
Andrea Pérez é integrante das Brassica Rapa, umha ‘brass band’ feminina nascida em 2018 que se estreou nas festas da Rua de Abaixo de Compostela.
Como cruzades camimho as Brassica Rapa?
Eu procurava músicas com as quais levar a cabo o projeto. Falei com algumhas moças que já conhecia e que achava que iam encaixar bem, elas falárom-me doutras que comheciam e aos poucos fomos completando a formaçom.
Quando surge a ideia de juntar-vos para tocar?
Algumhas já tinham na cabeça a ideia de fazer algumha cousa do estilo. Num começo propugem-lhes formar um grupo de rua de mulheres, umha mistura entre charanga e big band, e elas gostárom da ideia. Umhas quantas estávamos já cansas do machismo que encontrávamos muitas vezes nas charangas. Na maioria delas nom há quase mulheres. Queríamos mudar isso. Começamos sendo seis, ensaiando aos poucos. Quando se unírom as duas que faltavam ganhamos em emoçom e começamos a trabalhar mais.
Na Galiza som habituais as charangas, há similitudes com as ‘big band’ galegas?
Realmente umha brass band é umha versom americana das charangas que conhecemos. O formato é muito similar, e o que muda quiçá é o estilo de repertório. As charangas estám mui associadas a merengues e passo-dobres. Nós quigemos fugir um pouco disso e fazer outro tipo de repertório. Variado e conhecido, aliás.
Reivindicades o grelo como símbolo.
O nome do grelo está bastante ligado ao clítoris para as pessoas lusófonas. Mesmo até há nom muito tempo Google fazia essa traduçom do galego. Ademais disto, o nome em latim Brassica rapa leva o brass de brass band. Todo isso, somado a que o grelo é um produto do país, pois já tínhamos o nome perfeito. Foi ocorrência da nossa tubista e todas gostamos.
Como sentides o processo de tomar as festas no cenário? Foi complexo ocupar esse espaço?
A verdade é que a oferta para o nosso primeiro concerto foi pouco depois de começar a fazer-nos ver nas redes, assim que neste caso nom o sentimos assim. A ver a partir de agora…
Continuam a percussom e o vento metal a ser instrumentos muito masculinizados ou é que há pouca visibilizaçom de músicas nos cenários?
Pode que ambas as duas cousas. Resultou mais complicado do esperado encontrarmos mulheres para completar a formaçom. É certo que a cada vez há menos barreira de género para escolher instrumento, mas segue a haver poucas mulheres que toquem a tuba, a trompeta ou mesmo a bateria. Ainda seguem a dizer-nos que “tocamos instrumentos de chicos”. No cenário acontece algo similar. A pesar de que nos últimos anos aumentárom a quantidade de agrupaçom femininas, algo maravilhoso, nom há mais que ver os cartazes dos festivais galegos para comprovar que há umha maioria nos quais a presença masculina duplica, ou mesmo triplica, a feminina. Acho que é necessária umha toma de consciência nas pessoas, de que nem os instrumentos nem os tipos de agrupaçom tenhem género, e que os festivais promovam que haja o mesmo número de músicas e músicos no cenário.