Os processos turisitificadores estám a chegar às cidades, mas o destino tradicional do turismo até o de agora tem sido a costa, cara a onde se dirigiam milhares de pessoas, maioritariamente provenientes do estado espanhol, para passarem o verao a carom da praia. Trata-se assim de um turismo altamente estacionalizado, com impactos ecológicos, na mobilidade e mesmo económicos e de habitaçom. Em muitas localidades este fenómeno convive com a volta de pessoas migradas ou o próprio deslocamento cara às praias que realizam habitantes de concelhos vizinhos.
Se há um lugar na costa galega em que se pense quando se pronuncia a palavra turistificaçom é Sam Genjo, alcunhado como ‘capital turística das Rias Baixas’. Mais concretamente o ‘ponto zero’ do turismo neste concelho do Salnês colocaria-se na praia de Silgar, a carom da qual medrárom lotes de apartamentos e está instalado o porto desportivo com o nome do monarca espanhol emérito Juan Carlos I.
Os dados do INE salientam que o turismo nesta localidade volta estar em auge depois da crise imobiliária: este concelho de mais de 17.000 habitantes em 2017 recebeu, ao longo de todo o ano, um total de 892.883 pessoas que pernoitárom em estabelecimentos da localidade. Esta é a maior cifra atingida desde há que registos.
Como é de conhecimento, os meses com maiores pernoitas som os do verao, com mais de 460.000 em julho e agosto. Esta concentraçom de turismo no período estival fai com que a hotelaria se converta no motor económico de Sam Genjo e se crie umha substancial diferença entre o panorama laboral do inverno e o do verao. Assim, durante o verao os empregos aumentam num 80% em relaçom com o mês de janeiro.
Em Sam Genjo há quase tantas vivendas como habitantes, quando o tamanho meio da morada na Galiza é de 2,6 pessoas por vivenda
Tal realidade converteu também este concelho num exemplo de crescimento especulativo de vivenda turística. Em 2003, sendo alcalde o popular Telmo Martín, aprovava-se um PGOM em que se estabeleciam 30 bolsas de solo prevendo a construçom de 6.914 novas vivendas para umha localidade que, naquele momento, contava com 16.312 habitantes e desde entom o crescimento da populaçom só foi de 929 habitantes. Em 2017, com a volta de Telmo Martín à alcaldia, suspendem-se as licenças de 25 dos 30 solos urbanizáveis. Esta decisom anuncia-se como um freio ao crescimento urbanístico. Porém, essas bolsas nunca fôrom construídas, com os prazos de aprovaçom e desenvolvimento superados, e a açom do concelho pode abrir modificaçons para o aproveitamento destas parcelas.
Nos dados do último censo de populaçom e vivendas do INE, de 2011, em Sam Genjo de um total de 16.895 vivendas o 65,4% som segundas vivendas. Porém, na zona de Silgar e Portonovo as vivendas nom principais superam o 70%. Chama a atençom que em Sam Genjo haja quase tantas vivendas como habitantes, quando o tamanho meio da morada na Galiza é de 2,6 pessoas por vivenda.
Barreiros, procurando alternativas à praia
Um destino semelhante ao de Sam Genjo procurava o alcalde de Barreiros, o popular Alfonso Fuente Parga, quando quijo levar adiante um plano de urbanismo que procurava construir vivendas para um total de 25.000 pessoas num concelho de 3.200 habitantes. Este concelho da Marinha promoveu umha política turística focada para um turismo de praia, com a intençom de trazer turistas procedentes da meseta.
Este modelo turístico provoca a estacionalizaçom e remata dividindo a realidade económica e laboral da vila em duas etapas: a temporada alta e a temporada baixa de visitas. Segundo indicam algumhas vozes de estabelecimentos hoteleiros da zona, o pico de trabalho situa-se nos meses de julho e agosto, sendo nesta época um turismo próprio de famílias. Em setembro muda o perfil e achegam-se pessoas que se enquadram no turismo ‘slow’, pessoas idosas, parelhas, que fam maior gasto nos estabelecimentos do lugar.
Também, com a sua recente catalogaçom como Património de Humanidade, as zonas do interior de Barreiros estám a receber peregrinas e peregrinos que escolhem o Caminho do Norte para chegarem a Compostela, se bem é o concelho limítrofe de Travada o que já afirmou a potenciaçom desta via como um atrativo para o turismo. Entre as visitantes que escolhem este caminho salienta-se que a sua grande maioria som estrangeiros, sobre todo da Alemanha, centrando-se em julho e agosto as que provenhem do estado espanhol.
Assim, recentemente diversos estabelecimentos hoteleiros de Barreiros começárom a se organizar para promoverem um turismo que pense nessa desestacionalizaçom e se afaste do modelo de praia, que neste concelho deixou também a herdança da especulaçom urbanística. Segundo o último censo de populaçom e vivenda de 2011, em Barreiros havia 3.135 pessoas e umhas 4.735 vivendas, atingindo a percentagem de vivendas nom principais o 74,6%.
Limites às Catedrais e às Cíes
O impacto ecológico na costa pode-se constatar nas medidas tomadas pola administraçom autonómicas em dous espaços sensíveis: a praia das Catedrais, na Marinha, e as ilhas Cíes, na ria de Vigo. No caso da praia da Marinha, cuja imagem chegou a converter-se num ícone turístico, durante a Páscoa e o verao estabelece-se um limite de 4.812 pessoas diárias, as quais tenhem que tramitarem para esta visita umha licença individual. Porém, tal limitaçom, e os avisos de riscos que se exponhem na página onde se tramitam as licenças, nom puidérom evitar a morte dumha jovem nesta Páscoa após o desprendimento de um cantil.
Nas Ilhas Cíes o limite diário nas jornadas de máximo aforo turístico é de 2.200 pessoas. No ano passado saltava a polémica ao constatar-se que as empresas navieiras que prestam o serviço de deslocamento para essas ilhas estavam a vender bilhetes por cima do limite diário acordado, o que provocou que as forças de segurança do estado intervinhessem para impedirem o desembarco de passageiros nas Cíes. A Junta abriu expedientes e impujo sançons por um total de 930.000 euros às empresas navieiras da Ria de Vigo. Neste ano a Junta ativou um novo modelo de requerimento de acesso, polo que nom poderá aceder às ilhas quem nom tramitar e levar consigo umha licença pessoal de acesso.
Mobilidade
O colapso na mobilidade está presente em diversos pontos da costa durante o verao. Isto nom só acontece polo facto do aumento populacional, mas também por ser o carro particular o sistema de transporte preferido polas pessoas que fam turismo na Galiza. Segundo a Enquisa do turismo em destino na Galiza 2015–2016 realizada pola Junta, um 71% das turistas deslocam-se de carro particular. Isso somado ao deslocamento de habitantes das cidades cara à costa provoca colapsos habituais em pontos como a Ponte de Rande na ria de Vigo, ou na ponte que é o único ponto de entrada e de saída na Ilha de Arouça. No caso da Ilha os colapsos som habituais nas tardes das fins de semana de verao, de sexta a domingo.
Ficando na Ilha, neste ano um vídeo que se fijo viral, em que participam os humoristas Carlos Blanco e X. A. Touriñán e leva por título ‘O mar é de todos’, toca um problema que se repete ano após ano nos seus areais: pessoas que vam à praia levam marisco sem nengum tipo de licença. Isto tem provocado que as próprias mariscadoras tenham que se organizar para fazerem labores nom remuneradas de vigilância, com o objetivo de impedir que o marisco que elas trabalham seja roubado.
Entre outros efeitos que está a ter a turistificaçom da Ilha, está a dificuldade de encontrar ali umha vivenda para todo ano, especialmente para umha família, pois a maior parte das novas edificaçons estám pensadas como apartamentos turísticos com apenas um quarto. Voltando para os dados do censo, em 2011 na Ilha contavam-se 4.975 habitantes e umhas 2.630 vivendas, das quais 40% nom som vivendas principais. Ademais, no mercado imobiliário é habitual encontrarmos ofertas de aluguer com preços que oscilam entre 300 e 350 euros durante o curso escolar, mas que ao chegar o verao entram no mercado turístico ao disparar-se o preço por cima dos 1.500 euros mensais.