Há mais de 30 anos que andas a espalhar a música galega polo mundo fora. Como avalias a tua evoluçom como música ao longo deste tempo?
Antes preocupava-me mais com o artifício, e creio que ao longo destes anos fum buscando todo o contrário. Cada vez vou tentando que a voz tenha mais protagonismo e que os instrumentos estejam ao seu serviço. Tem que haver verdade na música e na voz, e também naquilo que queres transmitir.
Despois de subires a cenários de todo o mundo e levares a cabo tantos projetos como o Cantos na Maré, que dirias a aqueles que ainda subestimam o papel da mulher na música galega?
As mulheres fôrom transmissoras de toda a sabedoria musical de jeito oral e principalmente assumírom esse papel e depois fôrom criadoras ao longo de todo este tempo. Som fundamentais e diria que também tenhem desempenhado um papel mui grande em todos estes últimos anos. Nestes momentos, as mulheres temos um papel mui relevante na inovaçom e na originalidade das propostas, no risco e na valentia. Creio que a grande revoluçom virá pola mao das mulheres e espero que seja no século XXI. A injustiça e a violência machista nom deixam que as nossas ás medrem, e temos que luitar para ser mais livres e mais nossas.
As mulheres fôrom transmissoras de toda a sabedoria musical de jeito oral e principalmente assumírom esse papel e depois fôrom criadoras ao longo de todo este tempo
Havendo tantas mulheres músicas e com projetos na Galiza, como podemos acabar de vez com esta invisibilidade?
Creio que o segredo está fundamentalmente na nossa cumplicidade. Devemos entender que se nos juntamos, realmente podemos achegar outra olhada do mundo e essa pode ser umha das saídas. Felizmente, isto já se dá de forma natural, já que somos todas bastante amigas, entendemo-nos bem e há muita cumplicidade e amizade. Eu procuro aprender de todas as minhas companheiras. A algumhas tocou-nos pelejar um pouco para sermos mais visíveis e outras tenhem esse caminho um pouco mais difícil, mas temos que impulsar o nosso discurso próprio e visibilizar a autoria das nossas cançons e mostrarmo-nos mui orgulhosas do que fazemos.
Qual dirias que é a nossa realidade?
Há um viveiro enorme, e temos que ter em consideraçom o que está por vir e o que está aí latente. Por isto há que empoderar-se e tomar consciência do valor próprio e nom estar ao serviço do discurso patriarcal, mas do nosso como mulheres. Estamos falando dum espaço tam enorme das mulheres que quem nom o veja assim ou está cego ou nom conhece bem a realidade musical galega. Penso que é de justiça valorizar o trabalho de todas e cada umha de nós.