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Cooperativas de faturaçom: unha alternativa ao regime de autónomas?

por
carla trin­dade

Vivemos na era da fre­e­lance. Quase sem im­por­tar o se­tor, cada vez som mais as em­pre­sas que de­ci­dem subs­ti­tuir as suas em­pre­ga­das por tra­ba­lha­do­ras in­de­pen­den­tes, alheias à com­pa­nhia. Mao-de-obra sem be­ne­fí­cios la­bo­rais que se vê obri­gada a acei­tar es­sas con­di­çons quer para po­der op­tar a umha oferta de tra­ba­lho, quer para con­ser­var o seu posto. E, en­tre­tanto, o re­gime de au­tó­no­mas con­ti­nua a ser ina­ces­sí­vel para a mai­o­ria de pro­fis­si­o­nais e as ini­ci­a­ti­vas de em­pre­en­di­mento re­sul­tam tra­va­das po­las quo­tas mais al­tas da Uniom Europeia.

Nesse con­texto, as co­o­pe­ra­ti­vas de fa­tu­ra­çom es­tám a se con­ver­ter numha al­ter­na­tiva co­mum para as tra­ba­lha­do­ras in­de­pen­den­tes e os pe­que­nos ne­gó­cios. A re­a­li­dade é que ainda se trata de umha op­çom bas­tante des­co­nhe­cida e que gera des­con­fi­ança, mas nos úl­ti­mos anos pro­li­fe­ram e cres­cem em nú­mero de sócias.

Apesar do seu nome, a mai­o­ria des­tas “co­o­pe­ra­ti­vas” fun­ci­o­nam em re­a­li­dade como es­cri­tó­rios de ges­to­res e nom como ver­da­dei­ras co­o­pe­ra­ti­vas. Há co­o­pe­ra­ti­vas se­to­ri­ais: para jor­na­lis­tas, de­se­nha­do­ras, ar­tis­tas, etc; e tam­bém de ca­rá­ter ge­ne­ra­lista pen­sa­das para todo o tipo de freelancers.

O que per­mi­tem é fa­tu­rar um tra­ba­lho e emi­tir umha fa­tura sem ter que es­tar re­gis­tada no re­gime de au­tó­no­mas. O fun­ci­o­na­mento é sim­ples, só há que pa­gar umha quota de ins­cri­ção de só­cia, e, após su­pe­rado este trá­mite, avi­sar quando vá ser re­a­li­zado um tra­ba­lho. A co­o­pe­ra­tiva ins­creve a tra­ba­lha­dora, assegurando‑a, e, a troca, fica com umha per­cen­ta­gem do to­tal do fa­tu­rado, que os­cila en­tre 4% e 7%. A re­la­çom com a co­o­pe­ra­tiva re­mata aqui, até a se­guinte fa­tu­ra­çom, se a houver.

Estas 'cooperativas' permitem emitir umha fatura sem ter que estar registada no regime de autónomas

Para Sol Álvarez, de­sig­ner grá­fica e mem­bro do co­le­tivo Barriopías, som umha so­lu­çom “cri­a­tiva” e “tem­po­rá­ria” mas im­pres­cin­dí­vel para as fre­e­lan­cers neste mo­mento. “Para algo pon­tual, au­tó­no­mos nom tem nen­gum sen­tido, e as op­çons que te­mos som ou nom co­brar ou fazê-lo sem fatura”.

No Barriopías mesmo de­ci­dí­rom fa­tu­rar atra­vés de umha co­o­pe­ra­tiva deste tipo nal­gumha oca­siom, já que na­quele mo­mento ainda nom es­ta­vam cons­ti­tuí­das como as­so­ci­a­çom e era o jeito de po­der co­brar le­gal­mente. “Nós es­tá­va­mos a bus­car umha co­o­pe­ra­tiva na Galiza, mas de mo­mento nom existe nen­gumha aqui que ofe­reça este ser­viço”, e por­tanto ti­vê­rom que fazê-lo com umha que ofe­rece este ser­viço para todo o Estado.

Ainda que es­tas co­o­pe­ra­ti­vas se­me­lham mais um re­mendo do que umha so­lu­çom, Álvarez crê que tam­bém po­dem ser o passo pré­vio para a or­ga­ni­za­çom do se­tor: “as co­o­pe­ra­ti­vas de fa­tu­ra­çom te­má­ti­cas aca­bam fa­vo­re­cendo o con­tacto en­tre tra­ba­lha­do­ras”. Por exem­plo, di que as ar­tis­tas plás­ti­cas som “um se­tor sú­per in­di­vi­du­a­lista, mais acos­tu­ma­das a con­cor­rer do que a co­la­bo­rar e no qual cada umha tem as suas pró­prias ta­ri­fas”. Por isso opina que “se ainda que seja por ne­ces­si­dade de fa­tu­ra­çom, con­se­gui­mos criar umha pla­ta­forma aqui na Galiza, po­de­ria aju­dar a co­mu­ni­car-nos, a or­ga­ni­zar-nos em pro­xi­mi­da­des, a re­gu­lar as con­di­çons e a unirmo-nos mais”.

A aposta na eco­no­mia social

Algo pa­re­cido pen­sá­rom as com­pa­nhei­ras de 7H an­tes da sua cri­a­çom, mas de­ci­dí­rom dar um passo mais além. 7H é umha co­o­pe­ra­tiva de tra­ba­lho as­so­ci­ado que tem como ob­je­tivo a cri­a­çom de pro­je­tos, di­ná­mi­cas e ou­tras açons que pro­mo­vam o as­sen­ta­mento da cri­a­çom ar­tís­tica na so­ci­e­dade, as­sim como a re­gu­la­ri­za­çom do se­tor pro­fis­si­o­nal na Galiza.

Nós nom so­mos umha co­o­pe­ra­tiva de fa­tu­ra­çom”, in­siste Clara Rodríguez Cordeiro, umha das suas só­cias, ao ou­tro lado do te­le­fone. “Somos umha co­o­pe­ra­tiva real, com pro­je­tos em co­mum e com uns re­qui­si­tos de en­trada” que neste mo­mento aglu­tina perto de 50 ar­tis­tas de todo o país.

Reconhece que a exis­tên­cia des­tas co­o­pe­ra­ti­vas de fa­tu­ra­çom “ser­viu de ins­pi­ra­çom” e que até há pouco a gente es­tava um pouco con­fusa so­bre o que eram e o que nom. “Quando al­guém nos con­tacta para fa­tu­rar, ex­pli­ca­mos-lhe que nós nom tra­ba­lha­mos as­sim e pas­sa­mos-lhe o con­tacto de al­gumha co­o­pe­ra­tiva de fa­tu­ra­çom que co­nhe­ce­mos e que gos­ta­mos de como trabalham”.

Antes do nas­ci­mento de 7H, al­gumhas das suas agora só­cias fa­tu­ra­vam nes­sas pseu­do­co­o­pe­ra­ti­vas, mas per­ce­bê­rom que se se or­ga­ni­za­vam, elas mes­mas po­de­riam en­car­re­gar-se da ques­tom fis­cal e fazê-lo desde aqui. “Pensamos que se ha­via ou­tra gente, alheia ao se­tor, que vi­via das nos­sas fa­tu­ra­çons, com um pouco de apoio en­tre nós po­de­ría­mos fa­zer algo si­mi­lar e que nos per­mi­tisse tra­ba­lhar no que que­re­mos. Pôr em an­da­mento as si­ner­gias, e, ao mesmo tempo, ser­mos um pouco mais es­per­tas com isto da se­gu­rança so­cial e de­mais, mas em coletivo.”

Da fa­tu­ra­çom à or­ga­ni­za­çom do setor

A Associaçom Músicos ao Vivo en­con­tra-se neste mo­mento num pro­cesso de re­con­ver­som para co­o­pe­ra­tiva de tra­ba­lho as­so­ci­ado. Músicos ao Vivo nas­ceu em 2008 com a in­ten­çom de criar um es­paço em que to­das as ar­tis­tas mu­si­cais da Galiza que to­cam ao vivo con­fluís­sem e pu­des­sem fa­lar das suas ne­ces­si­da­des, algo que desde os tem­pos do Sindicato Galego da Música nos anos 70 e 80 nom existia.

Nas pri­mei­ras jun­tan­ças po­las ci­da­des e vi­las, umha das pro­ble­má­ti­cas que apa­re­cia, e de maior im­por­tán­cia, era o tema da fa­tu­ra­çom dos con­cer­tos já que a al­ter­na­tiva do re­gime de au­tó­no­mos é to­tal­mente in­viá­vel para a mai­o­ria das ar­tis­tas”, ex­plica Manuel Alonso, ge­rente de Músicos ao Vivo. Por isso de­ci­dí­rom ex­plo­rar que ou­tros mo­de­los ha­via no resto do Estado e as­sim co­nhe­cê­rom o mo­delo das co­o­pe­ra­ti­vas ca­ta­lás, Musicat.

Até agora, Músicos ao Vivo, que já conta com mais de 400 só­cias, fa­tura atra­vés da sua irmá maior ca­talá, mas neste mo­mento está-se a tra­ba­lhar para que a as­so­ci­a­çom ga­lega se torne numha en­ti­dade pró­pria em 2018.

A cooperativa inscreve a trabalhadora e, em troca, fica com umha percentagem do total do faturado, que oscila entre 4% e 7%

Primeiro houvo que con­tar com um nú­mero mí­nimo de só­cias fa­tu­rando, tam­bém houvo que ir apren­dendo pouco a pouco so­bre o fun­ci­o­na­mento das co­o­pe­ra­ti­vas”, e, por ou­tro lado, “o pro­ce­di­mento pu­ra­mente bu­ro­crá­tico nom é do­ado, há anos que ti­ve­mos as pri­mei­ras reu­ni­ons com o Conselho Galego de Cooperativas, para es­tu­dar a sua vi­a­bi­li­dade e desde a pró­pria ad­mi­nis­tra­çom nom viam claro este tipo de ini­ci­a­ti­vas e pu­nham-nos bas­tan­tes travas”.

O mo­delo ca­ta­lám é muito mais com­plexo do que agora se está a pre­pa­rar para Galiza, mas é sem dú­vida uma das re­fe­rên­cias em todo o Estado e que leva anos na van­guarda da sin­di­ca­li­za­çom no se­tor musical.

Alonso ex­plica que num prin­cí­pio che­gá­rom a Músicos ao Vivo “as só­cias mais com­pro­me­ti­das”, mas nes­tes úl­ti­mos anos “o tema da fa­tu­ra­çom, junto com os pré­mios Martim Códax, som as ra­zons po­las quais mais se co­nhece a Músicos ao Vivo e gra­ças às quais en­tram no­vas sócias.”

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