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Altri polariza início da legislatura

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A re­cém es­tre­ada le­gis­la­tura de Rueda vi­nha com um ma­cro-pro­jecto de in­dus­tri­a­li­za­çom no co­ra­çom do país que ia em­pre­gar 2500 pes­soas em Palas de Reis e os mu­ni­cí­pios que o ar­ro­deiam. O PP, dis­posto a com­pro­me­ter umha parte de di­nheiro pú­blico para fa­ci­li­tar o de­sem­barco da em­presa por­tu­guesa, con­se­guiu man­ter o se­cre­tismo em co­mar­cas fiéis ao par­tido até pas­sada a cam­pa­nha com a ocul­ta­çom das ci­fras re­ais do im­pacto am­bi­en­tal que, se­gundo in­di­cam as prin­ci­pais or­ga­ni­za­çons eco­lo­gis­tas e a Plataforma Ulhoa Viva, com­pro­me­terá o fu­turo da co­marca e che­gará à Ria de Arouça. 

As pri­mei­ras no­tí­cias da che­gada de Altri à ca­pi­tal das Terras de Ulhoa, Palas de Rei, som de 2022. Na al­tura, a em­presa por­tu­guesa anun­ci­ava a in­ten­çom de ins­ta­lar umha fá­brica de pro­du­çom de ce­lu­lose so­lú­vel e fi­bra téx­til ve­ge­tal.

A Junta de Galiza, ainda con Alberto Feijóo ao frente, ali­nhava-se com a em­presa por­tu­guesa pro­me­tendo “umha in­dus­tri­a­li­za­çom na co­marca com tra­ba­lho para 2500 pes­soas”. BNG e PSdeG nesse mo­mento apoi­a­ram a ins­ta­la­çom da em­presa de Lyocell – fi­bra téx­til ve­ge­tal – em fa­vor da “in­dus­tri­a­li­za­çom”. Desde en­tom até agora, com umhas elei­çons à Junta no meio, nom trans­cen­dia muito mais. Mas nes­tes úl­ti­mos me­ses soube-se que agora a oferta de em­prego nom chega às 500 pes­soas e o mês pas­sado Altri che­gava ao de­bate de in­ves­ti­dura com uma grande pre­sença den­tro e fora do Parlamento. Na cá­mara, a lí­der do BNG, Ana Pontón, des­mar­cava-se com con­tun­dên­cia do ma­cro­pro­jeto, acu­sando o PP de ocul­tar os da­dos re­ais. O lí­der do PSdeG, José Ramón Gómez Besteiro, pe­dia ex­pli­ca­çons ao re­cém eleito pre­si­dente, Alfonso Rueda. Fora do Parlamento, con­cen­tra­vam-se mem­bros da Plataforma Ulhoa Viva para ex­pre­sar o seu re­jei­ta­mento em Compostela con­tra o pro­jeto.

Nestes me­ses, a Plataforma, que aglu­tina vi­zi­nhança de mu­ni­cí­pios de Melide, Santiso, Agolada e Palas de Rei (afe­ta­dos di­re­ta­mente po­las in­fra­es­tru­tu­ras pla­ni­fi­ca­das), in­cre­men­tou a in­for­ma­çom e a sua pre­sença me­diá­tica em di­fe­ren­tes ins­ti­tui­çons eu­ro­peias e es­pa­nho­las para aler­tar das in­ten­çons re­ais da Altri Paricipaciones y Tradings, SL (apre­sen­tada as­sim em 2022 e desde ju­lho de 2023 sub­si­diá­ria da Greenfiber SL, com uma par­ti­ci­pa­çom do 75% de Altri e um 25% de Greenalia).

Ulhoa Viva e cinco or­ga­ni­za­çons eco­lo­gis­tas (Amigas da Terra, Ecologistas en Acción, Greenpeace, SEO/BirdLife e WWF) en­vi­a­ram em 20 de março uma de­nún­cia ao Ministerio de Médio Ambiente e tran­si­çom ener­gé­tica e ao Ministerio de Indústria. A uni­dade ti­nha pre­visto ocu­par uma área de 366 hec­ta­res e está pro­gra­mada para trans­for­mar até 1,2 mi­lhons de me­tros cú­bi­cos de ma­deira de eu­ca­lipto das es­pé­cies Eucalyptus glo­bu­lus e Eucalyptus ni­tens.

Desenho do pro­jeto se­gundo a em­presa. / Altri

A de­nún­cia apre­sen­tada as­si­nala que a planta “terá uma pro­du­çom fina de 400 mil to­ne­la­das de ce­lu­lose so­lú­vel e 200 mil to­ne­la­das de Lyocell cada ano e con­su­mirá água equi­va­lente a uma ci­dade de 350.000 ha­bi­tan­tes”. A área que pla­neia Altri afe­ta­ria a vá­rios es­pa­ços na­tu­rais da Rede Natura 2000 e linda com a Zona de Especial con­ser­va­çom da Serra do Careom, onde o pró­prio Rueda lan­çava a hi­pó­tese de ex­pro­priar os ter­re­nos para a fá­brica.

Além disto e um ter­ri­tó­rio de grande im­por­tân­cia eco­ló­gica, a trans­for­ma­çom des­tes 1,2 mi­lhons de me­tros cú­bi­cos de ma­deira de eu­ca­lipto se­rám lan­ça­dos por umha cha­miné que pro­jeta a fá­brica de 75 me­tros de al­tura de­ri­vando em emis­sons de en­xo­fre, óxido de azoto e mo­nó­xido de carbono.

Nas úl­ti­mas se­ma­nas, o go­verno da Junta re­do­brou es­for­ços em de­fen­der a in­dus­tra­li­za­çom do in­te­rior do país. Maria Jesus Lorenzana, con­se­lheira de eco­no­mia e in­dus­tria, de­fen­dia o pro­jeto em fa­vor da in­dus­tri­a­li­za­çom da Galiza numha en­tre­vista no Diário ABC e ava­lado por um “ri­go­roso es­tudo meio-am­bi­en­tal”, qua­li­fi­cando as de­nún­cias con­tra Altri de “ca­ça­ria po­lí­tica” e “men­tira”.

A Plataforma Ulhoa Viva alerta que a po­lui­çom do rio Ulha com­pro­me­terá a Ria de Arouça e po­derá pôr em risco o se­tor ma­ris­queiro, já afe­tado por uma queda de até 75% na pro­du­çom de bivalves.

Entretanto, a de­nún­cia che­gava ao Parlamento eu­ro­peio e pu­nha o foco tam­bém na po­lu­çom do rio Ulha que afe­tará a ria de Arouça, onde de­sem­boca. A pro­du­çom de bi­val­ves, se­gundo le­vam aler­tando as ma­ris­ca­do­ras que tra­ba­lham na ria, está a cair nos úl­ti­mos anos de jeito alar­mante, “até um 75% nos úl­ti­mos anos”. Segundo os bió­lo­gos que tra­ba­lham para a con­fra­ria, por “causa di­reita da con­ta­mi­na­çom do Ulha das po­pu­la­çons e in­dus­trias que re­cebe ao longo do seu per­curso. Os tó­xi­cos acu­mu­lam-se nos en­co­ros de Touro, Brandariz e Portodemouros além da mu­dança dos flu­xos que está a pro­vo­car o cam­bio cli­má­tico”. Xaquín Rubido, porta-voz da Plataforma para a Defensa da Ria de Arouça, afirma que “de se­guir as­sim a Ría ar­risca de­sa­pa­re­cer coma pul­mom ma­ris­queiro da Galiza”.

A em­presa apres­su­rava a res­pon­der que os li­tros de água em­pre­ga­dos para a fa­bri­ca­çom de fi­bra têx­til se­rám de­pu­ra­dos para “ga­ran­tir a mesma qua­li­dade de água que an­tes do pro­cesso”. Mas as or­ga­ni­za­çons eco­lo­gis­tas in­di­cam que, com a ins­ta­la­çom da fá­brica, a água será de­volta com ni­tra­tos, fos­fa­tos, en­xo­fres e fós­foro em quan­ti­da­des por baixo dos mí­ni­mos per­mi­ti­dos, mas que es­tes re­a­gi­ram com os que já te­nham os en­co­ros. A pró­pria com­pa­nhia re­co­nhece que parte da água que vai de­vol­ver ao río che­gará a 27 graus, o que ele­va­ria 3 mais a tem­pe­ra­tura do seu caudal.

Da Plataforma Ulhoa Viva as­se­gu­ram que os es­tu­dos que ma­ne­jam fa­lam da po­lui­çom no cham e dos rios, o que porá em pe­rigo as de­no­mi­na­çons de ori­gem da co­marca: “Os ga­ses que vai emi­tir a em­presa vam aca­bar po­luindo o cham. Um as­peto im­por­tante que o es­tudo de im­pacto am­bi­en­tal nom leva em conta é que em dias de al­tas pres­sons, quando nom chove, e quando o ar nom corre, es­tes ga­ses fi­cam acima em sus­pen­som, e quando vem a chuva, como tan­tas ve­zes no nosso país, essa po­lui­çom vai di­reta ao solo. E atra­vés da água, vai para os ani­mais sel­va­gens, vai para o gado, e vai para os po­ços das al­deias que for­ne­cem às fa­mí­lias. Portanto, tam­bém es­ta­mos pre­o­cu­pa­dos com a saúde da nossa vi­zi­nhança, cor­re­mos um risco real”.

Os im­pul­so­res do pro­jeto re­ve­la­ram mui­tas ve­zes que umha das prin­ci­pais ra­zons para o de­sen­vol­vi­mento som os fun­dos pú­bli­cos que evi­ta­riam à em­presa as­su­mir umha parte im­por­tante do fi­nan­ci­a­mento. Altri, atra­vés de Greenfiber, pro­cura op­tar a umha das li­nhas do PERTE de des­car­bo­ni­za­çom que fi­nan­cia Europa, umha bolsa de 250 mi­lhons de eu­ros, a quan­ti­dade que Greenfiber pede para a sua pro­posta, o equi­va­lente ao 25% do custo to­tal do pro­jeto.

Mais de 20.000 ale­ga­çons con­tra a fá­brica da Altri fô­rom re­gis­tra­das, ‘o maior nú­mero da his­tó­ria da Galiza’, se­gundo a Plataforma Ulhoa Viva.

Manoel Santos, porta-voz de Greenpeace, aponta a pro­ba­bi­li­dade de que a es­co­lha da Galiza para a ma­cro­fá­brica de Altri pode de­ver-se ao “facto de o go­verno ga­lego ter re­ve­lado ser mais per­mis­sivo com o cul­tivo do eu­ca­lipto que o por­tu­guês, que res­trin­giu mais o cul­tivo após os úl­ti­mos in­cên­dios em Portugal”.

Acabado já o pe­ríodo de ale­ga­çons á ex­po­si­çom pú­blica do pro­jeto, o pas­sado 17 de abril re­gis­trá­rom-se mais de 20.000 “o maior nú­mero de ale­ga­çons da his­tó­ria da Galiza”, se­gundo con­fir­mou a porta-voz de Ulhoa Viva, Marta Gontá.

A pla­ta­forma anun­ciou a pri­meira ma­ni­fes­ta­çom con­tra Altri o pró­ximo 26 de maio em Palas de Rei, po­pu­la­çom go­ver­nada polo PP.

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