A Liga Gallaecia, formou-se em meados de 2013, após um ano em que o futebol gaélico irrompeu no país causando furor, e “várias das equipas que jogávamos de forma irregular ao desporto mais seguido em Eire decidimos organizar-nos coma liga”. Falamos com Pilar Casas, jogadora da equipa viguesa Ambilokwoi, no quinto aniversário desta competiçom que aposta na defesa de valores, cria comunidade e fomenta outro tipo de lazer.
Que celebra a Liga Gallaecia no seu quinto aniversário e em que consistiu esta jornada?
Celebramo-lo polo lustro, por ser umha data redonda, por darmos pulo à Liga Gallaecia. Organizamo-lo em Vigo, e foi todo um dia de atividades no Centro Social das Pedrinhas, em Tameiga. Houvo umha palestra sobre gaélico que deu Chris Boyle, um rapaz da Irlanda que estivo vivendo em Vigo e jogou também connosco durante um ano. Falou das suas origens, do seu significado na Irlanda como desporto popular e de base. Por exemplo, umha das cousas de que gostamos é que na Irlanda os jogadores profissionais nom podem jogar noutra equipa de fora da sua cidade, enquanto nom justificarem que tivérom que se deslocar por motivos laborais ou outras razons importantes. É um desporto polo jogo, pola comunidade, nom pola ‘pasta’. Também houvo tempo para a festa e os concertos de grupos galegos, que cantam na nossa língua, porque para nós essa é outra parte importante da Liga Gallaecia, que exista um forte vencelho com a cultura galega e que tenha a utilidade de ser um instrumento mais para espalhá-la.
Como avaliades estes cinco anos de Liga Gallaecia?
O percurso da nossa competiçom, o aumento de participantes, e a socializaçom do futebol gaélico fam que fagamos umha avaliaçom mui positiva destes cinco anos da nossa pequena história. Tentamos autogerir-nos para poder cobrir os gastos, sem que tenha que sair todo dos nossos petos. E de feito, celebrarmos o aniversário foi um modo de arrecadar esses cartos de que tanto precisamos. Nom recebemos nengum tipo de ajuda nem subvençom polo que cada equipa procura a sua maneira de se financiar. Fazemos rifas, sorteios.
Quando e como começaste a praticar este desporto?
Foi há três anos por amizade, porque muitas pessoas próximas a mim jogavam e falavam muito bem da experiência e do jogo. Gostei da ideia e do significado que lhe queriam dar, como um projeto para difundir a cultura galega, o deporte em si. Foi complicado aprender a jogar, mesmo aprender as normas, e para mim é fundamental que seja umha liga mista. Muita gente da que joga na Liga Gallaecia já tem umha ideologia, mas também há muita gente nova que através deste desporto começa a sua militância. É umha maneira de espalhar também o feminismo, e nom só como ideologia mas como um jeito de o pôr em prática. Por exemplo, existe a opiniom de que as mulheres nom temos as mesmas capacidades que os homens para jogar, e muitos companheiros o que fam nos partidos é aplicar condutas que tenhem normalizadas, e há quem só vê os seus companheiros homens no campo. Isso falámo-lo, vai-se corrigindo e é umha maneira de ir trabalhando essas atitudes e passarmos da teoria à prática.
Como fazedes para que a luita por ganhar cada jogo nom gere tensom nem competitividade entre equipas de todo o país?
Na Liga Gallaecia algo fundamental é que nom fomentamos que haja umha competitividade agressiva. Toda a gente dá o melhor de si, mas ganhar a toda a custa nom é válido. Temos umha brincadeira que é o Troféu Sam Pedro, para a pior equipa. Tentamos que nom haja essa ladainha de quem som as piores ou melhores, ainda que haja equipas que jogam melhor que outras. O Ambilokwoi no ano passado pinchou muitíssimo, mais ganhamos umha atitude muito mais saudável entre companheiras e com companheiras doutras equipas. A mim o resultado nom me afeta e vou continuar a jogar com a mesma intensidade. A própria gente da equipa no campo e desde fora auto-regulamos as emoçons normais e de tensom que se podem dar num jogo.
Que mudou desde o começo da tua andaina na Liga Gallaecia até agora?
Desde que comecei eu a jogar que éramos seis equipas, até as nove que chegamos a ser, penso que medrou o apoio popular a esta iniciativa. Outros movimentos sociais interessam-se pola Liga Gallaecia, e pouco a pouco se visibiliza mais este desporto e o feito de que seja umha liga mista, que jogamos homes e mulheres juntas. A Suévia vai dar aulas extra-escolares de futebol gaélico de crianças na Semente, e em Vigo, no CPI Paraixal, o Ambilokwoi vai trabalhar em aulas extra-escolares com a rapazada de Primária. Muitos festivais, como o das Brêtemas ou o da Poesia do Condado, chamam-nos para fazer demonstraçons de futebol gaélico ou jogos. Temos siareiras que nos acompanham mesmo nos deslocamos, e todo isso gera um ambiente espectacular em muitas das jornadas.
Que relaçom existe com a Liga Galega de futebol gaélico federada internacionalmente?
Em todas as cidades nas que convivem equipas mistas e segregadas há algum tipo de relaçom, e mesmo há pessoas que compartem o projecto da Liga Gallaecia co da Liga galega. A Liga Galega ao estar federada dentro da GAA ten muita mais visibilidade, e com o feito de ter ganhado as rapazas o campeonato europeu, fai que os meios de comunicaçom falem do futebol gaélico, mais só desta Liga “oficial”.
Como animarias alguém para que participasse nesta iniciativa?
Ao longo do ano reunimo-nos muito em datas assinaladas, como pode ser o Entruido em Ourense, o Sam Martinho de Dume em Compostela ou o San Brais em Vigo, e aproveitamos para fazermos jornadas conjuntos de convívio e desporto. Para mim, som fundamentais os valores que tentamos pôe em prática desde a Liga: a igualdade, apostarmos no desporto popular e a cultura galega, porque isso som os piares fundamentais que constam nos nossos estatutos, e em torno a isto gira a Liga Gallaecia. Seria maravilhoso que isto continue a medrar, e chegarmos a muita mais gente, polo que animamos desde estas linhas a participar do equipa da tua comarca ou mesmo formar umha nova.