Mesmo assumindo que a legislação que regula a mineração no nosso país tem grandes eivas, se o sistema velasse polo seu estrito cumprimento seria talvez suficiente para não termos que enfrentar projetos que são uma autêntica aberração.
Um dos argumentos mais trilhados por aquelas pessoas que pretendem perpetuar o espólio e o maltrato da nossa terra é que “temos umas das legislações mais restritivas e protecionistas quanto à mineração e ao ambiente”. Tentam assim trasladar a perceção de eficácia das administrações na sua missão de velar por que os projetos se ajustem à legalidade. A ideia é, basicamente, conseguir que a gente continue a acreditar, ou queira continuar a acreditar, que os milagres acontecem.
Um dos argumentos mais trilhados por aquelas pessoas que pretendem perpetuar o espólio e o maltrato da nossa terra é que “temos umas das legislações mais restritivas e protecionistas quanto à mineração e ao ambiente”.
O atual debate social “mina sim vs. mina não” é mais uma falácia concebida polo lobby da Câmara Oficial Mineira em consonância com parte da administração, no intuito de fazer-nos acreditar que a opinião social tem relevância para que um projeto seja ou não aprovado pola Administração. O objetivo é debilitar os movimentos que lutam por que se cumpra, no mínimo, a legalidade ambiental.
Para isso, procuram convencer com os seus discursos uma parte da sociedade e instrumentalizá-la para manipular o debate reduzindo‑o a opiniões pessoais sem fundamento que desfocam a realidade, apagando a evidência de que os projetos não cumprem os requisitos mínimos para serem aprovados.
Geram assim um conflito social em que os movimentos que defendem a terra são responsabilizados polos entraves com que batem os projetos extrativistas, como se esses entraves fossem fruto de caprichos ideológicos e não, como acontece na realidade, de problemas derivados da inviabilidade técnica e jurídica dos próprios projetos.
Para isto, utilizam imensas quantidades de recursos e dinheiro, na maior parte dos casos subsídios públicos, em campanhas de lavagem de cérebros e compra de vontades que vão da promessa de postos de trabalho até propostas “educativas” que difundem sem pudor diretamente nos centros de ensino.
O lobby mineiro cria um conflito social em que os movimentos que defendem a terra são responsabilizados polos entraves com que batem os projetos extrativistas, que na verdade se derivam da sua própria inviabilidade.
Verdadeiras campanhas de doutrinamento destinadas a conseguir a licença mais ambicionada polas concessionárias nesta altura: a licença social para poderem operar sem que ninguém escrutine ou paralise os seus precários projetos. O secretismo com que foram desenhadas estas campanhas de doutrinamento mesmo faz com que as organizações do lobby, como a Câmara Mineira ou a Associação de Áridos, iniciem longas batalhas judiciais para evitarem que sejam conhecidos os expedientes dos subsídios recebidos para os projetos de engenharia social.
Todos esses esforços, com os quais etiquetam de agitadoras, iluminadas, egoístas e fanáticas as pessoas que trabalham para desvendar as irregularidades, ilegalidades e tramas de corrupção que envolvem os seus projetos, estão mais do que justificados, pois são bem sabedores de que uma sociedade ciente da parcimónia administrativa e que combate a corrupção impede que os seus planos extrativistas possam ir para a frente. Desacreditar e neutralizar a movimentação social torna-se fundamental para o lobby porque a verdade é o adversário que devem derrubar para os seus projetos prosperarem.
Um grande desafio para as correntes educativas responsáveis.