No dia 24 de julho de 1938 um grupo de vinte e cinco pessoas juntárom-se na praia das Jubias, na Corunha, para fazer umha sardinhada. A merenda era umha tapadeira, com a intençom de aguardar à noitinha para fugir a território republicano na motora ‘Tres Hermanos’. Porém, a tentativa de evasom ficou frustrada quando assomou pola costa umha motora da Comândancia.
Entre as participantes estava Basilisa Álvarez, A Corales, umha mulher brava que chegara à Corunha em 1909, com apenas 15 anos. Bem de novinha exercera a prostituiçom, mas a começos dos 20 mudou radicalmente de vida, começando a trabalhar no Muro, apanhando peixe. Foi ali ondeentrou em contato com o viçoso associacionismo anarquista do porto corunhês, absolutamente hegemónico nos ofícios do mar. Basilisa desenvolveu logo umha intensa atividade sindicalista, como delegada da sociedade de empacadoras, e anarquista, fazendo parte do Comité Pró-Presos e das organizaçons específicas das mulheres libertárias da cidade.
Após o golpe de Estado de julho de 1936 estas mulheres jogárom um papel de relevo na reorganizaçom da CNT-FAI, ao deixarem as suas casas ao serviço da rede de resistência. A Corales já a vinha emprestando como lugar de esconderijo para companheiros na clandestinidade desde a ditadura de Primo de Rivera. Mas desta volta as casas-refúgio de mulheres como Maria Otero, Alicia Dorado, Sebastiana Vitales e tantas outras somam-se à sua, conformando umha verdadeira rede para o abeiro e cuidado de militantes perseguidos. Além da auto-defensa, as casas-refúgio fôrom também espaços para a organizaçom de açons insurrecionais contra as autoridades golpistas.
Na década de 20 contactou com o associativismo anarquista do porto corunhês, absolutamente hegemónico nos ofícios do mar
Porém, em começos de 1937 um espiom infiltrou-se nestas redes de resistência, obtendo abundante informaçom das casas-refúgio. A da Corales foi a primeira em ser assaltada, no dia 18 de junho, ainda que ela conseguiu fugir por umha janela. Logo disto fixo correr o rumor de que morrera afogada nos Pelámios, quando tentava escapar. A realidade é que saíra da cidade, passando quase um ano polos montes e aldeias de Oça dos Rios.
Em meados do ano 1938 A Corales voltou à Corunha, onde entrou em contato com a rede de evasom da ‘Tres Hermanos’. Depois do fracasso deste plano, e após ser apresada polas autoridades, foi condenada a 20 anos de cadeia. Mas essa mulher brava nom se deixou amedrontar polo novo Estado repressor, e no cárcere destacou por defender as novas reclusas e por enfrentar os guardas e as autoridades.
Fijo correr o rumor de que morrera afogada nos Pelámios, quando tentava escapar. A realidade é que saíra da cidade
Anos passados destes acontecimentos, do coletivo Refuxios da Memoria queremos homenagear estaafouta vizinha do bairro corunhês das Atochas, publicando um livro sobre a sua figura, que apresentaremos no bar Patachim no dia 8 de julho às 20h, e inaugurando umha praça com o seu nome o 10 de julho, Dia das Mapoulas Libertárias. Ademais, em 24 de julho, 85 anos após os acontecimentos da ‘Tres Hermanos’, organizaremos umha sardinhada na praia das Jubias.
Queremos fazê-lo com todas as vizinhas das Atochas e As Jubias, e com todas as antifascistas galegas.