Em menos de sete meses, o serviço do 061 será trasladado ao Centro Integral de Atençom às Emergências (CIAE) segundo anunciou a Junta da Galiza. Neste mês de novembro, o vice-presidente Alfonso Rueda insistia em que, o mais tardar, o 061 começará a trabalhar no centro localizado na Estrada a princípios de 2018; se bem reconhecia que a data concreta dependerá das campanhas sanitárias, como a da gripe.
O traslado poderia implicar sérias mudanças para o pessoal do 061, ameaçado com fusionar-se com o 112. Esta declaraçom de intençons foi confirmada polo próprio gerente de Axega, Marcos Araújo Pereira, numha entrevista concedida a La Voz de Galicia (23/10/17) em que sustinha que “tem que haver unidades de todos os serviços e nom apenas operadoras” ademais de destacar que o “112 tem que ser o número único de emergências, como ordena a Uniom a nível legal”. De facto, Araújo nom menciona a palavra traslado senom “integraçom formal” ao referir-se à chegada do 061 ao Centro de Emergências.
Mais do que um traslado
O traslado do 061 segue motivos “políticos, económicos e particulares”, destaca a delegada sindical Carmen Taboada
Com mais de quinze anos de experiência como operadora do 061, Carmen Taboada, que também é delegada sindical pola Central Unitária de Trabalhadoras/es (CUT), sustém que este traslado carece “de sentido comum”. Para ela os motivos som “políticos, económicos e particulares”, mas em nenhum caso ligados à operabilidade. Nestes momentos, as operadoras do 061 trabalham numha sala recém-reformada e a sua distribuiçom e organizaçom é apreciada polas trabalhadoras. “Investírom dinheiro sem nenhum tipo de sentido, uns fundos públicos que deveriam financiar recursos que sim som necessários, ambulâncias e assistência sanitária”.
Precisamente, a diferença principal entre o 061 e o 112 é que no primeiro só se coordenam os serviços sanitários. Essa especializaçom do serviço é a razom principal pola que Taboada se opom a que o 112 adira todos os serviços de emergências. Argumenta que trazeria umha perda de qualidade do serviço que atualmente já se coordena com o 112 nos casos necessários. “Na central de coordenaçom existe um contato direito entre o pessoal sanitário e as trabalhadoras da sala polo que umha possível fusom desse pessoal de sala aumentaria as situaçons caóticas”, aponta.
Do 112, o secretário do comitê de empresa, Carlos Barros, da Confederaçom Intersindical Galega (CIG), acha possível dispor de um serviço integral das emergências “sempre que seja público”, detalha, “sem lucro”. Enquanto o 061 permanece em Compostela na conta atrás para o seu traslado, o 112 funciona desde o mês de abril no novo centro da Estrada. Barros destaca a necessidade de um serviço de emergências de qualidade e lembra que as reivindicaçons das trabalhadoras, a propósito do traslado do 112, baseárom-se em reduzir a precariedade laboral, compensaçom económica polo deslocamento e a denúncia do programa informático que “ainda nom estava preparado para funcionar”.
112, sete meses após o traslado
Desde o traslado do 112 à Estrada “os tempos de resposta em sala retardárom-se”, explica Carlos Barros, da CIG
O traslado do 112 das dependências em Sam Marcos, Compostela, para a Estrada nunca foi consultado com as trabalhadoras. A Junta decidiu unilateralmente a construçom desse macro complexo e que o 112 seria o primeiro serviço em ser levado ao novo centro. Perante isto, meio cento de trabalhadoras deste serviço decidírom ir a umha greve que durou 83 dias. Com ela, conseguiu-se a subrogaçom das trabalhadoras, umha suba do 10 por cento do salário para o deslocamento para a Estrada, o direito à conciliaçom laboral e a jornada completa para as trabalhadoras que realizavam umha a tempo parcial.
Nom foi a única conquista desta greve. “Agora temos uns vínculos mais fortes”, explica Carlos Barros, “agora até é mais simples trabalhar perante possíveis desafios”. Cada umha das trabalhadoras realizou ao longo desses 83 dias um processo de aprendizagem tanto individual como coletivo. “Tomou-se consciência do poder das trabalhadoras e a falta de vontade do Governo”.
Antes da greve, existia certa divisom entre o quadro do pessoal segundo relata Barros. Cada sector tinha umhas reivindicaçons próprias e desconfiança com respeito ao resto de companheiras. Mas o traslado converteu-se num problema comum. “As reivindicaçons particulares figérom-se coletivas e isso constituiu um enorme passo adiante capaz de desafiar a Junta”.
Com o traslado, que qualifica de precipitado, instalou-se um novo sistema informático para resolver as incidências que gere o 112. “O serviço colapsou em repetidas ocasions polo mal funcionamento do programa, retardou o labor do dia a dia e aumentou os erros”, denuncia. Ao mesmo tempo, reconhece que “desde o seu traslado à Estrada, os tempos de resposta em sala retardárom-se”.
Subcontratas e corruçom
As pessoas que atendem e gerem as incidências entrantes no 112 e 061 trabalham para umha empresa privada subcontratada pola Junta. No caso do 061, a concessom corre a cargo da Fundaçom 061, que nestes momentos está a ser investigada pola Audiência Provincial da Corunha por um delito de prevaricaçom, informaçom privilegiada e tráfico de influências na adjudicaçom de um concurso de ambulâncias da Fundaçom Pública Urgências Sanitárias da Galiza 061 no ano 2014.
Segundo transcendeu, o técnico responsável do transporte da Fundaçom 061 que avaliou as ambulâncias usou o prego de condiçons que lhe facilitou umha empresa de transportes de Ourense. O 95,5% das empresas que se figérom com um concurso em 2014 trabalhavam com essa companhia e com outra portuguesa. O denunciante, um empresário luguês, apresentou um informe em que recolhe como estas empresas tinham os veículos matriculados e rotulados com as condiçons do concurso seis meses antes de resolver-se. O lucro investigado ascende a 121,6 milhons de euros.
A Fundaçom 061 encontra-se investigada por irregulariedades nas adjudicaçons de ambulâncias
Esta nom é a única conseqüência da privatizaçom dos serviços para a delegada sindical no 061, Carmen Taboada. Também implica “inestabilidade e precariedade laboral, companheiras que levam dez anos a trabalhar com contratos temporários”. Por exemplo, tanto as trabalhadoras do 061 como as do 112 regem-se polo convénio de telemarketing como as que se dedicam à venda de produtos via telefone. “O nosso labor nom é vender nenhum tipo de produto, salvamos vidas”, critica Taboada.
O delegado do 112, Carlos Barros, acrescenta que este serviço deveria estar regulado por um convénio de emergências. “Salvamos vidas e isso nom é um negócio, nom é atençom comercial”. Ambas as duas delegadas concordam com que é umha “aberraçom” que se aplique este convénio tanto na Galiza como em outros territórios como País Basco ou Madrid.
As melhoras dos serviços de emergências “nom podem deixar-se de lado”, destaca Barros. Enumera as melhoras que precisam no dia a dia como podem ser protocolos de actuaçom que permitam estabelecer prioridades e inclusive determinar que é umha emergência. Solicita também um incremento do fluxo de comunicaçom entre a Junta e as trabalhadoras, “necessitamos informaçom direta”. Em terceiro e último lugar, aponta, “saber dimensionar o serviço”. Isto é, reforçar o quadro de pessoal quando se sabe que haverá mais chamadas do habitual, como acontece no verao ou durante os temporais.