Periódico galego de informaçom crítica

Umha viagem acidentada polo caminho de ferro galego

por
álex ro­za­dos

Achegamo-nos a alguns dos pontos mais problemáticos da nossa rede ferroviária, umha infraestrutura crucial para o desenvolvimento económico e social da Galiza. Há quase 150 anos que a Galiza estreou o seu primeiro caminho de ferro com a apertura em 1873 da linha que ligava Carril e Cornes. O “Cristo dos tempos modernos”, que celebrava um entusiasmado Curros, foi saudado no século XIX como símbolo de progresso económico e social. Hoje, pensar o comboio é, como entom, pensar o futuro. Mas para projetar redes ferroviárias que contribuam a vertebrar o território galego e permitam umha mobilidade verdadeiramente sustentável, devemos antes diagnosticar as suas principais fraquezas e aprendermos dos erros de umha história cheia de obstáculos.

Com a na­ci­o­na­li­za­çom do trans­porte fer­ro­viá­rio e o nas­ci­mento da Renfe em 1941, o cen­tro de de­ci­som so­bre o com­boio fixa-se em Madrid, de­sen­vol­vendo-se pri­o­ri­ta­ri­a­mente umha rede ra­dial em que se fai pa­tente um dos pro­ble­mas cons­tan­tes do ca­mi­nho de ferro ga­lego: o cen­tra­lismo do Estado es­pa­nhol à hora do seu de­se­nho e cons­tru­çom e a im­por­tân­cia ex­ces­siva ou­tor­gada às li­ga­çons com a sua ca­pi­tal pe­rante ou­tras li­nhas muito mais per­ti­nen­tes ge­o­grá­fica e economicamente.

Essa ten­dên­cia a pen­sar que boa parte das me­lho­ras na nossa rede de­vem con­du­zir-nos a che­gar mais rá­pido a Madrid está por trás de ou­tra das tei­mas que las­tram o nosso ca­mi­nho de ferro: a cons­tru­çom da li­nha de AVE à Meseta, pro­ta­go­nista do de­bate me­diá­tico com a sua su­ces­som de pro­mes­sas, adi­a­men­tos e inauguraçons.

O fe­che ou re­du­çom da ati­vi­dade de mui­tas pe­que­nas es­ta­çons é ou­tro dos fe­nó­me­nos que ca­ra­te­ri­zou o de­sen­vol­vi­mento do ca­mi­nho de ferro ga­lego nos úl­ti­mos anos. Rejeitadas por pro­lon­gar os tem­pos dos tra­je­tos, mui­tas des­tas pa­ra­gens eram fun­da­men­tais para li­gar pe­que­nos nú­cleos com ci­da­des e vi­las e a sua des­sa­pa­ri­çom su­pom um duro golpe para es­tes lu­ga­res, mui­tas ve­zes afe­ta­dos pola perda e en­ve­lhe­ci­mento da sua populaçom.

Algumhas des­tas es­ta­çons per­ten­ciam à an­tiga li­nha en­tre Ponte Vedra e Compostela, des­do­brada para a cons­tru­çom da li­nha do Eixo Atlântico. Desde a pla­ta­forma “Salva o Trem” rei­vin­di­cá­rom du­rante anos a su­per­vi­vên­cia da es­ta­çom de Portas e o apro­vei­ta­mento das vias ve­lhas para um com­boio de pro­xi­mi­dade. Com a aber­tura o pas­sado ve­rao da Via Verde que dis­corre pelo seu tra­çado, re­ma­tava sim­bo­li­ca­mente a sua luita sem que as ad­mi­nis­tra­çons aten­des­sem nen­gumha das duas de­man­das. O seu tra­ba­lho em fa­vor do trem é só um exem­plo en­tre as mui­tas pla­ta­for­mas que por todo o ter­ri­tó­rio ga­lego es­tám a de­fen­der um mo­delo diferente. 

A odis­seia Corunha-Ferrol

Mais de umha hora (quase hora e meia no caso do tra­jeto mais lento) de­mora vi­a­jar em com­boio en­tre Corunha e Ferrol, pra­ti­ca­mente o mesmo tempo em que é pos­sí­vel fa­zer o per­curso Corunha-Vigo. Com mais de um sé­culo —inau­gu­rou-se em 1913— sem fa­zer nela in­ves­ti­men­tos sig­ni­fi­ca­ti­vos, esta é tal­vez a li­nha mais ob­so­leta da Galiza e um dos pon­tos crí­ti­cos da nossa in­fra­es­tru­tura ferroviária.

Da “Plataforma em Defesa do Trem Corunha e As Marinhas” le­vam anos a lu­tar pola mo­der­ni­za­çom desta li­nha e por um mo­delo fer­ro­viá­rio que con­tri­bua re­al­mente a ver­te­brar umha área em que vi­vem mais de meio mi­lhom de pes­soas. “Exigimos a mo­der­ni­za­çom desse tra­çado fer­ro­viá­rio nas mes­mas con­di­çons que se fijo no Eixo Atlântico, dando-lhe con­ti­nui­dade até Ferrol, ele­tri­fi­cando a li­nha, au­men­tando as frequên­cias e du­pli­cando as vias para per­mi­tir cru­za­men­tos”, as­sim re­su­mem na pla­ta­forma as suas reivindicaçons.

A re­du­çom do tempo e a am­pli­a­çom da frequên­cia das vi­a­gens nom é o único que re­cla­mam. Na pla­ta­forma de­fen­dem um mo­delo de com­boio que ofe­reça umha ver­da­deira al­ter­na­tiva ao carro: “umha rede de pro­xi­mi­dade que per­mi­tisse des­con­ges­ti­o­nar o trân­sito que tem a Corunha”. Com ape­a­dei­ros em lu­ga­res como o Palexco, Sam Diego, Os Castros, Pocomaco ou a re­fi­na­ria, con­ti­nu­ando até Arteijo e o porto ex­te­rior e ha­bi­li­tando es­ta­ci­o­na­men­tos dis­su­a­só­rios, a sua pro­posta é a de umha cir­cum­va­la­çom que ha­ve­ria me­lho­rar subs­tan­ci­al­mente a mo­bi­li­dade na ci­dade. “Que as pes­soas poi­dam es­ta­ci­o­nar e ir para o seu tra­ba­lho no com­boio, que nom tem en­gar­ra­fa­men­tos e é pon­tual”, explicam.

álex ro­za­dos

Os pro­ble­mas do ve­te­rano Feve

Também Ferrol é es­ta­çom ter­mi­nal dou­tra das li­nhas mais de­sa­ten­di­das da nossa rede: o ca­mi­nho de ferro de bi­tola mé­trica (via es­treita) que dis­corre en­tre esta ci­dade e Riba d’Eu, con­ti­nu­ando pola Cornija Cantábrica até a fron­teira fran­cesa. Explorada pola em­presa pú­blica Feve até o ano 2013, quando por causa do pro­cesso de li­be­ra­li­za­çom im­posto desde a Uniom Europeia, a in­fra­es­tru­tura da li­nha foi trans­fe­rida à Adif e os ser­vi­ços à Renfe Operadora. Atualmente presta ser­viço de vi­a­jan­tes de pro­xi­mi­dade en­tre Ferrol e Ortigueira, re­gi­o­nal Ferrol-Riba d’Eu, a co­ne­xom com as Astúrias e al­guns ser­vi­ços de mer­ca­do­rias. É um ca­mi­nho de ferro nom ele­tri­fi­cado e de via única.

Há um ano, em fe­ve­reiro de 2020, a “Plataforma pola Defesa do Caminho de Ferro Ferrol-Riba d’Eu” pu­bli­cava um in­forme em que re­co­lhia as ne­ces­si­da­des da li­nha e apon­tava pro­pos­tas de me­lhora. Neste tra­ba­lho, as­si­na­lam como pro­ble­mas prin­ci­pais as de­fi­ci­ên­cias no man­ti­mento da in­fra­es­tru­tura, que obri­gam ao es­ta­be­le­ci­mento de li­mi­ta­çons tem­po­rais da ve­lo­ci­dade, e as fre­quen­tes ava­rias, que im­pli­cam a su­pres­som de nu­me­ro­sos serviços.

O fe­che ou re­du­çom da ati­vi­dade de mui­tas pe­que­nas es­ta­çons é um dos fe­nó­me­nos que ca­ra­te­ri­zou o de­sen­vol­vi­mento do ca­mi­nho de ferro nos úl­ti­mos anos

O fu­turo da li­nha passa por que os po­de­res pú­bli­cos en­ten­dam que este é um com­boio ru­ral de pro­xi­mi­dade e te­nham em conta a po­pu­la­çom à que tem que pres­tar ser­viço. Por Europa há ca­mi­nhos de ferro de bi­tola mé­trica que fun­ci­o­nam do­tando-se de pes­soal su­fi­ci­ente, man­tendo a in­fra­es­tru­tura e com uni­da­des que nom ava­riem”, ex­pli­cam desde a pla­ta­forma. Apostam polo po­ten­cial do Feve para fi­xar po­pu­la­çom no norte da Galiza, umha área com sé­rias ca­rên­cias em al­gumhas es­tra­das e sem boas al­ter­na­ti­vas de trans­porte coletivo.

Para isto, con­si­de­ram ne­ces­sá­ria umha con­di­çom: a trans­fe­rên­cia da com­pe­tên­cia do ser­viço à Junta da Galiza. “Está a ver-se que é im­pos­sí­vel con­se­gui-lo com umha em­presa pú­blica do Estado es­pa­nhol”, lamentam. 

Lugo, na pe­ri­fe­ria da rede

Longe do eixo Corunha-Vigo e dos tra­ça­dos da alta ve­lo­ci­dade, Lugo tem as li­ga­çons por com­boio mais es­cas­sas de en­tre as ci­da­des ga­le­gas, com umha oferta para vi­a­jan­tes li­mi­tada a uns pou­cos com­boios diá­rios com di­re­çons à Corunha e Monforte a baixa ve­lo­ci­dade. Atualmente, conta tam­bém com um Alvia diá­rio que a co­mu­nica com Madrid. Em 2014 e com o apoio nu­me­ro­sos e di­ver­sos co­le­ti­vos, cons­ti­tuía-se a pla­ta­forma “Lugo, nom per­das o trem”, com o ob­je­tivo de re­cla­mar a re­cu­pe­ra­çom e am­pli­a­çom dos ser­vi­ços fer­ro­viá­rios dos que dis­pom a cidade. 

O seu porta-voz, José Manuel Carballo, ex­plica que en­tre as suas rei­vin­di­ca­çons es­tám ques­tons como a ne­ces­si­dade de equi­li­brar os in­ves­ti­men­tos en­tre a zona atlân­tica e o in­te­rior, co­ne­tar com Europa atra­vés do Corredor Atlântico de mer­ca­do­rias, con­se­guir um tra­jeto Lugo-Ourense com­pe­ti­tivo ou a cri­a­çom de umha em­presa fer­ro­viá­ria ga­lega ge­rida pola Junta, “para dar os ser­vi­ços que nom vai dar a Renfe”.

Um des­tes ser­vi­ços se­ria, di Carballo, a co­ne­xom Lugo-Compostela e a aber­tura de umha li­nha Compostela-Lugo-costa de Lugo. Para re­sol­ver esta ca­rên­cia de li­ga­çom en­tre Lugo e a ca­pi­tal ga­lega, o BNG apre­sen­tou o pas­sado mês de no­vem­bro umha emenda aos Orçamentos Gerais do Estado em que ex­pu­nha a sua pro­posta: li­gar as pa­ra­das de Curtis e Ordes para criar um tra­jeto di­reto com umha obra de 27 quilómetros.

Monforte, his­tó­ria do com­boio galego

O que acon­tece em Monforte é um fiel re­flexo do que passa em al­gumhas es­ta­çons que no seu dia fô­rom gran­des, como Miranda de Ebro ou Venta de Banhos: hoje sus­tenta-se no trân­sito de mer­ca­do­rias”, ex­pli­cam desde a pla­ta­forma “Neste trem ca­be­mos todxs”, nas­cida em se­tem­bro de 2018 para “de­fen­der o trans­porte e as co­mu­ni­ca­çons na co­marca de Lemos e no sul de Lugo”. 

A ci­dade do Cabe foi his­to­ri­ca­mente um dos prin­ci­pais nós fer­ro­viá­rios da Galiza. Ligada desde o sé­culo XIX ao com­boio, os mo­men­tos de apo­geu e de­clive da sua his­tó­ria re­cente som pa­ra­le­los aos da sua es­ta­çom. “Arredor de cem fa­mí­lias de­vem de vi­ver atu­al­mente do ca­mi­nho de ferro”, cal­cu­lam na pla­ta­forma, mas “che­gou a ha­ver mil fer­ro­viá­rios” em Monforte.

Respeito ao trans­porte de pas­sa­gei­ras, hoje “há pou­cas e más frequên­cias. A es­tra­té­gia da Renfe foi pôr ho­rá­rios pouco atra­ti­vos para que a gente nom vi­aje e po­der jus­ti­fi­car as­sim a su­pres­som dos ser­vi­ços”, la­men­tam. “Um trem que cir­cu­lava mui bem era o que uti­li­za­vam os es­tu­dan­tes, que saia cedo de Monforte, che­gava numha hora a Ourense e daí en­la­çava com Santiago e A Corunha. Deixou de cir­cu­lar e nunca voltou”.

Os efei­tos do coronavírus

O com­boio nom é alheio às con­sequên­cias da si­tu­a­çom de pan­de­mia que es­ta­mos a vi­ver. Por umha parte, o medo ao con­tá­gio fa­vo­rece o uso do veí­culo pri­vado para os des­lo­ca­men­tos. Por ou­tra, a re­du­çom de frequên­cias apli­cada com o con­fi­na­mento nom acaba de re­ver­ter-se em mui­tas li­nhas, dei­xando a sen­sa­çom de que a Renfe está a apli­car umha sorte de dou­trina do cho­que para re­du­zir e mesmo fe­char os ser­vi­ços de al­gumhas das li­nhas me­nos ren­dí­veis economicamente.

A re­du­çom de frequên­cias apli­cada com o con­fi­na­mento nom acaba de re­ver­ter-se em mui­tas li­nhas, dei­xando a sen­sa­çom de que a Renfe está a apli­car umha sorte de dou­trina do choque

Para além da re­du­çom ló­gica nos pri­mei­ros tem­pos da pan­de­mia, Renfe apro­vei­tou para su­pri­mir os ser­vi­ços que de­no­mina de­fi­ci­tá­rios. Assim, dei­xá­rom de cir­cu­lar os com­boios no­tur­nos que co­mu­ni­ca­vam com Madrid e Barcelona e as co­ne­xons com o País Basco, que, se­gundo anun­ciam, fa­rám-se com li­ga­çons di­fe­ren­tes apro­vei­tando a co­ne­xão diurna com Catalunha”, ex­plica o co­or­de­na­dor o se­tor fer­ro­viá­rio do sin­di­cato CGT Galiza, Ángel Valladares. “Além disto, se­guem sem cir­cu­lar o cento por cento dos já pou­cos trens de­no­mi­na­dos como de obriga de ser­viço pú­blico que unem as po­vo­a­çons do in­te­rior e da costa norte”, acrescenta.

O Feve é um dos ca­sos mais pre­o­cu­pan­tes. Como ex­pli­cam desde a pla­ta­forma para a de­fesa desta li­nha, “desde o es­tado de alarme de março su­pri­mí­rom o 75% dos ser­vi­ços da li­nha Ferrol-Riba d’Eu e mer­má­rom mui­tís­simo os com­boios e pro­xi­mi­dade Ferrol-Ortigueira”.  Fica um ser­viço pra­ti­ca­mente “inú­til” para a po­pu­la­çom. Mais umha vez, a pes­ca­di­nha de rabo na boca que pa­dece o com­boio: o de­te­ri­oro do ser­viço con­duz ao seu aban­dono por parte das usuá­rias, e jus­ti­fica-se as­sim a sua re­du­çom ou feche.

Transporte de mercadorias: o outro comboio

O trans­porte de mer­ca­do­rias fica ge­ral­mente num se­gundo plano nos de­ba­tes so­bre os de­sa­fios e pos­si­bi­li­da­des do trem. No en­tanto, a sua po­ten­ci­a­li­dade para re­ti­rar trân­sito pe­sado das es­tra­das e ofe­re­cer umha al­ter­na­tiva eco­nó­mica e eco­lo­gi­ca­mente sus­ten­tá­vel —es­pe­ci­al­mente quando cir­cula por vias ele­tri­fi­ca­das— fam dele um ele­mento cen­tral na pla­ni­fi­ca­çom e me­lhora dos ser­vi­ços ferroviários.

Hoje, a uti­li­za­çom do com­boio com esta fi­na­li­dade é mui es­cassa na Galiza, com umha per­cen­ta­gem mui baixa de mer­ca­do­rias que se mo­vem atra­vés deste meio. Reduzido a um pa­pel tes­te­mu­nhal (Sogama, al­guns gra­neis, ma­deira…), o com­boio de mer­ca­do­rias de­ve­ria me­lho­rar as suas li­ga­çons aos prin­ci­pais por­tos, pla­ta­for­mas lo­gís­ti­cas e par­ques em­pre­sa­ri­ais para re­sul­tar competitivo.

Este trans­porte conta com a po­ten­ci­a­li­dade de ofe­re­cer umha al­ter­na­tiva eco­nó­mica e eco­lo­gi­ca­mente sustentável

O fu­turo das li­nhas ga­le­gas de mer­ca­do­rias tam­bém passa em boa parte pola sua in­cor­po­ra­çom ao co­nhe­cido como Corredor Atlântico, que na atu­a­li­dade per­mite a saída de car­re­ga­men­tos de vá­rios por­tos por­tu­gue­ses cara à Meseta para con­ti­nuar até o oeste e norte de França e Alemanha, onde se co­necta a ou­tros gran­des cor­re­do­res eu­ro­peus. O Eixo Atlântico, a as­so­ci­a­çom de mu­ni­cí­pios que reúne 35 ci­da­des de Galiza e Portugal para de­fen­der os seus in­te­res­ses di­ante das ins­ti­tu­çons eu­ro­peias, fijo do de­sen­vol­vi­mento desta in­fra­es­tru­tura umha das suas prin­ci­pais reivindicaçons.

No seu in­forme ‘Elementos para a re­da­çom de um Plano Diretor do Corredor Atlântico’, ela­bo­rado polo pro­fes­sor da UDC Miguel Rodríguez Bugarín e apre­sen­tado o pas­sado mês de no­vem­bro, aposta em es­ten­der a in­te­ro­pe­ra­bi­li­dade das in­fra­es­tru­tu­ras a toda a fa­chada atlân­tica ga­lega. Para isso se­ria ne­ces­sá­rio mo­der­ni­zar as li­nhas exis­ten­tes com atu­a­çons como a ele­tri­fi­ca­çom, a adap­ta­çom à cir­cu­la­çom de trens mais lon­gos e pe­sa­dos, a me­lhora da ve­lo­ci­dade mí­nima ou a ins­ta­la­çom do sis­tema de se­gu­rança ERTMS, en­tre ou­tras me­di­das. Assim, a li­nha Sines-Setúbal- Lisboa-Aveiro-Leixões pro­lon­ga­ria-se até à Corunha, per­mi­tindo um mo­vi­mento mais ágil de mer­ca­do­rias en­tre Galiza e Portugal e com o resto de Europa. Mas é pre­ciso apres­su­rar-nos se nom que­re­mos per­der ou­tro com­boio: o do fi­nan­ci­a­mento com fun­dos da UE.

Precarizaçom e perda de empregos no setor

Concentraçom na es­ta­çom de Pontedeume, da Plataforma em de­fesa do com­boio A Corunha e As Marinhas.

O pro­cesso de li­be­ra­li­za­çom fer­ro­viá­ria pro­mo­vido desde Europa avança im­pa­rá­vel e no Estado es­pa­nhol vá­rias em­pre­sas co­me­ça­rám a ope­rar li­nhas de alta ve­lo­ci­dade ao longo deste e os pró­xi­mos anos. Com a li­be­ra­li­za­çom dos ser­vi­ços, nom só po­dem ver-se ame­a­ça­das as li­nhas que ofe­re­çam me­nos ren­di­bi­li­dade eco­nó­mica, tam­bém pode ver-se afe­tado o em­prego no se­tor fer­ro­viá­rio, que já vem so­frendo nos úl­ti­mos anos de im­por­tan­tes cor­tes e precarizaçom.

A ges­tom do pes­soal no âm­bito fer­ro­viá­rio, ao igual que em todo o se­tor pú­blico, foi de ERTE em ERTE, o que so­mado à quase nula con­tra­ta­çom du­rante mui­tos anos leva a umha si­tu­a­çom de pes­soal en­ve­lhe­cido e in­su­fi­ci­ente para pres­tar o ser­viço ne­ces­sá­rio”, ex­plica Ángel Valladares, co­or­de­na­dor do se­tor fer­ro­viá­rio da CGT Galiza. “Há anos que es­ta­mos pe­rante umha falta de tra­ba­lha­do­res que se tenta par­chear com o in­cre­mento de carga de tra­ba­lho e a con­tra­ta­çom a em­pre­sas ex­ter­nas de ser­vi­ços que lhes som pró­prios às em­pre­sas ma­tri­zes”, denuncia.

Com a li­be­ra­li­za­çom dos ser­vi­ços pode ver-se afe­tado o em­prego no se­tor fer­ro­viá­rio, que já vem so­frendo im­por­tan­tes cortes

A sub­con­tra­ta­çom do tra­ba­lho a em­pre­sas pri­va­das é tam­bém umha cons­tante no caso de Adif, en­car­re­gada das in­fra­es­tru­tu­ras. “Está a se con­ver­ter numha em­presa que só re­a­liza a ges­tom, de modo que a ten­dên­cia é a que os la­bo­res de man­ti­mento das suas ins­ta­la­çons, tanto de vias como de se­gu­rança, es­tám a con­tra­tar-se a em­pre­sas com pes­soal muito me­nos qua­li­fi­cado, com­pro­me­tendo a se­gu­rança”, ex­plica Valladares.

Para além da pre­ca­ri­za­çom la­bo­ral, nos úl­ti­mos anos as­sis­ti­mos a umha perda de pes­soal que tam­bém re­per­cute na aten­çom às vi­a­jan­tes, che­gando ao ponto de mui­tas es­ta­çons fi­ca­rem sem pes­soal para a venda de bi­lhe­tes. Valladares la­menta que “além da re­du­çom da aten­çom pre­sen­cial aos usuá­rios nas es­ta­çons, no caso da Renfe es­ta­mos a ver umha cres­cente su­pres­som de com­boios por falta de pes­soal como ma­qui­nis­tas ou in­ter­ven­to­res”. De novo, o meio ru­ral e a sua po­pu­la­çom, en­ve­lhe­cida e ne­ces­si­tada de al­ter­na­ti­vas de mo­bi­li­dade, som os mais pre­ju­di­ca­dos por de­ci­sons pu­ra­mente economicistas.

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