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Projeto Cárcere: Tornar umha prisom em centro de liberdade

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Durante seis anos e de­pois da pri­meira as­sem­bleia no in­te­rior do an­tigo cár­cere pro­vin­cial da Corunha, umha amál­gama de pes­soas e co­le­ti­vos cons­truí­rom umha pro­posta de ges­tom e uso ci­dadá ba­se­ado na man­co­mu­ni­dade, a Memória Histórica e a Liberdade. Com a re­cente ces­som de uso so­ci­o­co­mu­ni­tá­rio do Ministério de Interior ao Concelho da Corunha abre-se a pos­si­bi­li­dade de que este so­nho co­le­tivo poda tor­nar-se realidade.
Falamos con Mar Vaamonde da as­so­ci­a­çom cul­tu­ral Son d’Aqui e parte de Projeto Cárcere desde fi­nais do ano pas­sado e com Laura Sánchez, do grupo co­or­de­na­dor desde há já vá­rios anos so­bre o aqui e agora do projeto.

Como vos ani­mas­tes a par­ti­ci­par no Projeto Cárcere?

Mar: Foi atra­vés de Tono, que nos fa­lou deste Projeto. Umha vez que o tema da ces­som foi para adi­ante, de­ci­di­mos já im­pli­car-nos mais. Primeiro por­que o cár­cere é um ele­mento bá­sico do bairro onde está Son d’Aqui e por­que nos pa­re­cia um pro­jeto mui in­te­res­sante. A ver­dade é que es­ta­mos a apren­der muito de ou­tra ma­neira de fa­zer as cou­sas, e or­ga­ni­zar-se… mesmo es­ta­mos a ler o li­vro “El pen­sar de los co­mu­nes”. Muito interessante.

Credes que a vi­zi­nhança vai par­ti­ci­par no cárcere?

Acho que ha­ve­ria que tra­ba­lhar a aber­tura, fa­zer umha boa di­fu­som, de modo que todo o mundo, seja de bairro ou de mais longe sinta in­te­resse em ache­gar-se. Em certo modo a gente do pro­jeto te­mos a res­pon­sa­bi­li­dade de fa­zer algo se isto nom sucede.

Que é o Serán d’Aquí?

Um Serám, tra­di­ci­o­nal­mente é umha festa com mú­sica e baile tra­di­ci­o­nal que se fa­zia pois isso, no se­rám, nesse mo­mento do dia que é so­bre as oito da tarde.
Entom, quando che­ga­mos a Monte Alto qui­ge­mos que a nossa apre­sen­ta­çom fosse umha festa à que cha­ma­mos Serán d’Aqui. Nós fa­zêmo-lo todo do dia, pola ma­nhá fa­ze­mos ru­a­das, umha ses­som ver­mute e logo po­las tar­des fa­ze­mos al­gum obra­doiro de baile e jo­gos para pes­soas adul­tas e cri­an­ças. E logo já o se­rám pro­pri­a­mente dito onde há gru­pos de as­so­ci­a­çons com as com­bi­na­mos para to­car e bai­lar. E no fim do dia, fo­li­ada li­vre. Em de­fi­ni­tivo, é fa­zer festa. Este ano vai ser o 1 de ju­lho, um sábado.

quando chegamos a Monte Alto quigemos que a nossa apresentaçom fosse umha festa

Como ima­gi­nas esse cár­cere umha vez aberto ao uso da cidadania?

Eu es­pero que o cár­cere seja um sí­tio onde gente qual­quer idade e com di­fe­ren­tes in­te­res­ses, gente que tivo al­gum fa­mi­liar ou co­nhe­cido ali, queira, por cu­ri­o­si­dade, en­trar e ver o cár­cere e sen­tir um pouco isso de que fala toda a gente da Memória História… que nom se bor­rem es­sas pe­ga­das, nom? Mas por ou­tra banda que qual­quer ra­paz que pre­cise um es­paço para es­tar, sim­ples­mente, te­nha um sí­tio có­modo onde fi­car. É que isso se­ria a maior aber­tura pos­sí­vel. Um es­paço onde es­tar sem fa­zer nada em con­creto e tam­bém que hou­vesse ati­vi­da­des cul­tu­rais tanto per­ma­nen­tes como pontuais.

queremos que o cárcere seja um sítio onde falar de Memória Histórica mas também um lugar cómodo onde estar, com atividades permanentes e pontuais

Laura, tu que es­tás no grupo co­or­de­na­dor há tempo, que está a acon­te­cer a dia de hoje com o Projeto Cárcere?

Laura: A par­tir de que nos con­ce­dê­rom a con­vo­ca­tó­ria de Cultura de Bairro, a gente sim que vai po­der e ter tra­ba­lhar em algo mais con­creto do que as as­sem­bleias men­sais. Aguardo que sirva para aco­lher gente nova, para fa­zer grupo e co­nhe­cer-nos en­tre nós e a par­tir de aí se­guir até a aber­tura do cár­cere. Também para que volte a gente que es­tivo no iní­cio umha vez a ca­deia se abra à cidadania.

Que é o que ides fa­zer para o Cultura de Bairro?

Será fo­cado no bairro de Montealto e no Cárcere, como nom. Faremos um en­con­tro com ou­tros cen­tros so­ci­o­cul­tu­rais do Estado em que nos ins­pi­ra­mos como po­dem ser Tabacalera ou Can Batlló, e tam­bém umha ati­vi­dade ba­se­ada em “O pas­seio de Jane” que se fai a ní­vel glo­bal em dis­tin­tos paí­ses. Falta por de­fi­nir mas se­ria um per­cor­rido polo bairro para co­nhe­cer a vi­zi­nhança, que ela nos co­nheça a nós e to­das jun­tas co­nhe­cer o bairro. Queríamos tam­bém que to­dos os ar­tis­tas e mú­si­cos que ao longo da exis­tên­cia do Projeto Cárcere nos apoiá­rom es­ti­ves­sem pre­sen­tes nes­tas ati­vi­da­des. Devolver-lhes um pouco desse afeto.

Onde se­ria?

O ideal se­ria fazê-lo den­tro do cár­cere, mas este até se­tem­bro é im­pos­sí­vel. Por ou­tra parte, se se fai no meio do bairro tam­bém se­ria in­te­res­sante por­que, se ca­lhar, tam­bém iria mais gente vê-lo.

Por que nom até setembro?

Em Urbanismo di­gé­rom-nos que en­tre a apro­ba­çom de or­ça­men­tos, pra­zos de li­ci­ta­çom e o que se­riam as obras em si nom con­tam, desde logo, que es­teja an­tes de fi­nais de agosto ou iní­cios de se­tem­bro. No en­tanto nós que­re­mos pro­por-lhe, e algo que já lhe en­vi­a­mos por re­gisto, ir uti­li­zando zo­nas que se­jam se­gu­ras, que é o prin­ci­pal, como pode ser o corpo de bem-vinda ou mesmo os ar­cos que es­tám justo na en­trada, ou seja, nem se­quer en­trar no edi­fí­cio mas sim polo me­nos ir fa­zendo ati­vi­da­des ali.

Tivestes reu­ni­ons com di­fe­ren­tes par­ti­dos po­lí­ti­cos. Como foi a cousa?

O ob­je­tivo era in­ten­tar as­se­gu­rar um pro­jeto es­tá­vel para o cár­cere. Como esse con­vé­nio en­tre Madrid e A Corunha está as­si­nado para dous anos, que ade­mais coin­cide mais ou me­nos com as ele­çons, nom que­re­mos que o pro­jeto de­penda em si de quem go­ver­nar no Concelho da Corunha, en­tom es­ta­mos a reu­nir-nos com to­dos os gru­pos mu­ni­ci­pais para ex­pli­car-lhes o que nós pro­po­mos e atin­gir certo com­pro­misso pola sua parte e as­sim, em dous anos, passe o que pas­sar, o pro­jeto poda continuar. 

nom queremos que o projeto dependa em si de quem governar no Concelho da Corunha

Os re­sul­ta­dos som um pouco os es­pe­ra­dos, cer­tos par­ti­dos sim que en­ten­dem, com di­fe­ren­ças e ma­ti­zes sem­pre, e ou­tros nom tanto. Agora que­re­mos apre­sen­tar umha mo­çom para o pleno da Corunha e que fosse apoi­ada po­los qua­tro gru­pos se­ria fantástico.

Falas do BNG, PSOE, Partido Popular e Marea Atlántica, nom?

Exatamente.

Foi com­plexa a en­trada de nova gente no pro­jeto nos úl­ti­mos meses?

Pois a ver­dade é que tal­vez es­teja a ser mais fá­cil do que es­pe­rá­va­mos. Creio que a gente está a re­ce­ber bas­tante bem a nossa pro­posta como fi­lo­so­fia para usar e ge­rir o cár­cere. Por ou­tra banda, parte das pes­soas que es­tá­va­mos, que éra­mos pou­cas, an­da­mos em mil cou­sas sem muito tempo, e à gente nova custa-lhe, o qual é nor­mal, to­mar a ini­ci­a­tiva por­que mui­tas ve­zes tam­pouco sa­bem o que é ne­ces­sá­rio e por onde tirar.
No en­tanto, acho que agora sim que há já que co­me­çar a pôr-se a tra­ba­lhar para le­var a cabo o de Cultura de Bairros, que vai ser­vir tam­bém para re­a­ti­var ou­tra vez os Grupos de Trabalho, que al­guns já es­tám ati­vos. Penso que agora que já re­fi­ge­mos for­ças vol­tará a ati­vi­dade mais re­gu­lar em Projeto Cárcere.

Tedes boa co­mu­ni­ca­çom en­tre Projeto Cárcere e Concelho da Corunha?

A re­la­çom é fluída, Projeto Cárcere gos­ta­ria, com cer­teza, ter ainda mais pre­sença ou mais ca­pa­ci­dade de tra­ba­lhar com eles mas bom, polo me­nos sim que es­tám a re­ce­ber as nos­sas pro­pos­tas e as­su­mindo umha parte de­las, es­pe­ra­mos que con­ti­nue as­sim e que vaia a melhor.
Estamos tam­bém pen­den­tes de re­ce­ber va­lo­ra­çom dumha pro­posta de uso que lhes en­tre­ga­mos há dous me­ses. E tam­bém de co­nhe­cer a ideia que o Concelho tem para o cár­cere. É o que que­re­mos agora, sa­ber um pouco que plano tem o Concelho da Corunha de que fa­zer com o cár­cere. Assim pois, es­ta­mos à espera.

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