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Paula Pereira: “Às vezes estou a ler e aponto um verso que gosto e a partir do qual me vem umha imagem à cabeça”

por
car­men carreiro

Paula Pereira é ceramista, ilustradora e cria peças carregadas de significado baixo o nome de Cavalinho do demo. Afincada em Ponte Vedra ao começo, onde tinha umha tenda chamada A formiga no carreiro, agora reside em Fornelos de Montes, de onde segue a mostrar as suas criaçons, que bebem da volta ao rural, o feminismo e a poesia do nosso país.

Por que de­ci­des mo­rar em Fornelos de Montes?

Um pouco por vol­tar à al­deia e fa­zer aqui um pro­jeto de vida e tam­bém de tra­ba­lho. Aqui em Fornelos está a casa da mi­nha bi­savó, onde eu sem­pre vi­nha de pe­quena, e tam­bém ti­nha o meu avó o seu ta­lher. Quando vol­tei aqui, res­tau­rei o ta­lher e é onde tra­ba­lho eu agora. Em re­sumo, a ideia era fa­zer o meu pro­jeto de vida aqui, no rural. 

Entom o teu avó tam­bém ti­nha um obradoiro?

Quando se re­ti­rou fa­zia no seu tempo li­vre cou­sas de ma­deira, mas nom era a sua profissom.

Na tua obra está mui pre­sente a na­tu­reza ga­lega, o fe­mi­nismo, o meio ru­ral… e isto vê-se tam­bém nas fo­to­gra­fias que ti­ras das tuas obras, onde pa­re­cem mis­tu­rar-se com o médio.

As fo­tos fai-nas Alberte Peiteável, e som ima­gens que sem­pre ti­ra­mos por aqui, pola con­torna. Estou numha al­deia onde te­nho a sorte de que ainda haja car­va­lhei­ras, e penso que tanto no meu tra­ba­lho como nas fo­to­gra­fias re­flete-se muito este meio na­tu­ral. E, ao mesmo tempo, ins­pira-me muito es­tar aqui. Penso que isso tam­bém se vê. E vê-se ade­mais nos te­mas que es­co­lho: a de­fensa do ru­ral, o fe­mi­nismo, ser ga­lega… E fago tam­bém todo em galego.

Peças no­vas es­tou a fa­zer con­ti­nu­a­mente por­que abor­reço um pouco a pro­du­çom em sé­rie. Por essa ra­zom pro­curo sem­pre tra­ba­lhar com cou­sas distintas”

Por ou­tra banda tés pe­ças ins­pi­ra­das na poesia. 

Sim. A po­e­sia ins­pira-me muito. De facto, fago pe­ças para vá­rios con­ce­lhos e aqui no con­ce­lho de Fornelos de Montes de­se­nho o Prémio de Poesia Manuel Lueiro Rey. Para este pré­mio, cada ano fago umha peça dis­tinta ins­pi­rada nal­gum dos ver­sos deste po­eta. Para além disso, o ano pas­sado tam­bém fi­gem vá­rias pe­ças ins­pi­ra­das nos ver­sos de Xela Arias e, junto com Charo Lopes, par­ti­ci­pei no pro­jeto da Numax, Intemperiadas, e fi­gem ou­tra peça ba­se­ada nos ver­sos desta es­cri­tora, mas nessa oca­siom num copo. 

E como es­co­lhes quais ver­sos vam for­mar parte das tuas obras?

Gosto muito de ler po­e­sia em ge­ral, e sim que às ve­zes es­tou a ler e aponto um verso que gosto e a par­tir do qual me vem umha ima­gem à ca­beça. É como que me vem a ilus­tra­çom e ima­gino de­pois da ilus­tra­çom umha peça em ce­rá­mica, sa­bes? Fago o ras­cu­nho e de­pois penso na obra. Mas isto passa-me tam­bém com a mú­sica… Há mui­tas cou­sas que me inspiram. 

Em que es­tás a tra­ba­lhar agora?

Estou con­ti­nu­a­mente a fa­zer pe­ças no­vas por­que abor­reço um pouco a pro­du­çom em sé­rie. Por essa ra­zom pro­curo sem­pre tra­ba­lhar com cou­sas dis­tin­tas. Quanto a pro­je­tos mais am­plos, nom te­nho agora nen­gum em con­creto. Sim que es­tou a mi­rar para ofe­re­cer al­gum curso de ce­rá­mica, que até agora nunca im­par­tim. Também es­tou a ilus­trar um li­vro para umha edi­to­rial… mas disso nom podo con­tar muito ainda.

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