
Disque as crises som oportunidades e, assim sendo, som-no para todos os discursos. Novos cenários abrem-se para quem oprime e para quem sofre a opressom.
Por parte do poder estatal a expressom mais esclarecedora do reforço que está a experimentar nas suas dinâmicas de repressom e controle som as conferências de imprensa com militares perante as câmaras, as ruas em maos da polícia e da lei da mordaça, e mesmo as denominadas ‘polícias de balcom’ que incorporam novos olhos ao panóptico em que se convertérom as nossas cidades e vilas.
Por outro lado, também para a extrema-direita –parte do poder que se encontra em pugna perpétua por liderar o controle social– está a ser este um momento de oportunidades, intensificando a sua campanha desinformativa polas redes sociais.
Da parte das classes populares este momento pode ajudar a abrir perspetivas e ampliar o imaginário do possível. Se nesta crise viu-se que o estado pode intervir residências ou regular o preço das máscaras, porque nom reivindicar a intervençom de setores fundamentais para a vida das pessoas como a habitaçom, parasitada desde há anos pola especulaçom? A crise ensina-nos que defender a vida é o fundamental. Por um lado, através da conformaçom de redes de apoio mútuo e práticas de autogestom popular e, por outro, através de reivindicaçons políticas radicais fundamentadas na defesa dos direitos sociais de todas as pessoas, como podem ser umha renda básica universal, a regularizaçom das pessoas migrantes ou a defesa de um sistema de saúde universal.
O que fica claro nesta crise é que nom vamos voltar à velha normalidade, umha realidade que era já opressiva, violenta e excludente. Esta crise há deixar ainda um panorama mais demoledor e provavelmente as margens da exclusom social se alarguem. A “nova normalidade”, termo que já está a ser utilizado polos gestores da crise, terá de trazer também umha anovada consciência da vida e do comum para poder continuar no caminho de umha sociedade mais justa