Com a regularizaçom do jogo ‘on-line’ e das apostas desportivas presenciais, as ruas experimentárom um auge da presença de locais onde apostar. A abertura desse novo mercado, que move quantidades milionárias, deslocou cara à adolescência o risco de padecer enfermidades relacionadas com a adiçom ao jogo. A Junta está a trabalhar numha nova Lei do Jogo ‑a atual é de 1985- que recolha estas novas modalidades.
As máquinas de apostas desportivas experimentárom, desde a sua regularizaçom, um auge que está a ter os seus efeitos especialmente nas pessoas jovens, e que está a deslocar ao que até estes anos eram as principais máquinas de apostas, as conhecidas popularmente como ‘tragaperras’. Assim, segundo os dados que publica a Direçom Geral de Ordenamento do Jogo ‑dependente do Ministério de Fazenda‑, em 2017 jogárom-se mais de 146 milhons de euros no nosso país em apostas desportivas ‑cifra que aglutina o jogo presencial em máquinas e o jogo on-line-, quando em 2015 a cita se localizava polos 108 milhons de euros. Também aumenta a margem de jogo ‑quantidade à que se lhe descontárom os prémios que recebem as pessoas apostadoras- que passa de 23 milhons em 2015 a 35 milhons em 2017.
A legalizaçom tanto do jogo on-line ‑competência do estado- como das apostas desportivas trouxo também umha mudança nos perfis das pessoas jogadores. Juan Lamas, diretor terapêutico da Associaçom Galega de Jogadores Anónimos (Agaja), fala a partir da sua experiência no atendimento a problemas de adiçom ao jogo e salienta que “agora estamos a falar dum jovem de entre vinte e trinta anos jogador de apostas desportivas ou de jogo on-line que leva jogando um ano e meio ou dous”, contraposto com o que era o perfil do jogador das ‘tragaperras’, que era dum trabalhador de 45 anos com umha duraçom no jogo de sete anos. Lamas também salienta que estas pessoas jovens contam com um património bastante menor do que o do perfil das ‘tragaperras’, mas “claramente gasta também o 100% do que tem”.
Bares e bairros populares
Na Galiza está autorizada a instalaçom de máquinas de apostas desportivas em estabelecimentos hoteleiros. É habitual encontrar-se umha máquina de apostas desportivas num bar em que já havia umha ‘tragaperras’. No decreto de regularizaçom das apostas desportivas de 2012 a Junta autorizava a instalaçom de 2400 terminais em locais hoteleiros de todo o país, porém, cinco anos mais tarde ampliou-se a cifra até as 3600 terminais.
Também, a tendência das novas tendas de apostas e salons é concentrarem-se em zonas de bairros populares ou em lugares de lazer massivo. Se há umha cidade em que esta problemática esteja mais presente essa é a da Corunha, onde a Uniom Anarcosindicalista está a promover umha campanha para denunciar os efeitos da emergência destes lugares de apostas.
Esta organizaçom salienta a ampla presença de salons de jogos na Agra do Orçám: “Neste bairro, de carácter obreiro, com umha ampla populaçom imigrante, massificado e de rendas baixas, quase nom há um bar que nom tenha umha terminal de apostas. Também há dous grandes locais de apostas que funcionam ao tempo como bar, de forma que os apostantes ‑e empregamos o masculino já que o perfil é o dum rapaz jovem e de classe obreira- podem passar o dia inteiro dentro do local realizando apostas e consumindo álcool”.
A Uniom Anarcosindicalista iniciou a sua campanha ao perceber que os locais e terminais de apostas desportivas “estám-se a converter numha parte mais do mobiliário dos nossos bairros”, e sentiu a necessidade de denunciar que “é um claro ataque à classe trabalhadora, que busca enredar-nos num círculo vicioso de esperanças de conseguir um dinheiro que nunca chega, ao tempo que se nutre do mesmo capital que geramos com o nosso trabalho”.
Na cidade de Vigo, cidade em que tem a sua sé a Agaja, a concentraçom dos locais com terminais de apostas dá-se nalguns bairros populares como Coia ou o Calvário e também em diferentes ruas do centro. Em Compostela, os salons de jogos concentram-se também nas ruas do Ensanche, umha delas a poucos metros de um bingo. Vários salons recreativos frequentados habitualmente pola mocidade contam com anexos com terminais de apostas. As apostas desportivas estám proibidas para as pessoas menores de idade, mas os entraves costumam ser facilmente salváveis.
Jogo ‘on-line’
As marcas das casas de apostas estám a fazer-se com umha ampla visibilidade nas ruas e nos estádios de futebol, onde é habitual a sua presença nos valados publicitários, ou mesmo nas camisolas das equipas, como no caso do Deportivo da Corunha, que conta com o logo de Luckia nas suas mangas. Porém, onde mais perigo vê para a mocidade está no jogo on-line ao qual se pode aceder mesmo através do telemóvel.
Juan Lamas explica as caraterísticas que fam do jogo on-line umha modalidade especialmente aditiva. “Os componentes aditivos do jogo vam vir marcados primeiro pola acessibilidade, polo anonimato, pola pouca diferença de tempo entre a aposta e o resultado, por isso sempre as rainhas foram as máquinas ‘tragaperras’”, expom este terapeuta. “E todas essas condiçons estám-se a cumprir atualmente no jogo on-line, podes estar 24 horas, podes começar a apostar de noite, a golpe de clique, sem nengum tipo de freno, podes aumentar a aposta…”, afirma Lamas, quem acrescenta que o caudal aditivo destes jogos pode ver-se favorecido, entre outras cousas, pola perceçom social positiva cara o manejo das novas tecnologias. “O jogo on-line seria o mais aditivo”, conclui, “e nesta modalidade há várias ofertas de jogo, por exemplo as máquinas ‘tragaperras’ on-line poderiam ser as rainhas da caudal aditivo do jogo”.
Preparando umha nova legislaçom
No passado mês de fevereiro a Junta anunciou umha nova legislaçom para atualizar a Lei do Jogo de 1985. Nos últimos meses constituram-se grupos de trabalho e entre as participantes encontram-se algumhas das organizaçons de ajuda a pessoas jogadoras.
Assim, Juan Lamas indica que entre as suas reivindicaçons se encontrará a regularizaçom da publicidade das apostas desportivas, fiscalizar e sancionar o acesso de menores e auto-proibidos, regular a oferta de jogos, as campanhas de prevençom e a garantia da correta assistência às pessoas afetadas. “Está-se a normalizar umha atividade económica que oferece muito dinheiro para a comunidade autónoma mas sem nengum tipo de mensagem preventiva sobre as consequências negativas dessa atividade”, salienta Lamas.
As competências arredor do jogo na Galiza correspondem à Conselharia de Presidência, liderada polo vicepresidente Alfonso Rueda. Rueda tem sido um habitual nos congressos organizados polas associaçom de operadores do jogo, às que tem brindado publicamente o seu apoio consciente do importante ingresso de dinheiro que para a administraçom constitui o setor do jogo.