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As denúcias por violência machista aumentam 17% na Galiza 

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ga­liza contrainfo

Galiza acaba o ano registando quatro assassinatos machistas, os últimos relatórios do poder judicial indicam que as denúncias aumentaram 17% a respeito do ano passado, mas ainda assim a Comunidade Autónoma tem umha das taxas mais baixas do Estado. Profissionais de distintos âmbitos que trabalham com vítimas deste tipo de violência alertam da importância de aplicar quanto antes a nova lei estatal que dotará de centros com cobertura para as mulheres 24/7 e da formaçom da judicatura e os corpos judiciais. 

Dous as­sas­si­na­tos, um no Porrinho e ou­tro em Oroso, e duas agres­sons com arma branca em Compostela mos­tram a cara mais crua da vi­o­lên­cia ma­chista na Galiza no úl­timo mês. 

Com a do Porrinho som qua­tro as ví­ti­mas con­ta­bi­li­za­das a ponto de aca­bar o ano. Esta úl­tima ti­nha sido ví­tima de vi­o­lên­cia ma­chista em três oca­si­ons e es­tivo in­cluída no pro­grama VioGén. Nom obs­tante, ao tra­tar-se de uma tra­ba­lha­dora se­xual, os re­la­tó­rios ofi­ci­ais de ví­ti­mas de vi­o­lên­cia ma­chista nom a incluem. 

Aumentam as or­dens de pro­te­çom das ví­ti­mas
Os úl­ti­mos da­dos do ano re­ve­lam que as or­dens de pro­te­çom de ví­ti­mas de vi­o­lên­cia ma­chista te­nhem au­men­tado 16,8% no se­gundo tri­mes­tre de 2023 na Galiza. Som ci­fras for­ne­ci­das polo Observatorio con­tra la Violencia Doméstica e de Género do Consejo General del Poder Judicial e po­las úl­ti­mas es­ta­tís­ti­cas apre­sen­ta­das polo or­ga­nismo ju­di­cial. Os jul­ga­dos ga­le­gos in­di­cam que há 355 mu­lhe­res em pe­rigo no país, sus­ce­tí­veis de so­frer vi­o­lên­cia por parte dos seus pa­res ou ex-pa­res, to­das com or­dens e me­di­das de pro­te­çom e se­gu­rança, 16,8% mais que no mesmo pe­ríodo de 2022. No en­tanto, os jul­ga­dos re­gis­tá­rom 521 pe­ti­çons de pro­te­çom, 5,9% mais que no ano an­te­rior, das quais só se con­ce­de­ram 68%. 

Os re­la­tó­rios ofi­ci­ais de ví­ti­mas de vi­o­lên­cia ma­chista nom in­cluem a mu­lher as­sas­si­nada no Porrinho ao tra­tar-se de umha tra­ba­lha­dora sexual

Os da­dos fa­ci­li­ta­dos polo Observatorio re­ve­lam que os jul­ga­dos ga­le­gos re­gis­ta­ram en­tre ju­lho e se­tem­bro 1856 de­nún­cias por vi­o­lên­cia ma­chista, duas mais que no ano an­te­rior. Porém, o es­tudo mos­tra que o en­torno da ví­tima con­ti­nua a ser cúm­plice com o agres­sor e nom de­nun­cia: a mai­o­ria des­tas de­nún­cias che­gam atra­vés de ates­ta­dos po­li­ci­ais com de­nún­cia das pró­prias ví­ti­mas, en­quanto as de­nún­cias que par­tem das pes­soas che­ga­das das ví­ti­mas som 2,2%, um to­tal de 41 denúncias. 

A taxa de vi­o­lên­cia ma­chista na Galiza, 13, 3%, é das mais bai­xas do Estado, que tem a mé­dia em 21, 4%. O nú­mero de me­no­res tu­te­la­dos no pas­sado tri­mes­tre é 17, cinco me­nos que no mesmo tri­mes­tre do ano an­te­rior. Este dado re­flite só os fi­lhos das ví­ti­mas so­bre os quais o mal tra­ta­dor exerce vi­o­lên­cia di­reita, nom aque­les que pre­sen­ciam vi­o­lên­cia no âm­bito fa­mi­liar con­tra a sua mãe, para os que nom existe proteçom. 

Acompanhamento às ví­ti­mas e sen­si­bi­li­za­çom so­cial
Na Comunidade Autónoma há um to­tal de 81 Centros de Información á  Muller (CIM), além do Centro de Recuperación Integral para Mulleres Vítimas de Violencia de Xénero (CRI) de Compostela en­car­re­gado de co­or­de­nar as or­dens de pro­te­çom e o Centro de Emerxencia para Mulleres en Vigo (CEMVI) que pro­por­ci­ona hos­pe­da­gem ime­di­ato para cor­tas es­ta­dias en­quanto ava­lia a si­tu­a­çom das vítimas. 

Umha rede que, se­gundo ex­pli­cam as tra­ba­lha­do­ras, se­ria mui po­tente se nom es­ti­vesse sa­tu­rada, com tra­ba­lha­do­ras a as­su­mi­rem mais fun­çons cada vez e com bai­xas sem co­brir pola ad­mi­nis­tra­çom. Mas as pro­fis­si­o­nais con­ti­nuam a pôr o foco na falta de for­ma­çom em gé­nero por parte dos ór­gãos ju­di­ci­ais e dos cor­pos po­li­ci­ais que aten­dem às mu­lhe­res. Ainda que a nova Ley 10/2022 im­pul­sada polo Ministerio de Igualdad visa mu­dar esta si­tu­a­çom, as tra­ba­lha­do­ras in­di­cam va­zios nela. Em es­pe­cí­fico, cri­ti­cam o facto de nom con­cre­ti­zar se au­men­ta­rám os CIM ou como se in­ves­ti­rám as par­ti­das orçamentárias. 

As pro­fis­si­o­nais que tra­ba­lham com ví­ti­mas da vi­o­lên­cia ma­chista no país con­si­de­ram que a Galiza conta com umha Lei 11/2007, do go­verno bi­par­tido, que ainda que é con­si­de­rada “umha de­cla­ra­çom de in­ten­çons” conta uma “de­fi­ni­çom de ví­tima muito mais am­pla que a que ha­via no Estado an­tes da apro­va­çom nova lei do sim é sim”. Assim o as­se­gura Paula Rico, tra­ba­lha­dora so­cial. Mas o pro­blema que ha­via até agora é que a lei só se ti­nha em conta a ní­vel ad­mi­nis­tra­tivo, mas nom a ní­vel judicial. 

Paula Rico in­dica que o cres­ci­mento do fe­mi­nismo nos úl­ti­mos anos é fun­da­men­tal para lu­tar con­tra a vi­o­lên­cia, mas que a cons­ci­en­ti­za­çom deve ser tam­bém acom­pa­nhada po­las ins­ti­tui­çons e en­trar nas es­co­las: “Estamos en­qua­dra­das num sis­tema pa­tri­ar­cal e vi­o­lento e a única ma­neira que te­mos de lu­tar con­tra a vi­o­lên­cia a ní­vel ofi­cial som as ins­ti­tui­çons, sendo ci­en­tes que es­tas tam­bém às ve­zes exer­cem vi­o­lên­cia con­tra as mu­lhe­res. Mas in­sisto, a sen­si­bi­li­za­çom e a for­ma­çom som cha­ves e in­cluir de ma­neira trans­ver­sal con­teú­dos no sis­tema educativo”. 

Inés Leira tra­ba­lha como ad­vo­gada num CIM e ex­plica que “nom existe um único per­fil de ví­ti­mas, há al­gumhas eco­no­mi­ca­mente in­de­pen­den­tes e ou­tras to­tal­mente de­pen­den­tes e vam desde os 20 até os 80 anos, te­mos per­fis de li­cen­ci­a­das e mu­lhe­res com es­tu­dos bá­si­cos, mu­lhe­res que pro­ve­nhem de fa­mí­lias de­ses­tru­tu­ra­das e mu­lhe­res que ve­nhem da fa­mi­lias muito bem posicionadas”. 

Inés Leira tra­ba­lha como ad­vo­gada num CIM e ex­plica que “nom existe um único per­fil de ví­ti­mas, há al­gumhas eco­no­mi­ca­mente in­de­pen­den­tes e ou­tras to­tal­mente de­pen­den­tes e vám desde os 20 até os 80 anos, há per­fis de li­cen­ci­a­das e mu­lhe­res com es­tu­dos básicos

Indica que o pa­pel do as­ses­so­ra­mento ju­rí­dico é fun­da­men­tal já que a ca­suís­tica é muito va­ri­ada: “há mu­lhe­res que nom te­nhem ne­nhumha de­ci­som to­mada, nem se­quer som ci­en­tes de que es­tám a so­frer vi­o­lên­cia ma­chista. Outras ne­ces­si­tam sa­ber como in­ter­por uma de­nún­cia e so­mos nós a con­tac­tar com os cor­pos po­li­ci­ais. Noutras oca­si­ons ex­pli­ca­mos as con­sequên­cias desta de­nún­cia, in­for­ma­mos do pro­ce­di­mento ju­di­cial ou pro­cu­ra­mos in­for­ma­çom so­bre os que­bran­ta­men­tos”. Leira in­dica que as mu­lhe­res com con­tar com este as­ses­so­ra­mento é o ini­cio para rom­per com a vul­ne­ra­bi­li­dade: “mui­tas ve­zes ne­ces­si­tam que­brar o si­lên­cio e sa­ber que nom es­tám sozinhas”. 

Íria do Campo, psi­có­loga clí­nica com ex­pe­ri­ên­cia em pon­tos li­lás, con­corda na im­por­tân­cia de for­ne­cer acom­pa­nha­mento neste sen­tido de di­ver­sos âm­bi­tos. Como pro­fis­si­o­nal da saúde men­tal aponta que as mu­lhe­res ví­ti­mas es­tám des­fei­tas: “mui­tas ve­zes nom te­nhem fer­ra­men­tas para sair da si­tu­a­çom em que es­tám e nem se­quer sa­bem que po­dem de­sen­vol­ver a sua vida com au­to­no­mia. Aqui a te­ra­pia psi­co­lo­gica é im­pres­cin­dí­vel para tra­ba­lhar a au­to­es­tima que per­mite à mu­lher rom­per com o cír­culo de mal­trato e sa­ber-se au­tó­noma, pro­te­ger tam­bém as suas cri­an­ças se as hou­ver e o que é mais im­por­tante evi­tar re­caí­das na volta a re­la­çom com o maltratador”. 

Do Campo de­clara que a vi­o­lên­cia ma­chista nom tem o seu germe se­nom no cons­truto so­cial da mas­cu­li­ni­dade he­ge­mó­nica, que “pom a fi­gura do ho­mem branco he­te­ros­se­xual no cen­tro e a mu­lher como com­ple­mento. Este é aliás trans­mi­tido de ge­ra­çom em ge­ra­çom com con­cor­dân­cias in­ter­cul­tu­rais”. A psi­co­te­ra­peuta in­dica que, ape­sar de es­tar a mu­dar o pa­ra­digma nas no­vas fa­mí­lias so­bre as ta­re­fas do­més­ti­cas ou o ho­mem como prin­ci­pal sus­tento “os mi­cro­ma­chis­mos es­tám ainda muito pre­sen­tes e para isso é fun­da­men­tal des­cons­truir esta masculinidade”. 

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