
Segundo o dicionário, um delírio, na sua acepçom psiquiátrica, é um transtorno provocado por ideias ou crenças que se oponhem à realidade ou ao senso comum, umha perturbaçom mental própria dum estado febril ou tóxico, que se caracteriza por alteraçons da consciência, alucinaçons, excitaçom e ideias incoerentes.
Segundo o comité de empresa da nossa radiotelevisom pública, este grave desvario condiciona a linha editorial de todas as informaçons ‑e nom só- que recebe a cidadania do país através da TVG, da Rádio Galega ou dos novos canais da Corporaçom; nada já, segundo as representantes das trabalhadoras públicas, queda à margem dum grau de manipulaçom informativa que entrou mesmo no âmbito do patológico.
Há uns dias, o Comité Intercentros dos nossos meios volvia denunciar esta grave praxe, alertando dumha perigosa intensificaçom. Dim os sindicatos, com boa razom, que tanto a TVG quanto a Rádio Galega abandonárom todo respeito polas mínimas normas deontológicas do jornalismo, para reproduzirem sem pudor em cada informativo um ideário calcado tintim por tintim, sem fissuras e com umha tendência partidista evidente, de jeito que a CRTVG, traindo as suas encomendas de serviço público, funciona apenas como o mais eficaz órgão de propaganda do partido que governa a Galiza.
O passado 23 de outubro produzírom-se surpreendentes cámbios organizativos e de conteúdo que a empresa nom quijo justificar e que o pessoal interpreta como controlo político
A manipulaçom ‑denúncia o comité- agravou-se especialmente na RG, onde o passado dia 23 de outubro, já bem iniciada a temporada de outono, se produzírom surpreendentes câmbios organizativos e de conteúdos que a empresa nom quijo justificar e que o pessoal interpreta em chave de incrementaçom do controle político, ao apartar dos micros as profissionais que se recusam a escrever ao ditado dos interesses da direçom. Com as mudanças que se produzírom, tanto nos boletins horários (camuflados agora entre programas de entretenimento, nos quais custa distinguir a informaçom da opiniom), quanto nos espaços informativos, muitas redatoras e redatores perdêrom carga de trabalho, concentrada numhas poucas pessoas da confiança da direçom.
Apunta o Intercentros que a linha editorial da Crónica das Duas ou da Crónica do Fim de Semana da RG assemelha-se mais à dumha emissora da ultradireita do que aos critérios de imparcialidade, veracidade e pluralidade que tem obriga por lei de respeitar a CRTVG, dada a sua consideraçom de serviço público essencial. Estas afirmaçons da representaçom das trabalhadoras podem contrastar-se acedendo aos áudios desses espaços através da web.

Mesmo no tratamento do conflito na Faixa de Gaza, lamenta o comité de empresa, segue-se a linha que marca o Partido Popular desde Madrid: colocando um exemplo clamoroso, os menores e mulheres intercambiados por Israel som denominados “terroristas de Hamás” na Rádio Galega. É intolerável que o relato informativo dos meios públicos da Galiza esteja tam ligado aos interesses do partido no governo autonómico, e que mesmo se chegue ao ponto de deformar a visom dum conflito bélico de primeiro nível, para dar a visom de quem está na oposiçom do governo central. É irresponsável quando menos, e ruim quando mais, fazer dum facto de relevância internacional umha arma burda contra o adversário político, atuando como o braço armado da comunicaçom social.
A manipulaçom continua a praticar-se sem pudor também nos telejornais da TVG, onde se repete o mesmo ideário que maneja e lhe convém ao Partido Popular. Como mostra, o gravíssimo facto de ocultar a segunda-feira após as eleiçons no Telejornal do meio-dia o resultado da repetiçom das eleiçons municipais no concelho de Castro Caldelas, onde ganhou a candidata à alcaldia do PSdeG, quando o dia das votaçons se figera um seguimento informativo intenso, chegando a ser o próprio domingo o primeiro titular do Telejornal do Serão. Conhecidos os resultados a favor dos socialistas, a nova deixou de existir nos seguintes telejornais, privando à cidadania do seu direito a receber umha informaçom básica, por ser contrária aos populares. E ainda, esse mesmo fim de semana, assistimos à deturpaçom informativa sobre um ato de precampanha do PPdeG do candidato Rueda a bordo do autocarro Galicia non para! em Cangas, que se noticiou nos informativos da televisom pública como um ato institucional do Presidente da Xunta.
Infelizmente, denúncia o Intercentros, os novos meios som outro campo de batalha ideológica. Nas redes sociais dos informativos irrompem vídeos com músicas e comentários informais que nom só repetem falácias partidistas, mas que ainda se permitem banalizar temas que geram preocupaçom social como a violência machista, convidando a opinar sobre factos delitivos, ou chanceando sobre a falta de notícias com perspetiva galega aos domingos. Surpreendente afirmaçom feita num meio cuja razom de ser é este país, grande verdade quando a cabeça está em Madrid e nom em Santiago de Compostela.
A manipulaçom informativa continua a praticar-se sem pudor também nos telejornais da TVG, onde se repete o mesmo ideário que maneja e lhe convém ao Partido Popular
A equipa de trabalhadoras da CRTVG está ciente da responsabilidade que exerce cada dia num meio que é de serviço público e quer sentir-se útil e parte ativa para atingir umha sociedade mais justa, democrática e plural. Neste sentido, as representantes legais do quadro de pessoal denunciam o ostracismo com que se castiga a cotio a maior parte das profissionais que nom se pregam a escrever notícias ao ditado dos interesses do Partido Popular, umha modalidade de assédio que está a provocar graves danos psicossociais num quadro de pessoal que leva mobilizado 288 semanas através do movimento Defende a Galega.
O Comité, ciente de que a maquinária manipuladora se intensificará ainda mais de cara às iminentes eleiçons autonómicas, exige a cessaçom de todas as pessoas diretamente responsáveis deste delírio, que tenhem nomes e apelidos e mesmo títulos em jornalismo…, mas também de toda a estrutura diretiva que ampara com o silêncio e a conivência a utilizaçom partidista e o sequestro dos meios públicos de comunicaçom de todos os galegos e galegas, que há que sacar das mans destes e destas psicopatas com interesses espúrios. Frente ao seu interessado e mercenário relato delirante, alerta, toma de consciência e mobilizaçom para pôr a CRTVG ao serviço do povo.