As feministas levam anos fazendo soar os tambores nas manifestaçons, mas desde começos do ano passado organizam-se com o nome da batukada feminista Tamborililás. Logo começárom a tecer rede polo país como em Ourense, Compostela, Vigo, Ponte Vedra, Ferrol e Vila Garcia. Há quatro meses, um grupo de trinta mulheres botou a andar outro grupo de Tamborililás na Marinha e hoje somam perto de sessenta batukeiras.
Qual é a força transformadora da batukada?
A força surge do espaço que estamos a construir, assentado em dinâmicas participativas e inclusivas, acolhendo as propostas de cada umha e promovendo que saiam outras. Nom é um espaço que exija muitos conhecimentos, umha alta assistência aos ensaios ou quartos já que os instrumentos estám feitos de materiais de refugalho. O mesmo ritmo da batukada fai-nos vibrar juntas e mover-nos física, mental e emocionalmente na mesma direçom. Multiplica as nossas energias e essa força da uniom leva-nos a sentir que podemos virar o mundo.
Como se organiza a batukada na Marinha?
Em Tamborililás da Marinha há mulheres de toda a comarca e também venhem do Ocidente asturiano. A Marinha é umha comarca extensa e dispersa, polo que a batukada supom um espaço de encontro e vinculaçom muito interessante para nós. Os ensaios som mensais e figemo-los em Ribadeu, Burela, Viveiro, Barreiro… A intençom é ir rulando polas vilas. Estamos começando e, portanto, em processo de definir-nos e organizar-nos. Isso sim, sempre pomos muita atençom à escolha do espaço em que ensaiamos para que seja o mais confortável possível e poidamos tecer redes e vinculaçons. Cuidamos muito a forma de acolhermo-nos.
Neste tempo, que achades que vos está dando a batucada?
Achega-nos um espaço de liberdade e autogestom. Juntamo-nos um coletivo de mulheres cantando e percutindo em espaços públicos e isso achega sentimentos de aceitaçom sem complexos, de irmandade, de amor próprio e mútuo. Sensaçom de empoderamento, de ganhar, de deixar voar à criatividade e construir entre todas, umhas emoçons mui fortes e positivas.
Há unha energia renovadora que nom só fica no ensaio ou nas manifestaçons senom que a levamos para as nossas casas e à nossa contorna quotidiana, umha alegria de saber-nos muitas e mais fortes do que pensávamos. Em definitiva, umha maior confiança em nós e umha sensaçom de grande companheirismo entre todas.
Empoderamento, sororidade… Vedes mais vínculos entre a batukada e o feminismo?
A batukada é a expressom viva da força das mulheres em açom. Nas letras das cançons vamos compreendendo melhor as problemáticas das mulheres e também as soluçons para atingir umha libertaçom individual e coletiva dos cárceres económicos, políticos e sociais do patriarcado, mas sobre todo dos cárceres mentais que as mulheres temos interiorizados.
“A energia nom só fica no ensaio ou nas manifestaçons senom que a levamos para as nossas casas, umha alegria de saber-nos muitas e mais fortes”
O tambor pode ser logo umha arma feminista?
No feminismo tentamos nom nos expressar utilizando umha linguagem bélica que reproduza as estruturas de poder. O tambor é umha ferramenta feminista se a mao que sustém a baqueta o é. As transformaçons que queremos nom som apenas formais, legais, políticas, sociais ou culturais senom que também queremos que os coraçons se movam nestes tempos de individualismo e racionalismo. Aí está o poder do tambor. O amor verdadeiro multiplica a beleza de quem toca e fai medrar as pessoas, nom as atemoriza nem anula. O som dos tambores espera essa capacidade do amor bem entendido, é umha chamada de atençom para as nossas energias adormecidas. O som do tambor transforma-se no som da luita das mulheres.