Na primavera, várias luitas sindicais reaparecérom nas ruas, algumhas delas no contexto de negociaçons de convénios coletivos, como o da limpeza da Corunha e o do metal de Ponte Vedra. Nestes conflitos, as propostas das patronais tinham como objetivo a reduçom de direitos para a classe trabalhadora. No caso do metal de Ponte Vedra, as posiçons empresariais contárom com o aval de CCOO e UGT, enquanto na limpeza da Corunha se mantivo a unidade sindical entre os dous sindicatos espanhóis e a CIG. Através destes exemplos, fai-se visível a progressiva precarizaçom no emprego e os reptos que enfrenta a luita sindical.
As empresas do setor da limpeza pretendiam que a pandemia da Covid-19 jogasse no seu favor. Realmente, isto já acontecera, pois para estas companhias a Covid implicou um aumento considerável da sua faturaçom. Porém, ao chegar à negociaçom do convénio coletivo do setor na província da Corunha –que demorou até setembro de 2020 pola própria pandemia– o empresariado mostra-se forte e lança umha proposta que pom em guarda os sindicatos. O empresariado da limpeza afirma que só falariam de incrementos salariais –que nom seriam aplicados em 2020– se as trabalhadoras renunciavam a dous direitos presentes no seu convénio: a reforma parcial e a solicitude de ampliaçom de jornada. Esta última é umha das particularidades do convénio da limpeza: num setor onde a maioria de emprego é a tempo parcial, o convénio recolhe umha cláusula em que, para cobrir vacantes, as empresas do setor tenhem que as oferecer primeiro às suas trabalhadoras a tempo parcial, com a intençom de que estas podam achegar-se à retribuiçom de umha jornada completa. Os sindicatos CIG, CCOO e UGT iniciárom entom os passos cara à mobilizaçom deste setor, cujas caraterísticas principais som a feminizaçom e a precariedade. Assim, fôrom convocados três dias de greve: um em abril e dous em maio.
Pandemia: mais carga para as limpadoras
Marta Núñez é trabalhadora da limpeza em Compostela e está filiada à CUT. Secundou a greve e expom que para as empresas da limpeza a pandemia da Covid supujo um aumento dos seus lucros, enquanto as condiçons das trabalhadoras pioravam: mais pressom no trabalho e umha responsabilidade para a qual nom estavam formadas. Assim, Núñez denuncia que eram as empresas de limpeza as que em muitas ocasions ofereciam serviços mais caros de desinfeçom, mas que nom contavam com pessoal formado na manipulaçom de biocidas, recaindo portanto este trabalho nas próprias limpadoras. “Ao nosso setor encasquetarom-nos isto”, salienta Núñez. “Davam-che lixívia barata e mandavam-che desinfetar e isso tinha um sobrecusto para os clientes”, acrescenta.
Ao começo da negociaçom, o empresariado da limpeza nom aceitava subas de salário sem cortar em direitos laborais
Para além da emergência sanitária, esta trabalhadora denuncia que o convénio vigente nom se cumpria no referido aos descansos. “Para completar a tua jornada, afinal aceitas limpar de segunda-feira a sábado num lugar, de quarta-feira a domingo noutro lado… e afinal nom se cumprem os descansos. Sempre jogam com que, se queres completar a jornada, tenhem algum outro serviço, mas que tem fins de semana”, expom Núñez.
Quanto ao processo de negociaçom do convénio, Núñez mostra-se crítica com a relaçom entre as trabalhadoras e as centrais sindicais maioritárias que sentam a negociar: “As trabalhadoras estamos desconetadas do que acontece na mesa de negociaçom. Ali estám liberados ou pessoas que nom trabalham no teu setor”, salienta.
Núñez também expom como se apresenta o machismo no trabalho da limpeza, desde as diferenças de vestiário – “a bata que temos que vestir as mulheres é mais incómoda que a roupa dos homens”, expom– até o reparto de postos de trabalho e responsabilidades, pois “sendo um trabalho mui feminizado sempre tivem mais encargados homens que mulheres” e os postos ocupados por homens costumam ter umha melhor categoria profissional.
O machismo neste setor está presente desde as diferenças de vestiário até o reparto de tarefas e responsabilidades
Esta trabalhadora, cujo centro de trabalho se encontrava na CTA de Correios, em Labacolha, resultou despedida depois de levar tempo a mostrar umha atitude reivindicativa. Núñez achaca esta medida ao feito de que fosse polo seu centro de trabalho a um piquete da CUT no 8 de março, que gravasse um vídeo para o 1 de maio enfrente do seu centro de trabalho e à exposiçom de brochuras informativas. Um dia chegou à CTA e a segurança nom lhe deixou entrar. Dias depois recebia por burofax o seu despedimento disciplinário. “Dizem que eu nom limpava, que havia gente que manchara a roupa com lixívia, e cousas assi…”, expom. Assim, está pendente de data o juízo por este despedimento.
Um conflito complexo
Para o sindicalista da CIG Paulo Rubido, porta-voz do comité de greve, a valoraçom das mobilizaçons e dos três dias de greve em abril e maio é positiva, levando em conta a especial precarizaçom que atravessa este setor. “As posiçons da patronal já nom som as mesmas que tinham antes da greve”, afirma.
Rubido expom a complexidade do conflito, e mesmo da própria patronal na mesa de negociaçom, onde sentam tanto a Aspel como a associaçom provincial de empresas de limpeza. A Asociación Profesional de Empresas de Limpieza (Aspel) é onde confluem as grandes empresas do setor, como Eulen, Clece ou Ferrovial Servicios. Rubido acha que som estas empresas as principais responsáveis do que está a acontecer com o convénio coletivo da Corunha e salienta que a Aspel tem marcada umha política sindical “em que nom existem incrementos maiores do 1% em todo o quadro do estado espanhol”.
As empresas da limpeza tivérom um aumento dos lucros durante a pandemia. No entanto, as condiçons laborais das trabalhadoras pioravam: mais pressom e assumir trabalhos para os que nom estavam formadas
Para este sindicalista foi fundamental a unidade de açom da CIG com CCOO e UGT. “Se nom existe unidade sindical é mui difícil formular um conflito laboral a sério”, salienta Rubido, que acrescenta que neste caso “existe um compromisso entre os três sindicatos de levar o que se saque da negociaçom para à assembleia e depois respeitar o resultado da votaçom”.
Neste sentido, Rubido acha que, nestes tempos de desmobilizaçom social, vai ser importante retomar as reivindicaçons nas ruas. “Caminhamos cara a umha sociedade de maior individualismo e menor luita em comum e a cada vez resulta mais difícil que a gente se mobilize; se nom se mobilizam polo seu convénio coletivo, vai ser mais difícil que se mobilizem por qualquer outra cousa. Acho que, seja como for, há que reativar a negociaçom e enfrentar todos os convénios coletivos sempre na procura do conflito”, reflete.
Umha traiçom no metal
Onde nom aconteceu a unidade sindical foi na negociaçom polo convénio do metal da província de Ponte Vedra. Aqui a patronal do setor chegara à negociaçom com duas propostas que supunham um importante golpe para os direitos das pessoas trabalhadoras. O empresariado queria a entrada das Empresas de Trabalho Temporário (ETT) no setor –algo que o convénio tinha proibido– e o fim do cobro mensal do plus de eventualidade, passando a ser cobrado a final de contrato. Isto último abria a porta a nom cobrar esse plus, pois sindicatos e trabalhadoras denunciam que umha prática habitual das empresas do metal é pressionarem a trabalhadora para nom cobrar esse complemento, condicionando isto a que a voltem a chamar para trabalhar.
Dous dias antes da convocatória de umha greve, CCOO e UGT chegavam a um acordo com a patronal do metal às costas da CIG ‑com quem convocavam a greve-. Os sindicatos espanhóis cediam no que até entom para eles era umha linha vermelha: o cobro da eventualidade a final de contrato, abrindo assim a porta a práticas de chantagem por parte das empresas
Neste contexto, para o 22 de abril estava convocada umha greve por parte de CCOO, UGT e CIG, para os quais essas propostas da patronal eram inassumíveis. Porém, dous dias antes da convocatória, segundo narrárom fontes da CIG, começa a circular entre delegadas sindicais umha mensagem de CCOO em que se afirmava que o acordo estava pronto, que a UGT estava com eles e que com a CIG nom se contava para isto. Tal acordo cedia à pretensom empresarial de rematar com o cobro mensal da eventualidade. No 20 de abril, na mesa negociadora, descobrem-se as cartas, e fai-se patente o acordo entre a patronal e CCOO e UGT. Tal movimento deixa descolocada a CIG, com quem estes sindicatos mesmo no dia anterior se reuniram para programar mais dias de greve. A central nacionalista nom assina esse acordo, que considera negociado de jeito paralelo, e nom duvida em qualificar de traiçom o movimento dos sindicatos espanhois. Como consequência de todo isto, a greve do 22 de abril é desconvocada.
Nasce umha Plataforma do Metal
A situaçom do setor do metal, em especial no naval de Vigo, é dramática. Com muitos dos seus estaleiros emblemáticos fechados ou com graves problemas para sobreviver, neste setor foi crescendo a precariedade enquanto nos convénios se viam cortados a cada vez mais direitos. O acordo entre CCOO e UGT com a patronal para rematar com o cobro mensal da eventualidade foi a última chispa que provocou um estalido de indiginaçom e motivou o nascimento da Plataforma de Trabalhadores do Metal de Vigo, à qual sindicatos minoritários como a CUT ou a CGT mostrárom o seu apoio. Os membros da Plataforma dérom um forte golpe de efeito quando no 1 de maio em Vigo se plantárom diante das manifestaçons dos sindicatos maioritários. A faixa de CCOO e UGT dizia ‘Agora toca cumprir’ e enfrente chantavam-se trabalhadoras com outra que rezava ‘Convénio do metal, traiçom sindical’.
Para esta nova plataforma, os objetivos som principalmente dous: fazer força para que os estaleiros nom fechem e vigiar por que as empresas cumpram o convénio. “Esse é o cancro mais grande que há no naval”, dim da Plataforma: “as empresas estám abaratando os preços continuamente a base de quitar-lhe ao obreiro: nom pagar-lhe tóxicos, nom pagar-lhe as horas extras…”. Assim, reivindicam também que qualquer pessoa que entre a trabalhar no naval esteja regulada polo convénio do metal, ainda que tenha outras funçons como a de carpintaria, “pois tés que cumprir com umhas condiçons físicas que nom som as mesmas que quem vai estar numha manufatura.Vai haver fume, chispas, ruídos…”, salientam da Plataforma. De feito, algumhas auxiliares tenhem as suas trabalhadoras polo convénio de madeira e borracha.
Da Plataforma formam parte trabalhadoras das empresas auxiliares do naval viguês, que som aquelas em que mais estão presentes a eventualidade e a precariedade. “É um movimento que intenta trazer o espírito do 72, que era de obreiros ajudando obreiros. Sem juntar-se com sindicatos, pois os sindicatos já nos enganárom muitas vezes. Só conseguirom interesses para eles”, criticam desde a Plataforma. “O que procuramos é umha organizaçom obreira ponhendo umha quota cada um, e fazendo umha bolsa de dinheiro para, se há umha greve, poder ajudar os obreiros nesse tempo de greve a pagar os salários íntegros desses dias, ou poder ajudar quando houver qualquer problema”, exponhem.
Voltar aos centros de trabalho
Desde o acordo entre a patronal e CCOO e UGT houve várias mobilizaçons em repulsa dessa assinatura. A CIG convocou greve de 4 horas em 12 de maio –que a central sindical considerou sucedida– e umha mobilizaçom em Vigo o 19 do mesmo mês. Por outra banda, a recém criada Plataforma dos Traballadores do Metal levou a cabo uns dias depois do 1 de maio umha açom de rua durante a hora do jantar e a 3 de junho convocou também umha manifestaçom na cidade olívica.
Xulio Fernández, da federaçom de Indústria da CIG, expom qual vai ser o caminho por percorrer até a negociaçom do seguinte convénio: “Temos por diante um trabalho de volver às empresas e que a gente seja ciente da importância do convénio e de mobilizar-se por ele”, salienta. “Voltaremos a fazer assembleias, voltaremos a conscientizar, e antes de começar o convénio iremos aos centros de trabalho, que nos vaiam dizendo o que a gente quer e nós com isso voltar a negociaçom”, acrescenta.
A CIG convocou greve de 4 horas contra o acordo entre patronal e CCOO e UGT a 12 de maio, e umha mobilizaçom na cidade de Vigo o 19. A recém criada Plataforma do Metal convocou outra manifestaçom para o 3 de junho
“Nos convénios acho que temos que mudar o chip e nos sindicatos pôr o foco nos trabalhadores precários, porque aí é onde vai estar a futura guerra, e sermos capazes de que os fixos, indefinidos, compreendam que o futuro passa por manter as condiçons de todos os trabalhadores”, reflete
Para a central sindical nacionalista a única soluçom para o metal “é que as administraçons públicas se impliquem”. Fernández coloca a nacionalizaçom como a sua posiçom de máximos, mas acha que a única soluçom para salvar o metal passa por que as administraçons acheguem dinheiro e participem da gestom dos estaleiros. “Umha comarca como a de Vigo nom pode estar ao balbordo do capital privado”, manifesta.