ao ser­viço do re­gime do 78 para re­forçá-lo e des­culpá-lo e pôr con­tra o in­de­pen­den­tismo ca­ta­lám para de­su­ma­nizá-lo, hu­mi­lhá-lo e ba­si­ca­mente para conquistá-lo.

Mas por cima de tudo, res­ponde a umha es­tra­té­gia co­le­tiva de âm­bito es­ta­tal, que le­gi­tima e dá carta-branca ao go­verno para fa­zer o que qui­ger, in­clu­sive sal­tando as suas pró­prias leis, com a mí­nima opo­si­çom den­tro do es­tado. Nada novo no horizonte.

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