Das salas de aulas da faculdade aos cenários de todo o país: o que começou sendo um original protesto estudantil, pronto haveria virar numha realidade bem mais sólida. Ezetaerre, umha das bandas de rap com mais sucesso na Galiza dos últimos tempos, parece um projeto incompatível com a ambiguidade: com o compromisso político de esquerda presente em cada verso, o projeto é concebido polos seus integrantes como mais umha ferramenta de transformaçom social. Das origens da banda, da sua maneira de entenderem a música e o mundo e dos projetos que estám em caminho conversamos com eles.
Talvez poderíades começar por nos falar um pouco das origens do grupo… De onde é que sai o projeto? Que é o que Ezetaerre significa?
O projeto começou no 2015, enquanto os três estudávamos o grau em Comunicaçom Audiovisual na Universidade da Corunha. Da equipa de governo queriam fusionar várias faculdades, entre elas a nossa, para “aforrar em custos”… é por isso que nós, bem metidos no movimento estudantil, decidimos fazer um tema em contra dessas fusons em tom humorístico, comparando a situaçom da UDC com a que nos transmitem desde os meios sobre Venezuela. O tema gostou e começamos a preparar algo mais sério, que se traduziria na nossa maqueta.
O nome do grupo som as siglas de “El Zulo Rojo”, que é o nome que lhe pugemos ao piso onde vivíamos o Pirola e o Petrowski. Resulta que nós somos muito rojos e o piso era bastante zulo, assim que parecia um nome apropriado. Erro crasso: agora é tarde demais para o mudar…
Polo que temos ouvido de aqui, no acervo musical de boa parte da banda nom vinha predominando o hip-hop… Como é que vos achegades ao género?
O único que leva a escuitar rap toda a vida é o Garchu, enquanto o resto nom nos achegamos ao género até mais tarde. O Petrowski levava algo de tempo a produzir instrumentais, mas nenhum dos três escrevera nenhum tema.
o rap dá muito jogo: pode-se mudar de género dentro do próprio género
Decidimos fazer rap, em primeiro lugar, porque é um género que nom precisa (em princípio) de muitos recursos nem de muito conhecimento musical. É também um género em que se pode meter muito conteúdo por como se fam as letras. Aliás, do ponto de vista das instrumentais, o rap dá muito jogo: pode-se mudar de género dentro do próprio género. Isto último é umha das cousas que mais nos caraterizam… é por isso que muita da gente que se achega a nós depois dos concertos di que nunca gostou do rap, mas que lhe presta o que fazemos.
Chama a atençom a grande quantidade de referências sócio-políticas que empregades nas vossas composiçons. Considerades-vos um grupo ‘militante’?
Sim, com certeza: desdeo começo, a conceçom do grupo foi a de servir de ferramenta para luitarmos por um mundo melhor e para achegarmos a nossa mensagem a um público mais ou menos amplo. Já na maqueta falávamos de temas como o da luita do movimento estudantil ou o do inferno das refugiadas, mas com o tempo tentamos madurar esses temas e introduzir outros novos. Assim configuramos o que seria o nosso primeiro disco de estúdio, “Aspiracións mínimas e urxentes”. Essas aspiraçons nascêrom, por palavras de Fidel Castro, para mudar tudo aquilo que tem que ser mudado, e é essa a consigna com a que construímos as cançons.
Já na maqueta falávamos de temas como o da luita do movimento estudantil ou o do inferno das refugiadas
Pensades que existe umha rama do género que poderíamos chamar de ‘rap político’? Ou é que “tudo é política”?
Tudo é política e ideologia e, ainda que pretendas nom tomar partido, estás a fazê-lo. Sim, é certo que há grupos de rap que incidem (incidimos) mais no social e na realidade, mas todo o género está influenciado por essa realidade. Alguns estám cómodos no sistema e outras tentamos superá-lo, mas todas somos produto desse sistema.
Como vedes o futuro da banda? E o futuro em geral?
Com a banda estamos a piques de anunciar a nossa turné de verao, com a que vamos percorrer a geografia do Estado espanhol… a verdade é que temos muita vontade e muita ilusom no corpo. Também estamos a preparar vários projetos que verám a luz num futuro próximo (até aqui podemos ler).
A respeito do futuro… nom queremos perder o otimismo, mas a situaçom é bem má nom só no audiovisual, que é o nosso âmbito, mas em geral. Enquanto nos restarem forças, continuaremos a construir o mundo novo ao que aspiramos.