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Contámos à cativada o que nunca encontrariam no canal Boing”

por
Tropa de Trapo

Há dez anos, Marta e Brais co­me­çá­rom a con­tar con­tos às cri­an­ças quer nas ca­sas ou na rua. Em pouco tempo, já su­biam aos ce­ná­rios como Tropa de Trapo, onde apro­vei­ta­vam o mi­cro­fone para trans­for­mar o mundo da criançada. 

Muitas das vos­sas atu­a­çons som em cen­tros de en­sino, que te­mas tra­ta­des nos vos­sos espetáculos?

Marta: Desde o co­meço, tra­ta­mos a in­ter­cul­tu­ra­li­dade, co­nhe­cer as di­fe­ren­tes cul­tu­ras para po­der apre­ciá-las e, evi­den­te­mente, tam­bém a nossa. Centrámo-nos nos va­lo­res que nos pa­re­cem im­por­tan­tes para apro­vei­tar essa opor­tu­ni­dade de fa­lar di­ante de muita gente. É algo mui es­sen­cial para nós, tendo em conta que tra­ba­lha­mos com cri­an­ças de pri­má­ria e secundária.

Brais: Nos con­tos de Antia e Wamba tra­ta­mos as re­la­çons en­tre a Europa e a África. A nossa pre­ten­som é a de lhe dar a volta ás re­la­çons de de­pen­dên­cia e es­ta­be­le­cer exem­plos que poi­dam ser mui grá­fi­cos para os e as pequenas.

Por que é im­por­tante um pro­jeto assim?

Brais: Pola opor­tu­ni­dade de tra­tar es­tes te­mas desde a nossa cul­tura e o nosso idi­oma. Há anos que con­ta­mos con­tos ás cri­an­ças do país e isso é umha res­pon­sa­bi­li­dade. Contámos-lhe à ca­ti­vada isso que nom sai no ca­nal Boing e que nom sairá. Podemos ser um al­ti­fa­lante de todo o que nom lhes chega com fa­ci­li­dade e isso é mui im­por­tante. Nos cen­tros edu­ca­ti­vos vam to­das e to­das os ca­ti­vos polo qual che­ga­mos a mui­tas cri­an­ças. Isso é fun­da­men­tal neste projeto.

Cumprides 10 anos no ce­ná­rio, como foi mu­dando Tropa de Trapo?

Marta: Na parte téc­nica ti­ve­mos que tra­ba­lhar as nos­sas ca­rên­cias e abrirmo-nos a ou­tras dis­ci­pli­nas. Antes tra­ba­lhá­va­mos a ora­li­dade e a mú­sica, mas agora tam­bém fa­ze­mos te­a­tro com ob­je­tos. Experimentamos. Também tra­ba­lha­mos com as téc­ni­cas do te­a­tro da opri­mida para fa­zer es­sas im­pro­vi­sa­çons em que as pes­soas po­dem in­ter­vir numha obra em mar­cha. Rachamos as fron­tei­ras do es­paço e o ce­ná­rio é todo o auditório.

Brais: É im­pres­si­o­nante ver como um grupo de 700 ne­nas e ne­nos de­ba­tem en­tre si.

Percebedes a mu­dança no pú­blico também?

Brais: Mudou o stresse na es­cuita, algo que de­pende muito da zona onde vaias. Influi em as­pe­tos como o ritmo nar­ra­tivo, tens de ir re­cor­tando para con­se­guir que a tua pro­posta seja ágil a todo o mo­mento sem po­der de­cair. A lin­gua­gem tam­bém é mais au­di­o­vi­sual e ime­di­ata. Tens que ter em conta isto para po­der en­trar-lhes, mas de­pois en­gan­cham e re­des­co­brem a ma­gia. Nom som se­res es­tra­nhos, con­ti­nuam a ser ne­nas e nenos.

Marta: As cri­an­ças de­vem ex­pe­ri­men­tar, é algo pró­prio de­las, por isso o nosso pro­jeto tam­bém é umha volta ao sin­gelo. Questionamos o con­su­mismo e pro­mo­ve­mos o uso res­pon­sá­vel das cou­sas atra­vés do tra­ba­lho com ins­tru­men­tos re­ci­cla­dos, com ma­te­rial de re­fu­ga­lho. Também co­lhe­mos cou­sas que po­dem es­tar no lixo para cons­truir ima­gens e con­tar um conto. Se fas his­tó­rias com ele­men­tos quo­ti­di­a­nos, po­des en­cher-te de ma­gia e ver ou­tros mundos.

O que vê no ho­ri­zonte a Tropa de Trapo?

Marta: Queremos con­ti­nuar a tra­ba­lhar no fe­mi­nismo e igual­dade, um tema em que es­ta­mos apro­fun­dar e tra­tar nos cen­tros edu­ca­ti­vos. Além disso, há um pro­jeto em mar­cha que fago com Sofía Espiñeira, Matrioshkas, que aborda como den­tro de cada mu­lher há ou­tras mu­lhe­res que houvo an­tes. Queremos ar­ran­car com ele em ou­tono e é pos­sí­vel que em fi­nais de ve­rao já fa­ga­mos al­gumha estreia.

Brais: No nosso ho­ri­zonte tam­bém está a co­o­pe­ra­tiva Charlatana, na qual es­ta­mos com Blues do País e Peter Punk com Eva Triñanes como ges­tora. Tratamos de so­bre­vi­ver fa­zendo com que o nosso tra­ba­lho nos per­tença to­tal­mente, sem des­li­gar os pro­je­tos da nossa pers­pe­tiva. Por exem­plo, Peter Punk mais eu es­ta­mos a tra­ba­lhar num con­certo punk in­fan­til! É ar­ris­cado, mas de nom ser por a co­o­pe­ra­tiva, por este tra­ba­lho nosso, se­ria possível?

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