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As crianças da Semente recebem o Apalpador

por
car­los c. varela

Já logo começam as festas do Natal, e na Semente celebraremo-lo, mais um ano, recebendo o Apalpador

Já hai cousa de dez anos que este gi­gante car­vo­eiro baixa das de­ve­sas das ser­ras dos Ancares e do Courel e nos vem vi­si­tar coin­ci­dindo co co­meço das fé­rias. Nós sem­pre fi­ca­mos mui con­ten­tas de vê-lo e por isso o acom­pa­nha­mos en­quanto per­corre as ruas das ci­da­des, vi­las e al­deias da Galiza.

Ele tam­bém gosta de vir e, para o de­mons­trar, saúda os ne­nos e as ne­nas que topa polo ca­mi­nho e re­parte pre­sas de cas­ta­nhas que traz na saca, re­co­lhi­das nos bos­ques onde mora o resto do ano. E, como pen­sa­mos que a oca­siom o me­rece, con­vi­da­mos mú­si­cas e bai­la­mos e can­ta­mos, e le­va­mos fa­chos para lem­brar que agi­nha mar­chará o ano ve­lho e co­me­çará um novo, que os dias fa­rám-se cada vez mais lon­gos e já logo as ár­vo­res vol­ta­rám brotar.

Depois, a noite do 24 de de­zem­bro, volta às ca­sas das cri­an­ças ga­le­gas e, men­tres es­tám a dur­mir, apalpa-lhes as bar­ri­gui­nhas para as­se­gu­rar-se de que te­nhem abondo que comer.

O Apalpador que nos vi­sita hoje é o mesmo que vi­nha ver os nos­sos bi­savôs e bi­sa­voas e as suas de­van­cei­ras quando eram ca­ti­vas. O Apalpador tem cur­maos em mui­tos lu­ga­res da Europa, como o Olentzero em Euskal Herria, o Sinterklaas nos Países Baixos e o Esteru na Cantábria. Todos eles vam ver as cri­an­ças na noite do sols­tí­cio de in­verno para lhes dei­xar agasalhos.

Porém, du­rante mui­tos anos, o Apalpador dei­xou de acu­dir aos la­res ga­le­gos. As cri­an­ças es­que­ce­ram-se del e tro­ca­ram-no por ou­tras fi­gu­ras como Papá Noel e os Reis Magos. E, como nin­guém o cha­mava, que­dou só na sua de­vesa, até que já nin­guém se lem­brou mais dele.

E aí con­ti­nu­a­ria ainda hoje, se nom fosse por­que no ano 2006 José André Lôpez pu­bli­cou o tes­te­mu­nho de al­guém que ainda re­cor­dava que na sua in­fân­cia o Apalpador ia vi­sitá-lo to­das as noi­tes de Natal. E foi um grupo de pes­soas per­ten­cen­tes à as­so­ci­a­çom a Gentalha do Pichel as que, com imensa von­tade de co­nhecê-lo, or­ga­ni­zá­rom-se para ir na sua pro­cura e, fi­nal­mente, dé­rom com ele.

Desde en­tom, o Apalpador volta es­tar pre­sente nos Natais ga­le­gos. Cada vez son mais as cri­an­ças que o co­nhe­cem e por isso, tam­bém, cada vez vi­sita mais la­res. Nunca es­quece dei­xar-lhes cas­ta­nhas e mesmo tam­bém às ve­zes al­gum brin­quedo. Isso si, sendo pos­sí­vel re­ci­clado e que nom con­ta­mine, por­que é um ha­bi­tante do bos­que e tem medo de fi­car sem casa se nom cui­da­mos a natureza.

Este ano já fa­la­mos com ele e com­bi­na­mos para vermo-nos em di­fe­ren­tes ru­a­das ao longo do país. Procura a tua. Mais um ano te­re­mos mú­sica, cas­ta­nhas, e mesmo nal­gumhas ci­da­des atu­a­rám as cri­an­ças do grupo de dança da Semente. Mas o me­lhor pre­sente que lhe po­de­mos fa­zer ao Apalpador é re­cebê-lo com um enorme grupo de ne­nos e ne­nas. E por­tanto, se le­res isto, con­ta­mos contigo!

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