Neste 1º de maio, na Galiza, manifestaram-se conjuntamente os principais sindicatos anarquistas em prol da defesa da classe operária.
A convocatória foi precedida da assinatura, em março, de um pacto de ação conjunta, logo após mais de 40 anos de desencontros, das três organizações anarcossindicais mais relevantes: a CNT (Confederação Nacional do Trabalho), a CGT (Confederação Geral do Trabalho) e SO (Solidariedade Obreira). Este acordo deixa trás de si uma fase de desafeição e isolamento e abre um novo ciclo na história do anarcossindicalismo no Estado e na Galiza, ao tempo que prepara o terreno para uma confluência anarcossindical por parte de quem, embora as suas diferenças, não só se reivindicam herdeiras de um passado comum, mas também partilham uns princípios e objetivos.
Este acordo deixa trás de si uma fase de desafeição e isolamento e abre um novo ciclo na história do anarcossindicalismo no Estado e na Galiza
Há 100 anos, em 1922, a necessidade e o pragmatismo das lutas conduziram à federação das sociedades operárias galegas afiliadas à CNT e à criação da Confederação Regional Galaica (CRG). Hoje, de novo, a classe trabalhadora galega precisa de essa recomposição do sindicalismo de classe. Estamos perante um novo ciclo de lutas. A incompatibilidade do capital com a vida no planeta redefine o papel do sindicato para fazer frente aos novos cenários laborais num contexto de crise multidimensional e colapso sócio-ecológico.
A Galiza não é alheia à nova composição técnica do emprego por causa da combinação de tecnologias digitais com um capitalismo de plataforma e que dificultam algumas das ferramentas de defesa sindical tradicionais; ou a uma divisão internacional do trabalho, que recupera dinâmicas racistas e neocoloniais na procura de mão de obra precária ou semiescrava e que encontra na classe operária migrante a sua máxima expressão. De facto, a reorganização geopolítica (escalada bélica incluída) do capital rentista e financeiro promete um novo horizonte de recortes e políticas de austeridade que aprofundarão nas desigualdades e na nossa perda de poder aquisitivo, tudo isto num contexto de crise energética e de recursos materiais que, no caso galego, se traduz numa depredação extrativista que está já a converter a Galiza num território de sacrifício dentro dessa cadeia de produção global.
No comunicado antedito, junto com as reivindicações que vão permitir começar a perfilar unha ação coordenada de mínimos e o apoio às companheiras represaliadas da CNT polo caso de La Suiza em Xixón, também se criticava expressamente o sindicalismo institucionalista como garante e apéndice da estabilização do sistema.
Frente a este modelo sindical concertista, produto dos Pactos da Moncloa no 77, onde os sindicatos oficialistas jogam um papel fundamental na redução da conflitividade laboral, o sindicalismo combativo ou revolucionário propõe um horizonte de ruptura em que a autoorganização das trabalhadoras na defesa concreta dos seus direitos permita conquistar a sua emancipação ao tempo que constrói uma alternativa pós-capitalista à margem do Estado e do mercado. No caso do anarcossindicalismo: o comunismo libertário.