El papel de las mujeres fue importantísimo […] si ellas se llegan a ablandar, la cosa se viene abajo, pero no se ablandaron.
Rosa Cal
Vam alá 50 anos. O 10 de março de 1972, a polícia franquista metralhou umha manifestaçom na qual os obreiros reclamavam os seus direitos laborais, assassinando dous trabalhadores (Daniel Niebla e a Amador Rey), causando-lhe feridas de bala a outros dezanove e contusons a mais de cem. Ferrol parou totalmente, a polícia tomou a cidade e desencadeou-se umha vaga repressiva sem precedentes no tardo-franquismo, com 169 pessoas detidas e torturadas, 80 processadas polo TOP e 8 pola jurisdiçom militar. Ninguém pagou nunca por estes crimes.
Ferrol sempre foi umha cidade proletária. Os estaleiros aglutinavam o maior número de trabalhadores e trabalhadoras, mas também estava a Pysbe, a Pemasa, a Megasa, as industrias téxtil, a construçom e muita pequena empresa. Em total, perto de 20.000 operárias.
Em Ferrolterra e Vigo, as zonas mais proletarizadas do país, as organizaçons políticas na clandestinidade cobravam força, centos de militantes das CCOO içavam o sindicato vertical, ganhando sistematicamente as eleiçons e os conflitos sucediam-se desde a década de 60. Perante isto, a ditadura reprimia brutalmente. Estados de exceçom, detençons massivas, torturas, assassinatos e malheiras nas ruas fôrom as práticas habituais.
As mulheres.
Muito se tem falado sobre os sucessos do 72, mas bem pouco do papel que jogárom as mulheres, que vinham participando de forma muito ativo desde as primeiras luitas obreiras, na Pysbe no ano 1967. Na altura contribuíram à criaçom das CCOO (Gelines Rivera, Josefa Darriba ou Josefina Fernández).
Muito se tem falado sobre os sucessos do 72, mas bem pouco do papel que jogárom as mulheres, que vinham participando de forma muito ativa desde as primeiras luitas obreiras, na Pysbe no ano 1967. Na altura contribuíram à criaçom das CCOO
Algo mais adiante, nos conflitos de Pemasa e Megasa, constroem um tecido solidário de valor incalculável; organizaçom das caixas de resistência, acompanhamento às famílias repressaliadas, açons de informaçom e sensibilizaçom da cidadania… Som Fina Varela, Fina Piñón, Encarna Puentes, Divina Garcia, Maria Garcia, Olga Malde ou Maria Beceiro, Teresa Mandia, Lucita Aneiros, Angelita Fernández, Maria Garcia e Josefa López, as mais delas militantes organizadas.
Chega março do 72.
As experiências anteriores desenvolvérom as suas habelências organizativas. Voltárom a tecer as redes necessitarias para suster, para garantir a mantença, para acompanhar… e para participar diretamente nas mobilizaçons e nos piquetes. Começa o que vai ser o Movimento Democrático de Mulheres (MDM).
O dia 9 de março: mulheres dentro e fora do estaleiro.
Dentro, as que trabalhavam na cozinha e no comedor da Bazám, que se sumárom à luita. Fora concentrárom-se as demais. Após a carga contra os obreiros, elas arrancárom em manifestaçom, informando do que estava a acontecer.
Os obreiros mais significados nom puidérom ir ás suas casas e fôrom acolhidos por outras mulheres, sem militância mas muito solidarias, como a Susa Sanjurjo. Sem elas, todos estariam detidos nesse dia.
O dia 10 de março de 1972.
As militantes já citadas, junto com trabalhadoras das cozinhas do estaleiro (Elisa Penabad, Maruja López ou Josefa Freire), com algumhas outras (Maria Loureiro, Dolores Montero, Ánxela Loureiro, Fina Freijomil ou Mela Valcárcel), dividírom-se para ir à manifestaçom e organizar piquetes informativos, pedindo o fecho dos comércios, o paro dos autocarros e a solidariedade da cidadania.
Quando se produziu o metralhamento, no meio da confusom, organizárom-se. Fôrom aos centros sanitários, a que se prepararam para atender as pessoas; de centro em centro para identificar os feridos. Depois fôrom em manifestaçom cara ao centro, denunciando os assassinatos e pedindo solidariedade.
A repressom caiu sobre todas elas.
A primeira detida foi a Fina Varela, nesse mesmo dia, na manifestaçom. Foi o começo da vaga. Nos dias seguintes fôrom detidas na Corunha Victoria e Celsa Diaz Cabanela. Depois, Mela Valcárcel, Sari Alabau, Marisa Melón, Rosa Miguélez e Irene Piñeiro.
Fina, Sari e Mela resultam imputadas no “sumario dos 23”. Junto com Victoria, botam dous meses no cárcere. No juízo saem absolvidas, menos Mela que é condenada a um ano, por terrorismo. O resto das detidas saem em liberdade. A Maruja Fernandez e Maria Loureiro pedem-lhes dous meses de arresto maior e multa. Manola López e Divina Garcia som multadas.
Outras vem-se na obriga de marchar ao exílio com os seus companheiros, pendentes de um conselho de guerra. Som Angelita Fernández, Marisol Novás e Fina Freijomil. Botam até 1976.
As mais delas sofrem o acosso permanente da polícia. Carros visitando de contínuo as suas casas, registos no domicilio quase a diário, ameaças…
As mais delas sofrem o acosso permanente da polícia. Carros visitando continuamente as suas casas, registos no domicilio quase a diário, ameaças, presons sobre o empresariado para as despedirem ou nom lhes dar trabalho.
Também maltrato às crianças, através, do balbordo nos registos, do medo, do feito de ver os pais torturados. O estresse fixo enfermar a mais de umha. Na escola, algumhas som agredidas, humilhadas em público e desqualificando-as, por professorado “afeto”.
A tripla jornada de trabalho
Os trabalhos da casa eram imensas. Nais de família numerosa, sem lavadora, por vezes sem cozinha de gás, algumhas sem água corrente. Tempo e esforço multiplicados pola escasseza. Algumhas (as menos) tinham emprego. O resto faziam trabalhos por encargo (costura, calceta, bordado…), iam à mar, apanhar bivalvos para venderem, ou trabalhavam a terra, todo sem poderem cotizar.
A esta dupla jornada de trabalho somavam a militância. As reunions, a elaboraçom de documentos, a impressom e distribuiçom de propaganda, a organizaçom das caixas de resistência. umha cheia de horas e de energias às que lhe havia que somar as visitas aos cárceres; horas de viagem, horas a cozinharem de véspera, para lhes levar comida… e a tristura de deixá-los ali ao marcharem.
Os reconhecimentos
No ano 2018, o Concelho de Ferrol dedicoul o dia 8 de março às mulheres do 72. Merecidíssima mulherenagem.
Asemade alguns livros falando delas, escritos por mulheres coma Fina Feal e Bea Varela; Lorena Bustabad; Ánxela Loureiro.
Também algumhas reportagens, de Sandra Rego, e Rebeca Collado, e um documentário, de Marta Corral.