Periódico galego de informaçom crítica

Repensarmos as imagens é um processo empoderador”

por
sa­bela iglesias

A re­vista Caleidoscópica vem de apre­sen­tar o seu ter­ceiro nú­mero, que tem por tema prin­ci­pal ‘Originalidade e re­ci­cla­gem’, onde ex­plo­ram e re­fle­tem so­bre a cri­a­çom cul­tu­ral da có­pia e a reu­ti­li­za­çom. Este novo nú­mero chega após dous exem­pla­res em que as ca­lei­dos­có­pi­cas pu­gé­rom o foco no ter­ri­tó­rio e nos cor­pos. Os seus tra­ba­lhos po­dem-se con­sul­tar e des­car­re­gar na pá­gina caleidoscopica.gal. 

Como nasce a equipa da Caleidoscópica? Que foi o que vos le­vou a criar este projeto?
O tra­ba­lho da fo­to­gra­fia pode ser bas­tante in­di­vi­dual e vi­mos numha re­vista a opor­tu­ni­dade de re­a­li­zar tra­ba­lhos con­jun­tos e apren­der in­di­vi­du­al­mente. No iní­cio a ges­tom da ideia le­vou-nos bas­tante tempo, mas as­sim que con­se­gui­mos con­cre­ti­zar o pro­cesso foi todo me­lhor. 

Cara a onde co­lo­cam o olho as ca­leidos­có­pi­cas para es­co­lher as temáticas?
Vemos o que so­mos. Achamos que numha época com tal pro­ta­go­nismo da li­gua­gem vi­sual re­fle­xi­o­nar ar­re­dor da pró­pria ima­gem, es­pe­ci­al­mente sendo fo­tó­gra­fas, era uma ta­refa ne­ces­sá­ria. O pri­meiro nú­mero foi quase de au­to­de­fi­ni­çom, umha chuva de ideias ar­re­dor de quem so­mos e onde é que es­ta­mos. O se­gundo, mais cen­trado, se­guia nesta li­nha dumha pers­pe­tiva crí­tica, ar­re­dor do corpo. O ter­ceiro, que vi­mos de apre­sen­tar, “ori­gi­na­li­dade e re­ci­cla­gem”, está mais cen­trado no pró­prio meio. 

Caleidoscópica é umha re­vista em pdf. Como é tra­ba­lhar com este formato?
O for­mato di­gi­tal nom é ape­nas um pdf para des­carga. Nós dis­po­ni­bi­li­za­mos a lei­tura on­line, que si­mula o for­mato fí­sico, com lei­tura em ho­ri­zon­tal. Ademais, per­mite maior in­te­ra­ti­vi­dade, com li­ga­çons a ou­tros meios. Ainda, o acesso gra­tuito com li­cen­ças nom pri­va­ti­vas de­mo­cra­tiza e fai mais aces­sí­vel o con­teúdo, já que umha re­vista im­pressa como esta, se­ria muito cus­tosa e a sua pro­du­çom tam­bém im­pli­ca­ria bas­tante es­forço. Desta forma cen­tra­mos toda a ati­vi­dade na parte mais cri­a­tiva e in­te­res­sante. 

Neste úl­timo nú­mero o tema prin­ci­pal é ‘Originalidade e Reciclagem’. Numha pri­meira es­cuita isto fai pen­sar em de­cres­ci­mento, ou mesmo no ‘feísmo’… O que vos su­gere a vós?
A cul­tura, dum ponto de vista an­tro­po­ló­gico, ba­seia-se na có­pia, as­sim apren­de­mos a fa­lar, a ca­mi­nhar, a re­la­ci­o­narmo-nos. A re­pe­ti­ção é uma das ba­ses da me­mó­ria e da in­te­li­gên­cia co­le­tiva. É isso que fa­ze­mos o tempo todo: re­pro­du­zir­mos ou re­ci­clar­mos sig­ni­fi­ca­dos. Num mo­mento de sa­tu­ra­çom vi­sual como o atual, re­pen­sar­mos e reu­ti­li­zar­mos as ima­gens é um pro­cesso em­po­de­ra­dor e de trans­fo­ma­çom: dar no­vos sig­ni­fi­ca­dos. Vemos a re­ci­cla­gem como umha opor­tu­ni­dade, e ques­ti­o­na­mos a ideia de ori­gi­na­li­dade. 

A fotografia é a ferramenta por excelência para representar e construir imaginários, neste sentido apropriarmo-nos do médio é necessário e transformador


No úl­timo edi­to­rial fa­la­des de umha ‘eco­lo­gia vi­sual’, acha­des ne­ces­sá­rio este con­ceito num mundo em que cada vez há mais ima­gens ao nosso arredor?
Este con­ceito está ti­rado do teó­rico ca­ta­lám Joan Fontcuberta, que fala do passo da ima­gem como es­crita à ima­gem como lin­gua­gem. Com a de­mo­cra­ti­za­çom dos dis­po­si­ti­vos mó­veis, as fo­to­gra­fias uti­li­zam-se como ora­li­dade, por exem­plo, ti­rar um sel­fie para di­zer onde es­tás. Falar de eco­lo­gia neste con­texto tem a ver com pôr fil­tros, com pe­nei­ras, igual que no jor­na­lismo; há muita in­for­ma­çom, o im­por­tante é eli­mi­nar o ruido. 

Considerades a fo­to­gra­fia umha fer­ra­menta para a trans­for­ma­çom social?
A tec­no­lo­gia trans­for­mou os nos­sos há­bi­tos e nom é ino­cente. É a fer­ra­menta por ex­ce­lên­cia para re­pre­sen­tar e cons­truir ima­gi­ná­rios, neste sen­tido apro­pri­armo-nos do mé­dio é ne­ces­sá­rio e trans­for­ma­dor, sim. Mas para a trans­for­ma­çom so­cial nom abonda com o ar­tís­tico, a au­to­or­ga­ni­za­çom é im­pres­cin­dí­vel em to­dos os cam­pos. 

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