Apesar de a Junta destinar fundos públicos ao ensino concertado e a pagar matrículas em centros privados para as crianças que ficam sem vaga nos públicos, as necessidades das famílias continuam sem se satisfazer.
Em maio de 2017, o presidente da Junta, Alberto Núñez Feijóo, garantiu umha vaga numha escola infantil a todas as famílias com crianças de entre 0 e 3 anos que a solicitarem. Aquelas que nom acederem a umha das financiadas com os fundos públicos, acrescentou, receberiam a ajuda do Bono Concília. Isto garantiria, segundo as palavras do mandatário, umha lista de aguarda “zero”. O curso começava este ano com quase 1.200 famílias sem vaga nestas listas.
Desde o ano 2016 as famílias galegas que nom obtenham vaga numha das 9.033 escolas geridas pola Junta da Galiza tenhem varias opçons. A Administraçom conta com 422 vagas concertadas desde 2015 para cobrir as listas de aguarda. Caso desta opçom errar, destinou-se umha partida de 3.489.200 euros em forma de ajudas diretas de entre 45 e 250 euros para pagar a matrícula de umha escola privada. Esta ajuda recebeu o nome de Bono Concília.
Início da privatizaçom
Neste curso a lista de aguarda era de 1200 crianças
O modelo atual de vagas concertadas fora defendido numha entrevista polo presidente da Asociación Galega de Escolas Privadas (AGADEI), Fernando Rolland, em 2014. Rolland propunha que a Administraçom aproveitá-se os lugares livres das escolas privadas em lugar de construir centros públicos. Um ano mais tarde, com Beatriz Mato como conselheira de Bem-estar, anunciou-se a colaboraçom da Junta com AGADEI para estender, por primeira vez, o modelo concertado para a educaçom das mais pequenas. A medida, posta em marcha nas grandes urbes galegas, foi duramente criticada pola oposiçom.
No ano 2017, o web da Sectorial de Escolas Infantis Privadas de Galiza difundia, numha nota de imprensa, o compromisso da diretora geral de Família da Junta a frenar a construçom de novos centros de ensino infantil em zonas onde já funcionavam escolas privadas. A promessa de Amparo González teria sido realizada durante umha reuniom com a presidenta da Sectorial galega, Paula Gundín, em que também se tratou o aumento do importe destinado ao Bono Concília para o curso 2017–2018. A informaçom foi questionada em diversas ocasions no Parlamento polas portavozes de Política Social do PsdeG, Noela Branco e pola de En Marea, Paula Vázquez. Em nenhuma se obtivo resposta.
A última ocasion em que se questionou esta informaçom foi durante a apresentaçom dos Orçamentos Sociais do ano 2018. O conselheiro de Bem-estar, Jośe Ramón Rey Varela, eludiu de novo responder. Perguntado pola soluçom que lhe dará a Junta às famílias em lista de espera, Rey Varela, repetiu as palavras do presidente da Junta. Todas as pessoas que assim o solicitem poderám aceder ao Bono Concília e inscrever as suas crianças numha escola privada.
Dificuldades para conciliar
Em 2015 a Junta começou os concertos com as escolas infantis privadas
Contudo, tanto os dados como as testemunhas contradizem ambas informaçons. Um dos casos que saltou para a imprensa em outubro de 2017 é o de Monforte de Lemos. A escola municipal infantil cobriu para este curso as suas 49 vagas. Ficárom fora, pois, 40 crianças. As suas famílias topárom-se com que as escolas privadas nom podiam admitir as crianças já que os cursos mais solicitados já estavam cheios. Estas famílias terám que buscar outras vias para poder conciliar a sua vida laboral com o cuidado da prole.
Na mesma situaçom topou-se Teresa Piñeiro quando solicitou o ingresso do seu filho numha escola infantil. A Galiña Azul de Valadares nom podia admitir mais crianças; tampouco se lhe concedeu nenhuma das vagas concertadas onde o intentou matricular. Explica que o que lhe interessa “é a vaga, nom o dinheiro”. Para Teresa “ainda que ajudam, nom solucionam o problema”. E o problema, para ela, é a falta de vacantes na zona em que vive, “o meu filho tinha 20 pessoas por diante na lista de espera e vários detrás dele”. Tanto Teresa como o seu marido trabalham, polo que nom lhe resta mais alternativa que deixar o pequeno ao cuidado da sua avó.
O caso de Desirée Barral é algo distinto, ainda que o resultado nom varia. Depois de ver rejeitada a solicitude de ingresso em dous jardins-de-infância municipais e noutra administrada pola Junta, também na cidade de Vigo, recebeu o Bono Concília. Ela recebe um subsídio “de 300 euros ao mês” enquanto o seu marido cobra “900 euros mensais”. “Concedêrom-me umha ajuda de 200 euros para completar o pago da matricula numha escola privada”, explica. O problema radica em que o prezo total desta ascende a 350 euros por mês e que a sua família nom pode “pagar 150 mensais”, polo que “rejeitaremos a vaga”. Lamenta-se já que “para buscar trabalho preciso que a minha filha poda ficar num jardim-de-infância”, incidindo em que o serviço é deficitário e na falta de mais lugares para “gente com poucos recursos”. Desirée decidiu ficar na casa com a pequena enquanto ainda recebe o subsídio por desemprego.
Mesmo com o Bono Concilia há famílias que nom podem pagar a matrícula
O filho de Ana Lodos tivo mais sorte. A sua família topou umha vaga para ele numha escola infantil privada de Cambre, cuja matrícula estám pagando com a ajuda do Bono Concília. Ana explica que para ela é umha vantagem, já que o horário deste centro “é mais flexível do que o dumha escola pública”. A sua vaga tem um custo total de 265 euros, dos quais o Bono cobre 159 euros. Preferiria levá-lo a umha pública e “já veria depois como fazer com os horários”. Ana critica o feito de que as listas priorizam a famílias onde a mae e o pai tenhem trabalho. Deste modo, explica, as pessoas no paro obtenhem o Bono, ao igual que no caso de Teresa em Vigo, seguem sem ser capazes de pagar a diferença.
A solicitude do Bono Concília também esconde umha trampa. No seu momento, a Junta anunciou umha modificaçom no DOG que permitiria que as famílias com crianças nadas depois do mês de junho poderiam processar a sua petiçom. Nom obstante, quando se descarregam os formulários observa-se que só o poderiam solicitar aquelas que residam em municípios onde “nom existam escolas financiadas com fundos públicos”. Isto é, que aquelas excluídas terám que aguardar os meses que restam até o começo do curso 2018–2019 sem nenhuma ajuda para a conciliaçom.