O projeto de construçom das Percebeiras, em Labanhou, é para as habitantes deste bairro corunhês um ataque “ao último lugar aberto da cidade da Corunha”.
A OMS recomenda 15 metros quadrados de zona verde por habitante, e na Corunha, a pesar de que melhorou os seus dados desde o ano 2008, contam apenas com 10. Ao mesmo tempo, conta com 6400 habitantes por quilómetro quadrado numha extensom de pouco mais de 33. Subir ao parque de San Pedro, com umha vista privilegiada de toda a cidade, evidencia esta elevada densidade populacional e a falta de parques: edifícios que crescem como cogumelos cá e lá, com apenas espaço entre eles. Contodo, cara à esquerda desta vista, justo à frente da Torre de Hércules, há um pequeno pedaço de terra que respira no meio da urbe. Situado na curva de Riazor, o campo das Percebeiras, em Labanhou, resiste com as suas edificaçons antigas e vistas abertas ao mar graças a um solar livre de edifícios desde onde se vê até o famoso faro corunhês. Porém, um projeto da mao de Metrovacesa, busca construir nesta parcela, a pesar de que já em 2017 foi rechaçado inicialmente o projeto por contar com construçons demasiado altas para esta zona.
Um bairro vivo
“Este solar leva aqui desde sempre, e é onde a gente do bairro fijo e fai a sua vida”, conta Pablo Leira, vizinho e secretário da Associaçom de Vizinhos de Labanhou. “No ano 85 havia algumha vivenda pequeninha, mas ao longo dos diferentes planos gerais de ordenaçom municipal foi aumentando a edificabilidade até chegar em 2013 à que está agora, que som 60 mil metros quadrados”, conta Leira. Para a Asaociaçom, como para a vizinhança em geral, o problema de edificar nesta zona radica, em primeiro lugar, em que construir no solar prédios tam altos taparia o bloco de casas conhecido como Grupo Maria Pita, situadas justo detrás do terreno pensado para o projeto urbanístico. Os do Grupo Maria Pita fôrom construídos nos anos 60, quando o bairro estava “no meio da nada”. Segundo Leira, a cidade “foi-no absorvendo até agora, que se transformou numha zona totalmente urbanizada” onde querem dar forma a este projeto.
“Este solar leva aqui desde sempre, e é onde a gente do bairro fai a sua vida”, conta Pablo Leira, secretário da associaçom de vizinhas de Labanhou
“O plan atual consta de doze blocos de edifícios de até catorze andares que tapariam todo o Grupo Maria Pita, que ademais ficariam totalmente em sombra”, denuncia o secretário da Associaçom. Ainda que a respeito do projeto frenado em 2017 neste a construçom é menor, segue a ser “mui elevada para a zona”.
Em meados de dezembro de 2020, por outra banda, o projeto tivo de súpeto um informe meio-ambiental positivo, ainda que condicionados a que se efetuem umha série de mudanças. Porém, da Associaçom denunciam que a avaliaçom por parte da Conselharia de Meio Ambiente, Território e Habitaçom fijo-se por meio dum procedimento simplificado. “Preferimos nom dizer mais até sair no DOG, mas estamos mui surpreendidos que num projeto similar ao que se presentou no ano 2017 a Junta em vez de tramitar o projeto pola via ordinária, abrevia tramitando‑o por via simplificada”, denuncia Leira. “Nom vemos nengumha diferença entre este projeto e o de 2017”, acrescenta.
“Estamos mui surpreendidos com que num projeto bem similar ao que se apresentou no ano 2017, a Junta, em vez de tramitar o projeto por via ordinária, abrevia tramitando‑o por via simplificada”
O projeto conta com edificar 12 edifícios de 14, 11 e 8 alturas, dos quais um 40% seriam para vivendas de proteçom oficial. “É certo que há um 40 por cento de vivenda protegida no plano especial. Nós nom estamos contra as vivendas protegidas, estamos a favor e pensamos que há um problema com o aluguer na cidade, mas há outras maneiras de construir estas vivendas sem ter que edificar nesta parcela privilegiada”, argumenta Leira. “Para começar, na cidade há 20.000 habitaçons vazias e, por exemplo, aqui ao lado temos umhas vivendas novas que som as que estám construídas sobre antigo bairro de Sam Roque de Fora. Se miras os preços em qualquer página vês que som mui elevados, bem longe do que umha pessoa media pode permitir-se”, continua Leira.
A chave para Leira e o resto da vizinhança é que “com outras políticas de vivenda a cidade poderia crescer doutra forma”, protegendo estas zonas históricas e naturais. A todo isto, engade-se que, na realidade, o projeto incumpre as normas do PXOM. “O plano geral protege a vista desde a Avenida de Labanhou. Na ficha detalhada do PXOM pom que desde essa avenida tem-se que ver a Torre de Hércules, e no caso de se construir onde pretendem, taparám a vista, polo que nom cumpre a Lei de proteçom do litoral e a Lei da paisagem que som normativa de aplicaçom direta”, denuncia Leira. Ademais, a vecinhança assegura que nom é certo que quase a metade do projeto urbanístico estaria destinado a zonas verdes, já que só entrariam 8000 metros quadrados do total, menos dumha quinta parte. “Por outra banda, nom basta dizer que estám a seguir a legalidade, porque o concelho e o governo tenhem a obriga de buscar soluçons para os e as cidadás”.
Um parque urbano para proteger a zona e melhorar as zonas verdes da cidade
Para a vecinhança, a única soluçom real seria desbotar o projeto de construçom de edifícios altos —que ademais provocaria um grande impacto visual para a cidade— e aprovar o que a gente do bairro quer de verdade. Isto é, um parque urbano céntrico. “Este é o único espaço vazio em toda a baía da Corunha, polo que a proposta da associaçom vizinhal seria a de criar um parque urbano, já que todos os parques corunheses ficam longe do centro da cidade e na Corunha há mui poucos”, comenta Leira.
O projeto conta com edificar 12 edifícios de 14, 11 e 8 alturas, dos quais um 40% seriam para vivendas de proteçom oficial. “Nós nom estamos contra as vivendas protegidas, pensamos que há um problema com o aluguer na cidade, mas há outras maneiras de construir estas vivendas”, expom Leira, quem lembra que há na cidade umhas 20.000 habitaçons vazias
O que parece claro é que as vizinhas e vizinhos de Labanhou pensam seguir a luitar polo seu bairro, pola sua vista, e porque se escuitem as suas reivindicaçons. “É evidente que precisamos zonas verdes e estas zonas verdes nom se conseguem de casualidade”, comenta Leira. “Antes bem tenhem que vir de decisons políticas e obter estes terrenos para a cidadania, procurando e encontrando soluçons que contentem em primeiro lugar às pessoas que vivem na zona”, remata.
Neste momento, o solar de Labanhou segue a resistir, com a Torre de Hércules como testemunha das mudanças que se vivem na cidade, enquanto a vizinhança de Labanhou canta que elas “nom querem pelouros”, senom que querem que as deixem “sentir o sol” sem edifícios de por meio. E esperam que nom chegue o dia em que a gente que suba até o monte de Sam Pedro se pergunte por que toda a cidade está assolada de construçons, sem nem sequer umha soa zona liberada.