Em dezembro começavam as inquedanças para o Centro Social Okupado A Insumisa, situado na velha Comandancia de Obras na avenida de Metrosidero. O concurso para as obras de reabilitaçom das naves que ocupam acabava de ser adjudicado e a ameaça de um possível despejo tornava-se iminente. Ao tempo que Fomento publicava a adjudicaçom desta obra à UTE Actividades Construcciones y Voladuras SL e Prado Lameiro SL, por um importe de 826.440 euros, o concelho comunicava os seus plans para o lugar em que desde novembro de 2016 se encontra A Insumisa. O projeto municipal leva por nome ‘Naves de Metrosidero’ e este contempla a criaçom de um espaço com atividades para a mocidade.
Entre as atividades que se desenvolvem no centro social encontram-se boxeo, skate e obradoiros de teatro, escrita criativa, consciência corporal e fotografia e audiovisuais, ademais de concertos
A indignaçom saltou entre as integrantes do CSO A Insumisa ao conhecer as informaçons do projeto. Atualmente, a Insumisa conta com três naves em ativo, cada umha das quais foi especializando-se segundo os seus usos. Entre as atividades que se desenvolvem no centro social encontram-se boxeo, skate e obradoiros de teatro, escrita criativa, consciência corporal e fotografia e audiovisuais, ademais de concertos habituais nas fins de semana e diversas palestras de conteúdo social e político ao longo do ano. Ao conhecer o projeto ‘Naves de Metrosidero’, a gente da Insumisa viu que os plans do concelho coincidiam com as atividades e usos que já existem no espaço, planeando o concelho a criaçom de umha nave de práticas desportivas urbanas, outra de formaçom e obradoiros e mais umha de atividades e ensaio.
Desde a Insumisa vem nesse projeto umha negaçom do modelo baseado na autogestom e no assemblearismo com o que se estám a desenvolver as atividades. No dossiê de apresentaçom do projeto municipal afirma-se que ‘Naves de Metrosidero’ contará com “um sistema de gestom plural em que convivirám serviços municipais, programas e atividades públicas, um equipo de dinamizaçom próprio e espaços de autogestom e atividades organizadas por entidades juvenis, coletivos informais e/ou pola própria mocidade usuária”.
Sem data para o despejo
Desde entom, “A Insumisa nom se merca” foi a palavra de ordem das pessoas que defendem o modelo de autogestom que se pratica nas naves da antiga Comandancia de Obras. O 10 de fevereiro umha mobilizaçom de mais de um cento de pessoas percorreu as ruas da Corunha coreando essa frase e rematando o seu percurso ante o local da Marea Atlántica. Ali leu-se um manifesto em que se exprimia a postura da assembleia da Insumisa e se respondia a diversas argumentaçons, como a de que se as obras nom se realizam perderia-se um investimento para o Concelho. “A realidade é que [o dinheiro] voltaría para Fomento e serviría para construír colégios, estradas ou hospitais; cousas mais úteis do que malgastar um milhom de euros em realizar um projeto que já se está construíndo sem custe algum para as cidadás”, argumenta o manifesto da Insumisa.
Nessa jornada a data de despejo ainda se situava incerta e existia a sensaçom de que este processo nom vai ser tam imediato como semelhava no mês de dezembro. Neste tempo o concelho fixo-se com a titulariedade dos terrenos em que se situa a Insumisa e mantém firme a palavra “diálogo” quando desde os grupos políticos da oposiçom reclamam umha premura na expulsom da Insumisa. “O que estamos plantexando aqui é um novo equipamento em base ao entendimento, em base ao diálogo e ao trabalho em comum”, respondia num pleno municipal a concelheira de Participaçom Democrática Claudia Delso, quem afirmou que “continuaremos dialogando até o final”.
Porém, as datas para o início da realizaçom das obras funcionam como um contrarrelógio para o despejo ou qualquer tipo de saída negociada. Segundo tem recolhido os meios de comunicaçom empresariais, desde o dia 22 de janeiro ‑data em que se assinou umha ata de replanteo negativa entre a adjudicatária e o concelho- abre-se um prazo de seis meses para iniciar as obras.
Apoio do tecido social
Em fevereiro de 2017 um total de vinte e dous coletivos do tecido social da Corunha assinavam um manifesto de apoio incondicional ao CSO A Insumisa, entre os quais se encontram os centros sociais A Comuna e Gomes Gaioso, Projeto Cárcere ou Stop Desafiuzamentos. “Apoiamos a construçom horizontal, assembleária e autogestionária que aquí se proclama e pratica. Apoiamos que as vizinhas, juntas, tomem o que deve ser de todas para dotá-lo de sentido”, expunha o manifesto.
O apoio ao projeto da Insumisa por parte destes coletivos, alguns deles com integrantes que formam parte das bases da Marea Atlántica, fixo-se notar nas redes sociais nas semanas posteriores ao anúncio do projeto municipal ‘Naves de Metrosidero’. O centro social A Comuna e Ergosfera fixerom-no através da ediçom digital do jornal El Salto, enquanto o escritor Manuel Rivas o fazia em Luzes e outros coletivos, como o Projeto Cárcere, empregavam as redes sociais. Este último empregava o seu blogue para publicar as suas reflexons sobre o atual conflito entre o Concelho e a Insumisa. “Quando umha pessoa, ou várias, estám interessadas na permanência de um lugar e o seu cuidado, nunca deveria ser posto em entredito, porque o mero facto de cuidar, simboliza certa forma de conviver que leva implícito um sentir de respecto polo que nos rodeia, seja umha árvore, um caminho ou um edifício”, reflite o Projeto Cárcere.
LA VOZ DE GALICIA, UM ‘RESORT’ PARA O PP
Desde o nascimento do CSO A Insumisa em novembro de 2016 e o início do seu projeto de centro social autogerido nas naves da velha e abandonada Comandancia de Obras, o jornal corunhês La Voz de Galicia mantivo umha linha de ataque a este movimento popular. E nom só, também se converteu numha ferramenta fundamental com a que o PP local contou para a sua estrategia de desgaste ao governo local da Marea Atlántica. Se bem em nengumha ocasiom se recolhe a voz das promotoras do centro social ocupado para que exprimissem o seu projeto político e social em Metrosidero, sim que eram recolhidas as suas vozes quando estas estavam dirigidas contra as propostas do Concelho corunhês.
De especial intensidade informativa sobre a Insumisa foram os meses de março e abril do ano passado. Nesse mês de abril o PP apresentava no pleno umha moçom solicitando o despejo do centro social, somando-se nesta ocasiom o PSOE. Nas semanas prévias a essa moçom, o PP procurava vozes críticas polo bairro da Insumisa e La Voz acompanhou esta campanha com umha série de artigos, como o titulado Un “resort” para los okupas, em que se pretendia retratar o centro social como umha simples sala de festas sem licença. Esta era também a linha de argumentaçom empregada por Héctor Cañete num artigo publicado em La Voz de Galicia no 30 de janeiro de 2017, quem ademais de ser o presidente de Associaçom de Hoteleria da Corunha, encontra-se investigado na operaçom Zeta por delitos de fraude de subvençons, malversaçom de caudais públicos, estafa e falsidade documental.