“A Universidade reprime-nos por puro corporativismo. Caso castigar o sexismo e a homofobia ficaria sem professorado e provocaria um feixe de denúncias”
Em só três meses, a Universidade de Santiago de Compostela castigou dez estudantes que protestárom contra atitudes machistas e homófobas do pessoal docente. Das dez, sete recebérom a apertura de um expediente disciplinário por denunciar numha aula as agresons machistas do docente Luciano Méndez. As outras três fôrom imputadas por desordens públicas a raiz dum escracho contra a homofobia de Domingo Neira.
“Se nom che importa, vou desfrutar das vistas” lançou Luciano Méndez ao único varom que ficou com o torso nu na aula para denunciar a agressom machista do docente contra umha aluna. “A María dixo-lhe que com esse escote nom se podia concentrar”, explica a feminista Carmen Álvarez. Por isso, baixo o nome ‘Teteiros ceibes’, oito pessoas do mestrado de género da USC denunciárom com frases pintadas no seu peito a atuaçom misógina de Méndez.
A segunda reaçom de Luciano ante a açom foi baixar a persiana da sala, ao que acrescentou: “tal e como está o ambiente de caldeado igual as cousas vam a mais”. As feministas nom davam crédito do que estava a acontecer, “totalmente fora de lugar”.
A universidade, que defende nos seus estatutos a igualdade e que devera atuar de ofício contra as discriminaçons, só reacionou quando o caso saltou para os meios de comunicaçom. Se bem os jornais cubrirom o protesto também publicárom os artigos de opiniom do próprio Luciano Méndez em que se reafirmava no seu discurso machista. A USC penalizou o docente com dous meses sem emprego e soldo. Umha sançom que ele mesmo definiu como “umhas férias”.
Mas a universidade também decidiu abrir um expediente disciplinário às feministas que protestárom contra o discurso machista de Luciano Méndez. “A USC reprime-nos por puro corporativismo. Caso castigar o sexismo e homofobia ficaria sem professorado marcando um precedente que, por sua vez, provocaria um feixe de denúncias”. Por esta razom, argumenta a feminista Carmen Álvarez, “os expedientes abertos na nossa contra som um claro sintoma de persecuçom política”.
Homofobia no professorado
“Quando denunciamos violências baseadas no género, a reaçom da USC é maior”
“Os gais nom podem adotar porque transmitiriam a enfermidade” ou “a única forma de manter relaçons sexuais é a ‘coño-pollal’”, som algumhas das frases que componhem o discurso homófobo de Domingo Neira. Umha das incausadas por denunciar este docente, Antía Balseiro, explica como já existiam denúncias contra Neira em 2008 ainda que a USC nom o sancionasse até 2013, quando o caso virou público através dos meios de comunicaçom. “Prometérom-nos que iam afastá-lo da docência mas atopamo-nos com a sua volta às aulas… Que figemos? Protestar!”. Aproveitando a força do Comité de Greve no curso 2014/5, entrárom na aula de Domingo Neira em forma de escracho.
A Universidade centrou-se em reprimir a açom e o três de outubro deste ano, três alunas enfrontárom penas de entre 3 e 5 meses polo delito leve de desordens públicas após a denúncia apresentada pola USC e assumida pola Fiscalia. Antía Balseiro acha que com denúncias coma esta a “USC presiona as pessoas para nom protestarem contra este tipo de comportamentos na universidade”. Também aponta que quando se denunciam violências baseadas no género, “a reaçom da USC é maior”.
Ante os casos que nom som denunciados polo alunado, a USC fica passiva e envolve-os em impunidade. Na Internet, aparecem as palavras do professor da Facultade de Geografía e História, José Carlos Bermejo Barrera em referência a umha bolseira: “Vai-se acabar isso de entrar na Universidade via vaginal”. Mas a universidade nada fijo contra Bermejo, umha passividade que se repetiu no caso de Emilio Gutiérrez, na Faculdade de Psicologia, quando destacou que “muitas vezes os homens” só pensam “teta-coño, teta-coño’ pero com agarimo, eh…”.
O também professor de Políticas, Miguel Anxo Bastos, baixo a sua máscara de homem-polémico chegou a defender com total impunidade a cultura da violaçom: “se quigeres deitar-te com umha mulher tés duas formas de fazê-lo: podes-lhe agasalhar um diamante ou pode-la violar. Som dous caminhos para chegar ao mesmo objetivo”.
Elaboraçom de protocolos
“Pido que a USC elabore protocolos reais e aplicáveis contra as violências machistas”
As denúncias que percorrem os caminhos administrativos nom alcançam melhor sorte do que os casos anteriores. Umha mulher, à que chamaremos Eva, dispunha-se a cursar as jornadas do Programa de Estudos en Man Común: Ruralidades, Femenismos e Comúns, de índole feminista, quando reparou em que também estava admitida umha pessoa que defendera o seu agressor sexual durante o processo judicial “alegando dados da vestimenta e atitude que segundo ela justificavam que tivesse sido violada”.
Eva intercambiou vários correios com o coordinador do curso, ofertado pola USC através de Histagra, alertando da situaçom mas a única opçom que se lhe ofereceu foi o abandono do curso. “Dixérom que era a minha versom e que se queria podiam-me ofertar ajuda psicológica”. Também se viu envolta numha “peregrinagem burocrática” onde numha semana tivo que contar-lhe a “umhas vinte pessoas que tivera sido violada no passado e dar explicaçons do porque de umha condena absolutória pese ter provas médicas”.
Eva entende que a USC deveria melhorar um mínimo em qualidades humanas como a empatia e a humanidade e demanda “ a elaboraçom de protocolos reais e aplicáveis que sejam quem de transitar por situaçons coma esta com o menor sofrimento possível”.
A USC editara um protocolo contra o acosso sexual um mês antes de sancionar as protestas contra Luciano
No mês de julho, a Universidade de Santiago de Compostela lançou um projeto de protocolo contra o acosso sexual que só contava com dez dias para apresentar alegaçons. O movimento feminista tomou-no como umha “mofa” pola escassa margem de tempo que oferecia e ao tratar-se de um mês em que boa parte do alunado começava as suas férias.
Aida Pena e Marta Rogríguez formam parte do grupo de feministas que se reuniram para abordar as agressons machistas que se estavam a produzir na universidade. Ante este projeto de protocolo, decidirom que nom iam “deixar-se levar polos tempos que a USC marcava” e, ademais, advertirom das “imensas limitaçons do projeto”. Isso sim, o coletivo decidiu alegar umha questom, o prazo de denúncia. “A USC pretendia pôr um limite temporal de 3 meses entre o feito denunciável e a apresentaçom de denúncia. Mira que afám de promover a denúncia contra as agressons!”
A finais de julho o Conselho de Governo da USC aprova o protocolo de prevençom e atuaçom fronte o acosso sexual sem um limite temporal entre o momento da agressom e a apresentaçom da denúncia. Um mês depois da aprobaçom do protocolo, em troca de o pôr em marcha, a USC sanciona o grupo de alunas que protestou contra as agressons machistas produzidas por Luciano Méndez.
As duas feministas coincidem ao entender que a USC está muito longe do que deveria ser umha universidade pública, “um centro de aprendizagem e boas práticas”. Destacam que para fazer-lhes fronte a esta série de discriminaçons e à proteçom do corporativismo cumpre a uniom e protesta através dos feminismos.