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As mulheres do 72. Resistência militante.

por
fer­nando ocampo montesino

El pa­pel de las mu­je­res fue im­por­tan­tí­simo […] si el­las se lle­gan a ablan­dar, la cosa se vi­ene abajo, pero no se ablandaron.

Rosa Cal 

Vam alá 50 anos. O 10 de março de 1972, a po­lí­cia fran­quista me­tra­lhou umha ma­ni­fes­ta­çom na qual os obrei­ros re­cla­ma­vam os seus di­rei­tos la­bo­rais, as­sas­si­nando dous tra­ba­lha­do­res (Daniel Niebla e a Amador Rey), cau­sando-lhe fe­ri­das de bala a ou­tros de­za­nove e con­tu­sons a mais de cem. Ferrol pa­rou to­tal­mente, a po­lí­cia to­mou a ci­dade e de­sen­ca­deou-se umha vaga re­pres­siva sem pre­ce­den­tes no tardo-fran­quismo, com 169 pes­soas de­ti­das e tor­tu­ra­das, 80 pro­ces­sa­das polo TOP e 8 pola ju­ris­di­çom mi­li­tar. Ninguém pa­gou nunca por es­tes crimes.

Ferrol sem­pre foi umha ci­dade pro­le­tá­ria. Os es­ta­lei­ros aglu­ti­na­vam o maior nú­mero de tra­ba­lha­do­res e tra­ba­lha­do­ras, mas tam­bém es­tava a Pysbe, a Pemasa, a Megasa, as in­dus­trias téx­til, a cons­tru­çom e muita pe­quena em­presa. Em to­tal, perto de 20.000 operárias.

Em Ferrolterra e Vigo, as zo­nas mais pro­le­ta­ri­za­das do país, as or­ga­ni­za­çons po­lí­ti­cas na clan­des­ti­ni­dade co­bra­vam força, cen­tos de mi­li­tan­tes das CCOO iça­vam o sin­di­cato ver­ti­cal, ga­nhando sis­te­ma­ti­ca­mente as elei­çons e os con­fli­tos su­ce­diam-se desde a dé­cada de 60. Perante isto, a di­ta­dura re­pri­mia bru­tal­mente. Estados de ex­ce­çom, de­ten­çons mas­si­vas, tor­tu­ras, as­sas­si­na­tos e ma­lhei­ras nas ruas fô­rom as prá­ti­cas habituais.

As mu­lhe­res.

Muito se tem fa­lado so­bre os su­ces­sos do 72, mas bem pouco do pa­pel que jo­gá­rom as mu­lhe­res, que vi­nham par­ti­ci­pando de forma muito ativo desde as pri­mei­ras lui­tas obrei­ras, na Pysbe no ano 1967. Na al­tura con­tri­buí­ram à cri­a­çom das CCOO (Gelines Rivera, Josefa Darriba ou Josefina Fernández).

Muito se tem fa­lado so­bre os su­ces­sos do 72, mas bem pouco do pa­pel que jo­gá­rom as mu­lhe­res, que vi­nham par­ti­ci­pando de forma muito ativa desde as pri­mei­ras lui­tas obrei­ras, na Pysbe no ano 1967. Na al­tura con­tri­buí­ram à cri­a­çom das CCOO

Algo mais adi­ante, nos con­fli­tos de Pemasa e Megasa, cons­troem um te­cido so­li­dá­rio de va­lor in­cal­cu­lá­vel; or­ga­ni­za­çom das cai­xas de re­sis­tên­cia, acom­pa­nha­mento às fa­mí­lias re­pres­sa­li­a­das, açons de in­for­ma­çom e sen­si­bi­li­za­çom da ci­da­da­nia… Som Fina Varela, Fina Piñón, Encarna Puentes, Divina Garcia, Maria Garcia, Olga Malde ou Maria Beceiro, Teresa Mandia, Lucita Aneiros, Angelita Fernández, Maria Garcia e Josefa López, as mais de­las mi­li­tan­tes organizadas.

Chega março do 72.

As ex­pe­ri­ên­cias an­te­ri­o­res de­sen­vol­vé­rom as suas ha­be­lên­cias or­ga­ni­za­ti­vas. Voltárom a te­cer as re­des ne­ces­si­ta­rias para sus­ter, para ga­ran­tir a man­tença, para acom­pa­nhar… e para par­ti­ci­par di­re­ta­mente nas mo­bi­li­za­çons e nos pi­que­tes. Começa o que vai ser o Movimento Democrático de Mulheres (MDM).

O dia 9 de março: mu­lhe­res den­tro e fora do estaleiro.

Dentro, as que tra­ba­lha­vam na co­zi­nha e no co­me­dor da Bazám, que se su­má­rom à luita. Fora con­cen­trá­rom-se as de­mais. Após a carga con­tra os obrei­ros, elas ar­ran­cá­rom em ma­ni­fes­ta­çom, in­for­mando do que es­tava a acontecer.

Os obrei­ros mais sig­ni­fi­ca­dos nom pui­dé­rom ir ás suas ca­sas e fô­rom aco­lhi­dos por ou­tras mu­lhe­res, sem mi­li­tân­cia mas muito so­li­da­rias, como a Susa Sanjurjo. Sem elas, to­dos es­ta­riam de­ti­dos nesse dia.

O dia 10 de março de 1972.

As mi­li­tan­tes já ci­ta­das, junto com tra­ba­lha­do­ras das co­zi­nhas do es­ta­leiro (Elisa Penabad, Maruja López ou Josefa Freire), com al­gumhas ou­tras (Maria Loureiro, Dolores Montero, Ánxela Loureiro, Fina Freijomil ou Mela Valcárcel), di­vi­dí­rom-se para ir à ma­ni­fes­ta­çom e or­ga­ni­zar pi­que­tes in­for­ma­ti­vos, pe­dindo o fe­cho dos co­mér­cios, o paro dos au­to­car­ros e a so­li­da­ri­e­dade da cidadania.

Quando se pro­du­ziu o me­tra­lha­mento, no meio da con­fu­som, or­ga­ni­zá­rom-se. Fôrom aos cen­tros sa­ni­tá­rios, a que se pre­pa­ra­ram para aten­der as pes­soas; de cen­tro em cen­tro para iden­ti­fi­car os fe­ri­dos. Depois fô­rom em ma­ni­fes­ta­çom cara ao cen­tro, de­nun­ci­ando os as­sas­si­na­tos e pe­dindo solidariedade.

A re­pres­som caiu so­bre to­das elas.

A pri­meira de­tida foi a Fina Varela, nesse mesmo dia, na ma­ni­fes­ta­çom. Foi o co­meço da vaga. Nos dias se­guin­tes fô­rom de­ti­das na Corunha Victoria e Celsa Diaz Cabanela. Depois, Mela Valcárcel, Sari Alabau, Marisa Melón, Rosa Miguélez e Irene Piñeiro.

Fina, Sari e Mela re­sul­tam im­pu­ta­das no “su­ma­rio dos 23”. Junto com Victoria, bo­tam dous me­ses no cár­cere. No juízo saem ab­sol­vi­das, me­nos Mela que é con­de­nada a um ano, por ter­ro­rismo. O resto das de­ti­das saem em li­ber­dade. A Maruja Fernandez e Maria Loureiro pe­dem-lhes dous me­ses de ar­resto maior e multa. Manola López e Divina Garcia som multadas.

Outras vem-se na obriga de mar­char ao exí­lio com os seus com­pa­nhei­ros, pen­den­tes de um con­se­lho de guerra. Som Angelita Fernández, Marisol Novás e Fina Freijomil. Botam até 1976.

As mais de­las so­frem o acosso per­ma­nente da po­lí­cia. Carros vi­si­tando de con­tí­nuo as suas ca­sas, re­gis­tos no do­mi­ci­lio quase a diá­rio, ameaças…

As mais de­las so­frem o acosso per­ma­nente da po­lí­cia. Carros vi­si­tando con­ti­nu­a­mente as suas ca­sas, re­gis­tos no do­mi­ci­lio quase a diá­rio, ame­a­ças, pre­sons so­bre o em­pre­sa­ri­ado para as des­pe­di­rem ou nom lhes dar trabalho.

Também mal­trato às cri­an­ças, atra­vés, do bal­bordo nos re­gis­tos, do medo, do feito de ver os pais tor­tu­ra­dos. O es­tresse fixo en­fer­mar a mais de umha. Na es­cola, al­gumhas som agre­di­das, hu­mi­lha­das em pú­blico e des­qua­li­fi­cando-as, por pro­fes­so­rado “afeto”.

A tri­pla jor­nada de trabalho

Os tra­ba­lhos da casa eram imen­sas. Nais de fa­mí­lia nu­me­rosa, sem la­va­dora, por ve­zes sem co­zi­nha de gás, al­gumhas sem água cor­rente. Tempo e es­forço mul­ti­pli­ca­dos pola es­cas­seza. Algumhas (as me­nos) ti­nham em­prego. O resto fa­ziam tra­ba­lhos por en­cargo (cos­tura, cal­ceta, bor­dado…), iam à mar, apa­nhar bi­val­vos para ven­de­rem, ou tra­ba­lha­vam a terra, todo sem po­de­rem cotizar. 

A esta du­pla jor­nada de tra­ba­lho so­ma­vam a mi­li­tân­cia. As reu­ni­ons, a ela­bo­ra­çom de do­cu­men­tos, a im­pres­som e dis­tri­bui­çom de pro­pa­ganda, a or­ga­ni­za­çom das cai­xas de re­sis­tên­cia. umha cheia de ho­ras e de ener­gias às que lhe ha­via que so­mar as vi­si­tas aos cár­ce­res; ho­ras de vi­a­gem, ho­ras a co­zi­nha­rem de vés­pera, para lhes le­var co­mida… e a tris­tura de deixá-los ali ao marcharem.

Os re­co­nhe­ci­men­tos

No ano 2018, o Concelho de Ferrol de­di­coul o dia 8 de março às mu­lhe­res do 72. Merecidíssima mulherenagem. 

Asemade al­guns li­vros fa­lando de­las, es­cri­tos por mu­lhe­res coma Fina Feal e Bea Varela; Lorena Bustabad; Ánxela Loureiro.

Também al­gumhas re­por­ta­gens, de Sandra Rego, e Rebeca Collado, e um do­cu­men­tá­rio, de Marta Corral.

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