Neste mês de fevereiro vem de sair às ruas o primeiro número do ‘Pensa Lugo’, um jornal bimensal nascido dos movimentos sociais desta cidade que procura mostrar umha realidade diferente à dos jornais empresariais. Nos dias prévios à sua saída de imprensa, Andrea Ledo, da equipa de redaçom deste novo projeto informativo, dá-nos a conhecer mais detalhes desta iniciativa e expom como é o momento que estám a viver as ativistas que fam possível o ‘Pensa Lugo’
Como apareceu o nome de ‘Pensa Lugo’ e o que vos sugere?
‘Pensa Lugo’ nasceu com o objetivo de fazer umha imprensa contra-hegemónica no nível local, que convide a pensar a realidade de Lugo de outra forma. Queríamos um nome que convidasse a umha leitura mais pausada sobre a realidade de Lugo. ‘Pensa Lugo’ é um nome sugestivo e que chama à reflexom.
‘Pensa Lugo’ nasceu com o objetivo de fazer umha imprensa contra-hegemónica no nível local, que convide a pensar a realidade de Lugo de outra forma.
Já com o ‘crowdfunding’ feito e a ponto de sair o primeiro número, como vos sentides?
Estamos a aguardar pola impressom do jornal. Estamos com esse tipo de trâmites e também preparando o seguinte número, pois a nossa periodicidade bimensal exige-nos ter disciplina e constância. Agora estamos emocionadas porque vai sair o primeiro número em papel e estamos nesse ponto de aguardar, de ver como ficou todo, de estar a ver nascer um projeto… É um momento de emoçom e de preparaçom do seguinte número.
Como é a imprensa local em Lugo para que seja necessário este projeto informativo?
PL nasce para ser um jornal em papel e é claro que isso vai relacionado com como é a imprensa local em Lugo. A que mais se consome em bares ou a que chega às casas do rural de Lugo som jornais que correspondem a determinados interesses privados, políticos e que escrevem sobretodo em castelhano. Nós queremos dar-lhe a volta a todo isso e chegar também às casas através de umha subscriçom, que tivo boa acolhida. Acho que a gente também via a necessidade de um outro tipo de imprensa em papel. Tínhamos a intençom de rebater toda essa imprensa, porque vás a um bar, biblioteca ou qualquer lugar público e encontras a mesma que conta as mesmas notícias com o mesmo ponto de vista ou dos mesmos interesses. Nós queremos contar essa realidade de Lugo que nom se estava a contar. Essas notícias que se sabem que acontecem mas ao nom haver umha reflexom sobre elas semelha que nom existem, e nos queríamos que estivessem presentes e sobretodo que estivessem em galego.
Quais som essas notícias que costumam ficar ocultas?
Todas aquelas que nom tenhem a ver com interesses empresariais e políticos em Lugo. Por exemplo, todo o movimento que se gerou arredor de Lugo sem Mordaças. Também eventos ou processos que passam desapercebidos, como o plano para a criaçom de um bairro multi-ecológico, ou movimentos como o Sam Froilám Associativo que nom tenhem nengum tipo de cobertura. Queremos plasmar esse tipo de cousas e fazer ver que há realidades sociais às que as pessoas podem ligar-se se querem, que nom há umha realidade plana como a que transmitem os jornais em papel, senom que há umha realidade de movimentos sociais e heterogénea.
Tendes também o objetivo de chegar ao rural?
É um dos piares básicos. Lugo tem umha populaçom rural grande, espalhada, bastante mal comunicada e à qual só chegam os jornais que contam com meios económicos para chegarem. Realmente, chega apenas um. A gente lê isso porque é o que chega, mas leria outra cousa se chegasse também. Entom, levando o PL ao rural queremos contribuir a mudar a realidade, pois os meios de comunicaçom criam imaginários sociais e criam realidades. O que nos chega do rural é que as pessoas nas aldeias leem o que há, e nós queremos contribuir a que isso mude.
No primeiro número há um par de artigos que tratam do rural. A gente que escrevemos aí vimos de núcleos rurais e temos umha perspetiva que se sai da cidade.
Levando o PL ao rural queremos contribuir a mudar a realidade, pois os meios de comunicaçom criam imaginários sociais e criam realidades.
Como se organiza a equipa?
Em geral é um projeto mui horizontal, mas obviamente há umha organizaçom. Temos um conselho gestor, um conselho de redaçom e umha equipa de colaboradoras que podem enviar artigos. Qualquer pessoa que tenha umha inquedança que queira escrever num jornal diferente ou dar cobertura a umha realidade pode fazê-lo, cumplrndo sempre com as linhas ideológicas, como todo jornal tem. Depois, há pessoas em redaçom que som mais estáveis e que já tenhem outro nível de compromisso e ligaçom. O comité gestor encarrega-se da burocracia, da tesouraria, temas que atingem à gestom mais quotidiana do jornal. Todas as comissons se comunicam, falam e tratam os temas nas assembleias gerais. Temos assembleias dos conselhos gestor e de redaçom mais ou menos cada duas semanas, e as colaboradoras podem escrever quando tenhem disponibilidade. A génese é bastante horizontal.
Quais som os movimentos sociais de Lugo com os que tendes vínculo?
Há de todo. Umha das fortalezas do jornal é toda a variedade ideológica que há. Há gente que está ligada a movimentos sociais diversos, sobretodo o que se vem construindo arredor da plataforma Lugo sem Mordaças. Depois há pessoas de movimentos que nom radicavam em Lugo, ou que nom pertencem a um movimento concreto mas que tem inquedanças ideológicas e a sua forma de se introduzir no ativismo foi o PL. Mas em geral os perfis som de corte muito heterogéneo. Com uns mínimos ideológicos, há muita diferença de opinions, há muito debate, e achamos que isso enriquece muito. Também há essa riqueza entre as colaboradoras, muitíssima.
Umha das fortalezas do jornal é toda a variedade ideológica que há. Há gente que está ligada a movimentos sociais diversos, sobretodo o que se vem construindo arredor da plataforma Lugo sem Mordaças.
Agora que já tendes um número feito, como se fôrom cumprindo os objetivos? Quais dificuldades e que facilidades encontrastes?
Estamos a aprender todas muitíssimo. Estamos aprendendo a criar um jornal e implica muito compromisso. Todas estamos implicadas, temos a consciência de que é necessário, de que temos que mudar o imaginário social. As facilidades que nos encontramos fôrom o compromisso das pessoas. Encontramo-nos com dificuldades burocráticas, de tesouraria… que nom temos muita experiência ainda para resolver mas que vamos resolvendo. Onde também encontramos dificuldades foi em redigir artigos que pensamos que iam ser mais simples mas que requerem umha investigaçom profunda. Mas em geral, fomos cumprindo os objetivos. Cumprimos os prazos que tínhamos marcados, que já som bastantes as dificuldades que encontramos. Estamos contentas mas foi um trabalho duro, dedicamos bem tempo.
Quais som as temáticas do primeiro número?
Fazemos muito finca-pé na situaçom social do galego, é um dos temas que ocupa umha das seçons do jornal que é mais extensa, que se chama A Debulhadora e que trata de temáticas de umha maneira mais profunda. Afinal temos um jornal que sai em galego por algo e criamos conveniente falar nesse primeiro número dessa problemática. Tratamos temas referentes ao rural a cousas que vam passando em Lugo como despedimentos que tenhem que ver com Inditex. Temos diversas entrevistas, tratamos temas de maior atualidade na Galiza e há umha entrevista sobre ‘O que Arde’. Tratamos temas vinculados com a cultura em Lugo, como os festivais, mas tanto a capa como umha parte extensa do jornal ocupa-se da situaçom do galego.