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A esquerda chilena fai promoçom turística do mapuche’

por
Francisco Solar

Francisco Solar Domínguez, anar­quista chi­leno de­tido em Novembro de 2013 em Barcelona, é, junto com Mónica Caballero Sepúlveda das pri­mei­ras pre­sas dumha forte vaga re­pres­siva do Estado es­pa­nhol con­tra o mo­vi­mento anar­quista e, até o de agora, as úni­cas que re­sul­tá­rom con­de­na­das. Enquanto man­tí­nha­mos esta con­versa o Tribunal Supremo fi­xou a con­dena em qua­tro anos e meio de pri­som para cada umha. Compartimos aqui agora, mais ou me­nos or­de­na­das, as ideias que fo­mos en­fi­ando en­quanto cor­ría­mos no pá­tio ou atra­vés do ‘cor­reio in­ter­mo­du­lar’, na pri­som de Villabona, em Asturies.

Tenho a sen­sa­çom de que pola for­ta­leza de re­sis­tên­cia ma­pu­che, a es­querda chi­lena tal­vez es­teja mais ‘des­co­lo­ni­zada’ que a es­pa­nhola, de tra­di­çom na­ci­o­na­lista. Vede-lo vós assim?

‘Mapuches nom som nem querem ser chilenos’

F: De nen­gumha ma­neira. Segundo a mi­nha vi­som a es­querda chi­lena é su­ma­mente pa­tri­ota e salvo con­ta­das exe­çons, nom rei­vin­di­cou a luita ma­pu­che. Quando se ache­gou ao mundo ma­pu­che sem­pre o fijo por con­ve­ni­ên­cia par­ti­dista, ja­mais para apoiar a sua au­to­de­ter­mi­na­çom. Isto foi com­pre­en­dido fi­nal­mente po­los se­to­res mais com­ba­ti­vos das ma­pu­ches, que op­tá­rom por afas­tar-se de todo o que cheire a po­lí­tica chi­lena, seja de es­querda ou di­reita. Junto com o an­te­rior, a es­querda chi­lena, desde os seus iní­cios, per­ce­beu o ma­pu­che como cam­po­nês po­bre e chi­leno, em­bora com cos­tu­mes e cren­ças pró­prias mas chi­leno à fim e ao cabo.

‘Qualquer iniciativa que procure a rutura com Chile é impensável que seja apoiada pola esquerda’


Portanto, qual­quer ini­ci­a­tiva que pro­cure a ru­tura com Chile é im­pen­sá­vel que seja apoi­ada pola es­querda, polo con­trá­rio in­ten­ta­rám aplacá-la por to­dos os meios. Nesse sen­tido, a es­querda nom se viu re­fle­tida na re­sis­tên­cia ma­pu­che e as suas íco­nes fo­ram e som ope­rá­rios, par­ti­cu­lar­mente os que fo­ram ex­plo­ra­dos nas mi­nas sa­li­trei­ras do Norte chi­leno a prin­cí­pios do sé­culo XX, como tam­bém as di­ver­sas guer­ri­lhas la­tino-ame­ri­ca­nas e os seus he­róis. Da mesma forma que o fijo a elite ter­ra­te­nente que deu ori­gem ao es­tado chi­leno, a es­querda exal­tou a fi­gura do ma­pu­che como su­jeito guer­reiro e lui­ta­dor con­tra o co­lo­ni­a­lismo es­pa­nhol, po­rém essa exal­ta­çom ig­no­rou a cul­tura do povo ma­pu­che, com cos­tu­mes que se re­e­la­bo­ram e rein­ven­tam cons­tan­te­mente. Portanto, no re­lato chi­leno, onde a es­querda nom é a ex­ce­çom, fai-se umha sorte de pro­mo­çom tu­rís­tica do ma­pu­che. De to­dos os se­to­res po­lí­ti­cos ten­tou-se chi­le­ni­zar o ma­pu­che, com es­tra­té­gias di­fe­ren­tes mas o pro­pó­sito sem­pre foi o mesmo: des­pojá-los da sua cul­tura e ‘ci­vi­lizá-los’.

Atualmente, quando o mo­vi­mento ma­pu­che pola au­to­de­ter­mi­na­çom é forte e ativo, o seu dis­tan­ci­a­mento com a es­querda é evi­dente. Nom há pon­tos de en­con­tro e por mais que a es­querda in­tente um acer­ca­mento o único que en­con­tram é re­jei­çom e in­di­fe­rença cau­sada por anos de ma­ni­pu­la­çons e en­ga­nos. Os ma­pu­ches nom som nem que­rem ser chi­le­nos, nem de es­querda, nem de direita.

Para ter­mi­nar é im­por­tante as­si­na­lar que a es­querda nunca ques­ti­o­nou a exis­tên­cia do es­tado chi­leno, cri­ado a par­tir de ide­ais eu­ro­peus, nem tam­pouco ‘a chi­le­ni­dade’, polo con­trá­rio, tra­ba­lhou para for­ta­lecê-los no seu mar­cado sen­ti­mento pa­trió­tico. Todos os seus atos, ma­ni­fes­ta­çons e pro­cla­mas es­tám im­preg­na­das de na­ci­o­na­lismo e ban­dei­ras chi­le­nas, a di­fe­rença do que su­cede aqui onde as ban­dei­ras es­pa­nho­las só fi­gu­ram em atos do es­tado e nos fascistas.

Chamou-me à aten­çom que já co­nhe­cias em Chile o mo­vi­mento in­de­pen­den­tista ga­lego. Que ima­gem tí­nha­des do nosso país?

F: A pri­meira in­for­ma­çom que ti­vem so­bre o in­de­pen­den­tismo ga­lego foi lendo o li­vro de Xosé Tarrío Huye hom­bre huye, quando fala so­bre o Exército Guerrilheiro do Povo Galego Ceive, e cha­mou-me à aten­çom, já que em Chile o des­co­nhe­ci­mento so­bre este tema é to­tal. Muito se fa­lou do in­de­pen­den­tismo basco e a su­posta in­fluên­cia que, se­gundo os meios de co­mu­ni­ca­çom, te­ria na luita do povo ma­pu­che, mas da luita do povo ga­lego a in­for­ma­çom é nula.

‘A primeira informaçom que tivem sobre o independentismo galego foi lendo o livro de Xosé Tarrío 'Huye hombre huye', quando fala sobre o EGPGC’

Ainda as­sim, re­vi­sando a im­prensa to­pei com umha nova que fa­lava dumha vaga de açons con­tra en­ti­da­des ban­cá­rias e em­pre­sas li­ga­das ao tu­rismo re­a­li­za­das na Galiza nas quais se rei­vin­di­cava ex­pli­ci­ta­mente o in­de­pen­den­tismo ga­lego. A par­tir de aí, pro­cu­rando a in­for­ma­çom, sou­bem do de­sas­tre so­cial e eco­ló­gico que está a dei­xar na Galiza o ne­gó­cio do tu­rismo, e tam­bém das açons, prin­ci­pal­mente sa­bo­ta­gens, que se vi­nham re­a­li­zando para fa­zer frente ao es­pó­lio. Mas, como di­xem, a in­for­ma­çom era escassa.

‘Fiquei com a imagem dum povo que utilizava diversas estratégias e táticas de luita’

Umha vez em Barcelona sou­bem das de­ten­çons de in­de­pen­den­tis­tas ga­le­gos e das for­tes ma­ni­fes­ta­çons que de­sen­ca­deá­rom em di­fe­ren­tes ci­da­des da Galiza. Junto com isto co­me­cei a vi­si­tar o por­tal web Abordaxe que dava co­ber­tura tanto ao in­de­pen­den­tismo ra­di­cal ga­lego quanto aos gru­pos ana­quis­tas que es­ta­vam a ser mui ati­vos na Galiza, à vez que as­sis­tim a pa­les­tras so­bre os pre­sos e a luita ga­lega. Com todo isto, e as­so­ci­ado ao que já sa­bia so­bre a luita dos es­ta­lei­ros, fi­quei com a ima­gem dum povo que uti­li­zava di­ver­sas es­tra­té­gias e tá­ti­cas de luita, ca­rac­te­rís­tica que co­me­çava a ser cada vez mais di­fí­cil de ver no resto do es­tado espanhol.

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