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A fábrica de Sam Cibrao: solidariedade e memória

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Perante a luita atual do pes­soal de Alcoa, so­li­da­ri­e­dade. Quinhentos trinta e qua­tro em­pre­gos em jogo, má­dia leva so­li­da­ri­zarmo-nos. Também está, mas além do ób­vio, o sig­ni­fi­cado his­tó­rico da me­ta­lúr­gica de Sam Cibrao; algo que nom se pode ex­pres­sar nas es­ta­tís­ti­cas do de­sem­prego ou do PIB. Sam Cibrao fai parte dumha his­tó­ria de re­sis­tên­cia ex­pli­ci­ta­mente an­ti­co­lo­nial que de­ter­mi­nou, para sem­pre, o pro­jeto na­ci­o­nal da Galiza. Por isso, se nom que­re­mos apa­gar a his­tó­ria, de­vemo-nos umha re­fle­xom so­bre como con­ci­liar a so­li­da­ri­e­dade ‑por­que a si­tu­a­çom ac­tual a exige- com a me­mó­ria ‑por­que a ética co­lec­tiva nom a exige menos-.

A Fábrica –como a co­nhe­cem na Marinha- co­me­çou a se cons­truir no ve­rao de 1975, ape­nas uns me­ses an­tes de mor­rer Franco. Alúmina-Alúminio foi umha de­ci­som do go­verno es­pa­nhol, e para ma­te­ri­a­li­zar a ideia to­má­rom-se to­das as me­di­das po­lí­ti­cas ne­ces­sá­rias: con­cer­tou-se com as mais im­por­tan­tes com­pa­nhias do es­tado e do mundo, mo­di­fi­cá­rom-se nor­mas, cons­ti­tuí­rom-se e fu­si­o­ná­rom-se em­pre­sas… Como re­sul­tado de todo isto, a ma­cro­pro­du­çom de alu­mí­nio to­mou posse de três mil se­te­cen­tas e nove lei­ras per­ten­cen­tes à vida dos lu­ga­res de Bidueiro, Leiro e Lago, nos con­ce­lhos de Cervo e de Jove. Quinhentos hec­ta­res de se­nho­rio in­dus­trial. Desde esse mo­mento, a co­marca tor­nou-se umha au­tên­tica ex­pe­ri­ên­cia de la­bo­ra­tó­rio do que su­pom, num con­texto de de­pen­dên­cia co­lo­nial, a in­dus­tri­a­li­za­çom da sociedade.

Porquê na Marinha? Porquê na Galiza? Em con­traste com os lu­ga­res in­ten­sa­mente in­dus­tri­a­li­za­dos em que es­ta­vam ins­ta­la­das as an­te­ri­o­res fá­bri­cas de alu­mí­nio do es­tado, como a de Avilés nas Astúrias ou a de Sabiñánigo em Aragom, a Marinha na­quela al­tura cen­trava a sua ati­vi­dade pro­du­tiva na terra e no mar. Qual foi, en­tom, o cri­té­rio se­guido para tam pe­cu­liar lo­ca­li­za­çom? Sem dú­vida, a prin­ci­pal ra­zom foi a ele­tri­ci­dade, pro­du­zida em quan­ti­da­des in­gen­tes com o lig­nito das Pontes e, so­bre­tudo, dis­po­ni­bi­li­zada a baixo preço. Agora bem, nom de­ve­mos con­cluir –como mui­tas ve­zes se fai- que a pro­li­fe­ra­çom de in­dús­trias de en­clave (me­ta­lúr­gi­cas, ce­lu­lo­sas, tér­mi­cas, hi­dro­e­lé­tri­cas…) é o que ex­plica a si­tu­a­çom co­lo­nial da Galiza. Ao con­trá­rio, a si­tu­a­çom de de­pen­dên­cia co­lo­nial ex­plica, no caso con­creto ga­lego, esta forma de industrializaçom.

A Marinha tor­nou-se umha au­tên­tica ex­pe­ri­ên­cia de la­bo­ra­tó­rio do que su­pom, num con­texto de de­pen­dên­cia co­lo­nial, a in­dus­tri­a­li­za­çom da sociedade.

Alguém po­de­ria di­zer que a pro­du­çom in­dus­trial é um fe­nó­meno glo­bal, que con­ti­nu­a­mente in­cor­pora po­pu­la­çom e re­gi­ons do pla­neta, ul­tra­pas­sando mesmo os li­mi­tes se­to­ri­ais: agri­cul­tura, pesca ou ser­vi­ços ten­dem atu­al­mente a ado­tar os mé­to­dos pró­prios da in­dús­tria. Porque vin­cu­lar, en­tom, in­dus­tri­a­li­za­çom e co­lo­ni­za­çom? Podemos olhá-lo as­sim: um exér­cito cum­pre fun­çons di­fe­ren­tes no es­tran­geiro das que de­sen­volve no seu pró­prio ter­ri­tó­rio. Igualmente a in­dús­tria, o do­mí­nio da tec­no­lo­gia, cum­pre fun­çons es­pe­cí­fi­cas quando fa­la­mos dum con­texto co­lo­nial. De facto, nos po­vos co­lo­ni­za­dos, a porta mais am­pla para a gente in­te­grar-se no mundo in­dus­trial é a porta da as­si­mi­la­çom. A perda da iden­ti­dade apre­senta-se como algo po­si­tivo e ine­vi­tá­vel, o preço que man­sa­mente há que pa­gar polo progresso.

Alúmina-Aluminio-Alcoa foi, po­rém, con­tes­tada so­ci­al­mente desde o pri­meiro mo­mento: po­las ame­a­ças de ex­pro­pri­a­çom for­çosa das fin­cas, po­los ris­cos para o meio am­bi­ente, por umha in­dus­tri­a­li­za­çom ra­ci­o­nal. Agora os pro­tes­tos nom rei­vin­di­cam o ter­ri­tó­rio, nem o meio am­bi­ente, nem a ra­ci­o­na­li­dade. Só que nom pe­che. No seu dia, a ba­ta­lha de Sam Cibrao per­deu-se. De se per­der tam­bém a de Jove, ha­ve­ria hoje ma­ni­fes­ta­çons para que nom pe­chasse a nuclear?

Júlio teixeiro é professor de Filosofia e ativista do CS Mádia Leva de Lugo.

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