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Que acontece com a luz? Breves notas para um debate de fundo

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Nos úl­ti­mos me­ses es­ta­mos a vi­ver um es­pe­ta­cu­lar in­cre­mento do preço da luz, ainda que pouco se fala dos mo­ti­vos polo que esta si­tu­a­çom se está a pro­du­zir. A pri­ori, o mo­tivo fun­da­men­tal passa polo in­cre­mento do preço do gás nos mer­ca­dos in­ter­na­ci­o­nais: como custa mais mer­car gás no ex­te­rior, e usa­mos gás para pro­du­zir ele­tri­ci­dade, logo o preço da luz sobe. Parece bas­tante ló­gico, mas há al­gumha ques­tom que in­tro­duz ma­ti­zes a isto:

Em pri­meiro lu­gar, o gás nom é o com­bus­tí­vel fun­da­men­tal para pro­du­zir ele­tri­ci­dade, re­pre­sen­tando só um 20% da pro­du­çom to­tal. Entom, por que o preço elé­trico de­pende só dele? Porque o mer­cado elé­trico tem umha ar­ma­di­lha que lhe dá in­crí­veis be­ne­fí­cios às gran­des em­pre­sas elé­tri­cas: a úl­tima uni­dade de ele­tri­ci­dade ven­dida (a mais cara) pom o preço a toda a ele­tri­ci­dade, o que se co­nhece como mer­cado mar­gi­na­lista. Um exem­plo: se as em­pre­sas pro­du­to­ras ven­dem a sua ele­tri­ci­dade a 1€, 5€ e 100€, as pes­soas con­su­mi­do­ras te­rám que pa­gar sem­pre 100€. Para os con­su­mi­do­res im­plica pa­gar um enorme so­bre-preço, mas para as elé­tri­cas su­pom um ne­gó­cio redondo. 

O gás nom é o com­bus­tí­vel fun­da­men­tal para pro­du­zir ele­tri­ci­dade, re­pre­sen­tando só um 20% da pro­du­çom to­tal. Entom, por que o preço elé­trico de­pende só dele?

Portanto, aqui te­mos a pri­meira ar­ma­di­lha que pre­cisa so­lu­çom: a cri­a­çom dos pre­ços elé­tri­cos em Europa (e nom só no Estado Espanhol) dis­torce os cus­tos e pre­ju­dica as pes­soas con­su­mi­do­ras. Mas, por que sobe o preço do gás? A pri­ori, po­las ten­sons que exis­tem na fron­teira en­tre Rússia e Ucrânia, o pri­meiro, grande pro­du­tor de gás e, o se­gundo, país chave polo passo dos ga­so­du­tos com gás russo a Europa. Agora bem, o Estado Espanhol nom im­porta gás russo (como si o fai Alemanha, por exem­plo), se­nom que o im­porta do Norte de África (de paí­ses como Egito ou Líbia).

Contodo, a des­re­gu­la­çom dos pre­ços in­ter­na­ci­o­nais fa­ci­lita que em mo­men­tos de ten­som (como o atual) os pre­ços de fu­tu­ros do gás (ba­si­ca­mente, uns de­ri­va­dos fi­nan­cei­ros que apos­tam em canto vai cus­tar o gás a meio prazo, nom o seu prezo hoje) su­bam enor­me­mente, o que en­ca­rece o preço fi­nal a qual­quer país que qui­ger gás, for russo ou nom. É di­zer, que os ou­tros gran­des ven­ce­do­res es­tám a ser as em­pre­sas pro­du­to­ras de gás a ní­vel in­ter­na­ci­o­nal, as­sim como os es­pe­cu­la­do­res fi­nan­cei­ros que se apro­vei­tam do sistema.

A des­re­gu­la­çom dos pre­ços in­ter­na­ci­o­nais fa­ci­lita que em mo­men­tos de ten­som como o atual os pre­ços de fu­tu­ros do gás su­bam enor­me­mente, o que en­ca­rece o preço fi­nal a qual­quer país que qui­ger gás, for russo ou nom

Esta du­pla si­tu­a­çom está a co­lo­car so­bre a mesa a ne­ces­si­dade de re­or­ga­ni­zar o sec­tor ener­gé­tico eu­ro­peu, e nesse con­texto Galiza tam­bém tem o seu pa­pel: es­ta­mos a vi­ver um mo­mento crí­tico para re­pen­sar a nossa es­tra­té­gia ener­gé­tica, após o fe­che das cen­trais tér­mi­cas de car­bom, o en­ca­re­ci­mento do gás e a nova ex­pan­som de pro­du­çom eó­lica. Se na atu­a­li­dade ex­por­ta­mos o 30% da ele­tri­ci­dade que pro­du­zi­mos, é ne­ces­sá­rio con­ti­nuar a cons­truir no­vos par­ques eó­li­cos, que tam­bém te­nhem o seu im­pacto so­cial e am­bi­en­tal? Porque ao fi­nal a apa­rente maior so­be­ra­nia ener­gé­tica nom sig­ni­fica mais do que con­ti­nuar a ser a pe­ri­fe­ria ener­gé­tica do Estado.

E, por ou­tra banda, nom te­ria mais sen­tido que os pre­ços nom pui­des­sem ser fi­xa­dos por gran­des em­pre­sas e es­pe­cu­la­do­res? Estas som duas das ques­tons que pre­ci­sam de umha res­posta, e mar­ca­rám o fu­turo ener­gé­tico ga­lego nos vin­doi­ros trinta anos.

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